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domingo, 2 de maio de 2010

primera biblioteca-parque de Brasil


Río de Janeiro, 29 abr (EFE)- Las autoridades de Río de Janeiro inauguraron hoy la
Rio de Janeiro, 29 abril (EFE) As autoridadesdo Rio de Janeiro inaugurarão hoje a
primera biblioteca-parque de Brasil, un proyecto que beneficiará a unas 100.000
primeira biblioteca-parque do Brasil, um projeto que beneficiará a umas 100.000
personas en una empobrecida región de esta ciudad y que tuvo como inspiración una
pessoas em uma empobrecida região desta cidade e teve como inpiração uma
iniciativa similar en la ciudad colombiana de Medellín, informaron fuentes
iniciativa similar na cidade colombiana de Medellin, informarão influentes
oficiales.
oficiais.

La primera biblioteca-parque del país, con un espacio de 3.300 metros cuadrados,
A primeira biblioteca-parque do país, com um espaço de 3.300 metros quadrados,
cuenta con locales para esparcimiento, una filmoteca, sala de lectura para
conta com locais para espareicimento, filmoteca, sala de leitura para
deficientes visuales, acervo digital de música, sala de cine y de teatro, sala de
deficientes visuais, acervo digital de música, sala de cinema e de teatro, sala de
reuniones, colección convencional con 25.000 libros y una sala con 40 computadores
reuniões, coleção convencional com 25.000 livros e uma sala com 40 computadores
con acceso a internet.
com acesso à internet.

El proyecto, que beneficiará a habitantes de 16 favelas y tuvo un costo de 8,6
O projeto, que beneficiará aos habitantes de 16 favelas e teve um custo de 8,6
millones de reales (unos 4,9 millones de dólares), fue construido por la gobernación
milhões de reais(uns 4,9 milhões de dólares), foi construído pelo governo
del estado de Río de Janeiro en Manguinhos, un suburbio que es considerado uno de
do estado do Rio de Janeiro em Manguinhos, um subúrbio que é considerado um dos
los mayores complejos de barriadas pobres en la ciudad.
maiores complexos de bairros pobres da cidade.

Según el ministro de Cultura de Brasil, Juca Ferreira, que participó en la
Segundo o ministro da Cultura do Brasil, Juca Ferreira, que participou na
inauguración, la iniciativa está inspirada en experiencias de Medellín que
inauguração, a iniciativa está inspirada em experiências de Medellin que
aprovechan el espacio de la biblioteca para ofrecer otras opciones culturales y
aproveitam o espaço da biblioteca para oferecer outras opções culturais e
recreativas.
recreativas.

"La cultura es un derecho de todos los brasileños y el Estado está obligado a
" A cultura é um direito de todos os brasileiros e o Estado está obrigado a
garantizar este derecho. Esta biblioteca podrá estimular y dinamizar la lectura",
garantir este direito. Esta biblioteca poderá estimular e dinamizar a leitrua.",
afirmó el ministro.
afirmou o misnistro.

Ferreira aseguró que el gobierno está planeando incluir bibliotecas- parque en todos
Ferreira assegurou que o governo está planejando incluir bibliotecas-parque em todos
los proyectos urbanísticos que están siendo desarrollados en el país mediante
os projetos urbanísticos que estão sendo desenvolvidos em seu país mediante
acuerdos entre el Ministerio de las Ciudades y los respectivos gobiernos regionales
acordos entre o Ministério das Cidades e os respectivos governos regioanis
o municipales.
ou municipais.

Al menos en Río de Janeiro ya están siendo construidas dos, una en la Rocinha, la
Ao menos no Rio de Janeiro já estão sendo construídas duas, uma na Roçinha,
considerada mayor favela de Brasil, y otra en el Complejo del Alemán, un conjunto de
considerada a maior favela do Brasil, e outra no Complexo do Alemão, um conjunto de
barriadas pobres controlado por bandas de traficantes de drogas y que se ha
bairros pobres controlado por bandos de traficantes de drogas e que se
convertido en uno de los lugares más violentos de la ciudad.
converteu em um dos lugares mais violentos da cidade.


El ministro aseguró que este tipo de espacio cultural puede contribuir, como ocurrió
O ministro assegurou que este tipo de espaço cultural pode contribuir, como ocorreu
en Medellín, a reducir los índices de violencia en Manguinhos, una región en donde
em Medellin, a reduzir os índices de violência em Manguinhos, uma região onde
son constantes los enfrentamientos entre bandas rivales de narcotraficantes.
são constantes os enfrentamentos entre bandos rivais de nacortraficantes.

"Cultura no combina con violencia. La cultura mejora las relaciones humanas. Donde
"Culrura não combina com violência. A cultura melhora as relações humanas. Onde
hay cultura, el índice de violencia es bajo como lo han demostrado experiencias en
há cultura, o índice de violência é baixo como demonstram experiências em
Nueva York y Medellín", agregó.
Nova York e Medellin', afirmou.


La Academia Brasileña de las Letras se comprometió a renovar periódicamente la
A Academis Brasileira de Letras se comprometeu a renovar periodicamente a
colección de la biblioteca-parque mediante donaciones.
coleção da biblioteca-parque mediante doações.

Fuente: http://noticias. terra.com/ articulos/ act2306604/ inauguran_ en_rio_de_ janeiro_bibliote caparque_ inspirada_ en_medellin

Fonte:http://noticias.terra.com/artigos


29 de abril de 2010

Rio de Janeiro ganha primeira Biblioteca-Parque do país Ministério da Cultura investe R$ 2,5 milhões no Complexo Cultural de Manguinhos, além dos R$ 23,5 milhões aplicados em bibliotecas, pontos de cultura, agentes de leitura e demais ações do MinC no estado

Um novo conceito de biblioteca nasceu hoje no país. O ministro da Cultura, Juca Ferreira, e o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, inauguraram nesta quinta-feira, 29 de abril, a primeira biblioteca-parque do Brasil, em Manguinhos, na capital fluminense. O projeto é baseado na experiência colombiana de Medellín, que investe na construção de equipamentos culturais como forma de promover inclusão social.

O Ministério da Cultura investiu R$ 2,5 milhões para equipar a Biblioteca-Parque de Manguinhos. Os recursos do Programa Mais Cultura possibilitaram a construção de um cineteatro, além da aquisição de equipamentos, mobiliário e acervo de 25 mil livros, 800 filmes e três milhões de músicas para audição, dentre outros itens. O equipamento teve investimento total de R$ 8,6 milhões, dos quais R$ 7,4 milhões do Governo Federal e R$ 1,2 milhão da contrapartida do governo do estado.

A Biblioteca-Parque de Manguinhos ocupa 2,3 mil m² do terreno do antigo Depósito de Suprimento do Exército e atenderá a 16 comunidades da Zona Norte do Rio de Janeiro, cuja população soma, aproximadamente, 100 mil habitantes. O local foi totalmente urbanizado e transformado no lugar de maior concentração de equipamentos sociais em uma área carente da cidade, com escola, centro de saúde, complexo esportivo, entre outros.

“Esta não é uma biblioteca que fica esperando o leitor, mas que o convida a entrar”, disse o ministro Juca Ferreira. Também destacou que o MinC já investiu R$ 26 milhões no Rio de Janeiro, em ações de livro e leitura. Os recursos foram aplicados na modernização de 72 bibliotecas, na criação de 139 Pontos de Leitura e 50 Pontos de Cultura, na instalação de 51 Cines Mais Cultura, em 15 bibliotecas comunitárias e na seleção e formação de 200 Agentes de Leitura.

Conceito

A Biblioteca-Parque de Manguinhos faz parte de um novo conceito deste tipo de equipamento cultural que o governo brasileiro começa a implantar. Inspirada no modelo colombiano, é um ambiente de convivência da comunidade. O espaço físico é amplo, com janelas que interligam tanto o prédio internamente quanto com a parte externa, oferecendo lugares para que a comunidade usufrua de fato do local: o acervo está ao alcance do usuário e há poltronas e sofás disponíveis – além de revistas espalhadas por todos os cantos.

Pensando neste novo conceito de biblioteca, o complexo cultural tem ludoteca, filmoteca, sala de leitura para portadores de deficiências visuais, acervo digital de música, cineteatro, cafeteria, acesso gratuito à Internet e uma sala denominada Meu Bairro, para que a comunidade da região faça reuniões.

“Queremos encurtar as distâncias nesta cidade e a cultura é o menor caminho para juntar pontos diferentes”, disse a secretária estadual de Cultura, Adriana Rattes. Ela lembrou, na inauguração, que a biblioteca de Rui Barbosa tinha um acervo de 30 mil volumes e, por isso, disse que quer a de Manguinhos maior que esta, com acervo em constante construção. O governador Sérgio Cabral lembrou ainda que, antes das obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) em Manguinhos, a área estava abandonada.

Embaixadora da Cultura - Durante a cerimônia de inauguração de Manguinhos, a personagem Mônica, criada por Maurício de Sousa, recebeu do ministro Juca Ferreira o título de Embaixadora da Cultura. Além da relevância das histórias da Turma da Mônica como conteúdo cultural e da eficácia das revistas como recurso pedagógico de estímulo à leitura, Maurício doou três milhões de gibis ao Programa Mais Cultura, do Ministério da Cultura, para distribuição em bibliotecas e Pontos de Leitura de todo o país. Deste total, 100 mil foram destinados para a nova biblioteca. “Isso que está acontecendo aqui é uma revolução”, disse o cartunista. Na cerimônia, ele anunciou que pretende fazer com que um percentual de cada livro seu possa, também, ser doado para as ações do MinC.

Investimentos em Bibliotecas

Além da Biblioteca-Parque de Manguinhos, o MinC já investiu R$ 18,5 milhões para modernizar bibliotecas de grande porte em vários estados brasileiros - Biblioteca Pública do Estado de Pernambuco; Biblioteca de São Paulo; Biblioteca Pública Estadual de Alagoas; Biblioteca Nacional, em Brasília; Biblioteca de Referência Governador Menezes Pimentel, no Ceará; Biblioteca Pública do Estado da Bahia; Biblioteca Thiago de Mello, no Amazonas; e Biblioteca de Cruzeiro do Sul, no Acre.

Até o fim do ano serão investidos mais R$ 14,3 milhões na Biblioteca Digital Latinoamericana, no Pará; Biblioteca Pública de Santa Catarina; Biblioteca Pública do Rio Grande do Sul; Biblioteca Thiago de Mello (2ª etapa); Biblioteca de Cruzeiro do Sul (2ª parcela); Biblioteca de Referência de Canoas, no Rio Grande do Sul; e Biblioteca Pública do Rio de Janeiro.

Entre 2003 e 2009, o MinC investiu mais de R$ 286 milhões em políticas públicas de incentivo à leitura e acesso ao livro. O aporte de recursos no setor saltou de R$ 6 milhões, em 2003, para R$ 95 milhões em 2009, por meio do Programa Mais Cultura – crescimento superior a 1.500%.

Leia, também, as seguintes matérias: Rio ganha primeira biblioteca-parque do Brasil (Agência Brasil) e Manguinhos ganha biblioteca com 25 mil livros e atividades (site do Governo do Rio de Janeiro).

Informações à imprensa: (61) 2024-2407, na Ascom/MinC, (61) 2024-2628/2630, na DLLL da SAI/MinC, e 2024-2325, na Assessoria do Programa Mais Cultura.

(Neila Baldi, Ascom DLLL SAI/MinC)

Publicado por Sheila Sterf/Comunicação Social
Categoria(s): Notícias do MinC, O dia-a-dia da Cultura
Tags: Biblioteca Parque de Manguinhos, Cerimônia de Inauguração, Leitura e Literatura, livro, Ministro Juca Ferreira, programa mais cultura, SAI/MinC


http://www.cultura.gov.br/site/2010/04/29/rio-de-janeiro-ganha-primeira-biblioteca-parque-do-pais/


sábado, 1 de maio de 2010

Poesía del mes: Como tú / El amor


Como tú

Yo como tú
amo el amor,
la vida,
el dulce encanto de las cosas
el paisaje celeste de los días de enero.

También mi sangre bulle
y río por los ojos
que han conocido el brote de las lágrimas.
Creo que el mundo es bello,
que la poesía es como el pan,
de todos.

Y que mis venas no terminan en mí,
sino en la sangre unánime
de los que luchan por la vida,
el amor,
las cosas,
el paisaje y el pan,
la poesía de todos.



El amor


El amor es mi otra patria
la primera
no la de que me ufano
la que sufro.



Roque Dalton *

*Roque Dalton: 14 de mayo de 1935, San Salvador (El Salvador) - 10 de mayo de 1975, El Salvador. Poeta, antropólogo y político salvadoreño, cuya obra se gran intensidad se caracterizó por ser accesible tanto por las élites urbanas como por las masas populares.

Enlaces relacionados:
- http://www.elortiba .org/rdalton. html
- http://es.wikipedia .org/wiki/ Roque_Dalton (Wikipedia)

biblioteca pública municipal


Río de Janeiro - Río de Janeiro, 30 abr (EFE).- Un total de 1.152 municipios
Rio de Janeiro - Rio de Janeiro, 30 de abril (EFE).- Um total de 1.152 municípios
brasileños, lo que equivale a cerca del 21% de las 5.565 ciudades de Brasil, carece
brasileiros, o que equivale a cerca de 21% das 5.565 cidades do Brasil, carecem
de biblioteca pública municipal, en tanto que en el45% de las bibliotecas existentes
de biblioteca pública municipal, no entanto em 45% das bibliotecas existentes
en el país carece de acceso a internet, según un censo divulgado hoy por el
no país carecem de acesso a internet, segundo o censo divulogado hoje pelo
Ministerio de Cultura.
Ministério da Cultura.

De acuerdo con el estudio elaborado en el último trimestre del año pasado, mientras
De acordo com o estudo elaborado no último trimestre do ano passado,enquanto
que 420 municipios brasileños carecían de biblioteca en ese momento, en otros 732
que 420 municípios brasileiros careciam de biblioteca nesse momento, em outros 732
había proyectos para construirlas o ya estaban en obras.
haviam projetos para construí-las ou estavam em obras.

El número de municipios sin biblioteca pública el año pasado se redujo con respecto o
O número de municípios sem biblioteca pública o ano passado reduziu com respeito ao
al de 2007 (660).
de 2007(660).
Los datos son del Censo Nacional de Bibliotecas Públicas Municipales, elaborado por
Os dados são do Censo Nacional de Bibliotecas Públicas Municipais, elaborado pelo
el centro privado de estudios económicos Fundación Getulio Vargas (FGV) y
centro privado de estudos econômicos da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e
encomendado por el Ministerio.
encamendado pelo Ministério.
De acuerdo con el estudio, las bibliotecas públicas brasileñas realizan en promedio
De acordo com o estudo, as bibliotecas públicas brasileiras realizam média
296 préstamos de libros por mes y atienden usuarios que acuden al local 1,9 veces
296 empréstimos de livros por mês atendem usuários que vão ao local 1,9 vezes
por semana.
por semana.
El 99% no abre los finales de semana, un 94% no dispone de servicios para atender
Em 99% não abrem nos finais de semana, 94% não dispõem de serviços para atender
discapacitados físicos, un 91% no ofrece servicios para personas con deficiencia
deficientes físicos, em 91% não oferecem serviços para pessoas com deficiência
física y un 88% carece de actividades de extensión, como talleres de lectura.
física e em 88% carecem de atividades de extensõa, como atelie de leitura.
Pese a que el 64% tiene computador, el 45% carece de acceso a internet y apenas un
Pesa que em 64% tem computador, e 45% carecem de acesso a internet e apenas uns
29% de las que tiene conexión con la red extiende ese servicio a los usuarios. EFE
29% delas tem conexão com a rede existente desse serviço para os usuários.EFE
Fuente: http://www.viveloho y.com/

BIQUINIS MUÇULMANOS - NOVOS MODELITOS‏ - Windows Live

BIQUINIS MUÇULMANOS - NOVOS MODELITOS‏ - Windows Live

O ciclo menstrual


O ciclo menstrual ocorre todos os meses e em cada ciclo, o corpo está sendo preparado para uma gravidez.
Cada mês, o endométrio (forro do útero) se engrossa e se prepara para acolher um óvulo fecundado.
Entre 15 e 20 óvulos começam à amadurecer dentro de cada ovário. Cada óvulo está fechado dentro de seu próprio folículo. Os folículos produzem estrogênio, o hormônio necessário para a ovulação. Todos começam a amadurecer e aquele que atingir a maturação necessária, é liberado pelo ovário.
Entre maturação e liberação, é levado em média um tempo de duas semanas mas, pode levar entre oito dias a um mês completo para ocorrer a liberação do óvulo. (Às vezes até mais tempo).
Se não ocorrer a fecundação (união do óvulo com o espermatozóide), a produção de hormônios cessa e esta parte do endométrio que engrossou se desprende dando início à Menstruação. Logo após outro ciclo será iniciado.


Este processo é dividido em três fases:


1. Parte inicial do ciclo, onde os ovários amadurecem óvulos e o endométrio se engrossa.
2. Em 14 dias (aproximadamente) após a última menstruação, um óvulo é liberado. O endométrio está grosso e esponjoso.
3. O óvulo viaja através da trompa de Falópio e o folículo que o protegia, se rompe e o óvulo agora é um corpo amarelo, "corpus luteum". O corpus luteum começa a liberar o homônio chamado progesterona que pára a possível liberação de outros óvulos até o próximo ciclo menstrual.
O corpus luteum tem uma vida limitada entre 12 à 16 dias. Raramente essa quantidade de dias varia de mulher para mulher.


O ciclo menstrual se conta do primeiro dia da menstruação até o dia anterior ao começo da próxima menstruação. A duração de cada ciclo varia para cada mulher. Pode variar entre 21 e 90 dias, embora normalmente se encontra entre 28 e 32 dias. O ciclo pode modificar-se ao longo da vida da mulher.
Durante os 30 ou 35 anos que uma mulher pode engravodar, ela menstrua entre 300 à 500 vezes. A duração da menstruação também varia e pode durar entre 3 e 7 dias, sendo também de intensidade variada.
Na teoria é impossível que uma gravidez ocorra durante a menstruação. Porém, na prática, sem o uso de um método contraceptivo eficaz, podem ocorrer ovulações espontâneas em qualquer momento do ciclo menstrual e isto, pode acontecer tendo a mulher um ciclo menstrual regular ou irregular.
A menstruação é talvez um dos assuntos que causam mais controvérsias e há inúmeros mitos populares. Por exemplo, quem nunca ouviu dizer que durante a menstruação a mulher não pode praticar esporte ou atividade física intensa, ou nem mesmo tomar banho, cozinhar ou ingerir certos alimentos.
Tudo isto é sem nenhuma base científica.

Cólicas Menstruais

Sintoma muito incômodo que afeta 50% das mulheres mas é considerado normal.
Seus sintomas são: enjôos, vômitos, diarréia, nervosismo, cansaço, dor de cabeça e vertigens.


http://www.portalbabynet.com/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=94&Itemid=81

Modulação pela progesterona da sensibilidade dolorosa a estímulos mecânicos e isquêmicos em mulheres saudáveis e jovens

Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia
Print version ISSN 0100-7203
Rev. Bras. Ginecol. Obstet. vol.30 no.6 Rio de Janeiro June 2008
doi: 10.1590/S0100-72032008000600007
ARTIGOS ORIGINAIS
Modulação pela progesterona da sensibilidade dolorosa a estímulos mecânicos e isquêmicos em mulheres saudáveis e jovens
Modulation by progesterone of pain sensitivity to mechanical and ischemic stimuli in young and healthy women
Elizabel de Souza Ramalho VianaI; Selma Sousa BrunoI; Maria Bernardete Cordeiro de SousaII
IProfessora Adjunta do Departamento de Fisioterapia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN - Natal (RN), Brasil
IIProfessora Titular da Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN - Natal (RN), Brasil
Correspondência

RESUMO
OBJETIVO: investigar a relação entre percepção da dor (limiar e tolerância à dor experimental em resposta à isquemia e à pressão) em mulheres jovens e saudáveis com os níveis séricos dos hormônios sexuais femininos (estradiol e progesterona).
MÉTODOS: 18 voluntárias participaram deste estudo durante três ciclos menstruais consecutivos. Para mensuração das respostas dolorosas aos estímulos algésicos de pressão e isquemia, utilizaram-se um algômetro de pressão e dinamômetro manual, respectivamente. Foram realizadas coletas de sangue para dosagem hormonal e de variáveis dolorosas durante três ciclos menstruais consecutivos, os quais foram caracterizados com base no registro da temperatura oral diária, diário dos ciclos menstruais contendo início e fim de cada ciclo e nos níveis plasmáticos de estradiol e progesterona. As médias aferidas para as variáveis algésicas foram comparadas pela análise de variância (ANOVA) com pós-teste de Tukey-Kramer entre as fases do ciclo menstrual (folicular, periovulatória, luteal inicial, luteal tardia e menstrual). Para o estudo da correlação entre as variáveis algésicas e hormonais, utilizou-se o teste de Pearson. A significância estatística foi definida pelo limite p<0,05.
RESULTADOS: não foram observadas variações significativas nos parâmetros de dor entre as fases do ciclo menstrual. Todavia, foram encontradas correlações negativas significativas entre progesterona e limiar isquêmico (r=-0,23; p<0,01) e tolerância à pressão (r=-0,23; p<0,01) na fase luteal inicial.
CONCLUSÕES: estes resultados indicam que o aumento dos níveis de progesterona estão relacionados à diminuição do limiar isquêmico e da tolerância à pressão, sugerindo um papel da progesterona na modulação dolorosa durante a fase luteal inicial.
Palavras-chave: Dor, Estradiol, Progesterona, Ciclo menstrual

ABSTRACT
PURPOSE: to investigate the relationship between pain perception (experimental pain threshold and tolerance, in response to ischemia and pressure) in young and healthy young women and female sexual hormone seric levels (estradiol and progesterone).
METHODS: 18 volunteers have participated of this study, during three consecutive menstrual cycles. A pressure algometer and a manual dynamometer have been used to measure painful responses to pressure and ischemia algesic stimuli. Blood has been collected for assessment of both hormonal and painful variables, during three menstrual cycles, whose characterization was based on daily oral temperature record, a diary of the menstrual cycles with the onset and end of each cycle, and on estradiol and progesterone plasmatic levels. The average for the algesic variables measured has been compared by analysis of variance (ANOVA) and the Tukey-Kramer's post-test, among the menstrual cycle phases (follicular, periovulatory, early luteal, late luteal and menstrual). The Pearson's test has been used for correlation analysis between algesic and hormonal variables. Statistical significance has been defined as p<0.05.
RESULTS: no significant change in pain parameters among the menstrual cycle phases has been observed. Nevertheless, there have been significant negative correlations between progesterone and ischemic threshold (r=-0.23; p<0.01), and pressure tolerance (r=-0.23; p<0.01) at the early luteal phase.
CONCLUSIONS: these results indicate that the increase in progesterone levels correlates with a decrease of ischemic threshold and pressure tolerance, suggesting that progesterone plays a role in the pain modulation during the early luteal phase.
Keywords: Pain, Estradiol, Progesterone, Menstrual cycle

Introdução
A avaliação da percepção dolorosa em seres humanos é fundamental para os estudos dos mecanismos, métodos de controle e manejo da dor. Estudos prévios têm demonstrado que a dor é percebida de forma diferente por homens e mulheres, tanto clínica quanto experimentalmente1. Na perspectiva de ocorrerem diferenças entre os sexos na experiência da dor, é provável que estas também se verifiquem na forma como os seres humanos respondem ao tratamento da dor, tanto do ponto de vista farmacológico2 como não-farmacológico3. Atualmente, nenhuma conclusão definitiva pode ser retirada a partir de estudos anteriores sobre mecanismos moduladores das diferenças na resposta dolorosa entre os sexos, utilizando as diversas modalidades experimentais de indução de dor.
Estudos prévios com mulheres têm investigado a ação dos hormônios sexuais sobre aspectos, tais como variáveis respiratórias4 e vasculares5. A dor também parece variar em função dos níveis séricos dos hormônios gonadais. Estudos sobre a sensibilidade dolorosa em mulheres têm sugerido a influência dos hormônios sexuais femininos (estrógeno e progesterona) na modificação da percepção da dor, apontando para uma provável relação entre variações das respostas dolorosas e as fases do ciclo menstrual6-8. Estudos prévios sobre a epidemiologia da variação da experiência dolorosa entre os gêneros constataram que as mulheres estão mais expostas do que os homens a uma série de situações que podem desencadear respostas dolorosas, tais como dismenorréia, gravidez e parto, além de apresentarem níveis de dor mais severos, com episódios mais freqüentes e de maior duração que os homens9-11. Estas evidências sugerem que as flutuações hormonais cíclicas podem estar envolvidas nos mecanismos responsáveis pela dor na mulher.
Apesar da vasta literatura no assunto, pouco tem sido descrito, focalizando as diferentes modalidades de dor experimental e sua correlação com os níveis séricos dos hormônios sexuais. Estudos prévios mostram grande divergência entre seus achados. Este fato pode ser atribuído não somente ao emprego de diferentes métodos de indução da dor (isquemia, pressão, térmico e elétrico), mas também à estimativa indireta do ciclo menstrual das participantes. Neste último caso, em alguns estudos, não foram realizadas medidas hormonais de estradiol e progesterona, sendo a definição das fases do ciclo menstrual determinada pela inferência do número de dias atribuídos a cada fase, a partir do início de cada menstruação6.
No Brasil, a literatura acerca da influência dos hormônios sexuais sobre a percepção dolorosa em mulheres é ainda mais escassa. No entanto, o conhecimento destes fatores são muito importantes para desvendar diferenças entre os sexos na percepção da dor, pois as mulheres parecem sentir mais dor do que os homens, além de contribuir de maneira consistente para que os profissionais que lidam com quadros dolorosos possam entender e tratar mais eficazmente ambos os sexos.
Diante deste quadro, o objetivo deste estudo foi investigar a influência dos hormônios sexuais (estradiol e progesterona) sobre a percepção dolorosa aos estímulos experimentais de pressão e isquemia de maneira controlada, delimitando a faixa etária e o estado de saúde, e monitorando a dosagem destes hormônios durante cinco fases do ciclo menstrual das mulheres participantes deste estudo.
Métodos
Foi realizado um ensaio experimental para avaliar a relação entre percepção da dor, ciclo menstrual e hormônios gonadais (estradiol e progesterona), com o limiar e tolerância à dor experimental isquêmica e à pressão em mulheres jovens e saudáveis. Os critérios para inclusão foram: mulheres em idade reprodutiva com ausência de doenças do trato reprodutivo e que apresentavam ciclos menstruais regulares (25-30 dias). A amostra foi constituída por dezoito mulheres, estudantes universitárias voluntárias, com idade variando entre 18 e 35 anos (mediana de 22,7±1,5 anos). As voluntárias foram orientadas a se absterem de uso de medicação analgésica, antiinflamatória e contraceptiva durante o período da coleta. Todas as voluntárias eram não-fumantes, não-usuárias de drogas e se abstiveram do uso de álcool e café por pelo menos seis horas antes de cada coleta. Ciclos menstruais com níveis séricos de progesterona mantidos abaixo de 5 ng/mL foram considerados anovulatórios, não tendo nenhuma das participantes deste estudo apresentado tais níveis.
O termo de consentimento livre e informado foi obtido de todas as mulheres que participaram do estudo, antes do início do experimento. Todas as voluntárias foram esclarecidas que eram livres para encerrar sua participação no momento que desejassem. Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Natal (RN).
Procedimento experimental
O monitoramento do ciclo menstrual de cada mulher foi realizado durante seis meses, sendo que, nos três meses que antecederam as coletas dos dados experimentais, apenas os dados referentes aos dias de menstruação e temperatura oral foram registrados, para estimar a duração e a regularidade dos ciclos. Nos três meses subseqüentes, além destes registros, os ciclos foram estimados adicionalmente pelas dosagens hormonais de estradiol e progesterona. Neste estudo o ciclo menstrual foi dividido em cinco fases: menstrual (dias 1-5), folicular (dias 6-11), periovulatória (dias 12-16), luteal inicial (dias 17-23) e luteal tardia (dias 24-30), para os ciclos com 30 dias de duração. Para os ciclos com durações menores foi reduzida a duração da fase folicular, ou seja, a duração da fase luteal foi mantida em 14 dias6. Todas as voluntárias apresentaram ciclos menstruais entre 25 e 30 dias, com diferenças significativas entre as concentrações de estradiol (F=4,3; média=96,4; p<0,001) e progesterona (F=4,3); média=116,3; p<0,001) entre as cinco fases do ciclo menstrual estudadas.
Cada mulher foi submetida à coleta de sangue e teste experimental de dor duas vezes por semana, durante três ciclos menstruais consecutivos. Assim, cada voluntária foi submetida a oito coletas de sangue por mês, sendo que, ao final do experimento (três meses), de cada voluntária, tinham sido coletadas 24 amostras de sangue. Foi realizado igual número de repetições de testes de sensibilidade dolorosa para cada uma das participantes. O experimento foi realizado sempre no horário entre 12:00 e 18:00 horas, com a finalidade de prevenir possíveis influências circadianas.
As coletas foram realizadas nas cinco fases do ciclo menstrual, inclusive com repetições em uma mesma fase no mesmo ciclo e/ou nos ciclos subseqüentes durante o desenvolvimento do estudo. Todas as fases que se efetuou coleta de dados foram registradas e analisadas ao término do experimento. As fases em que os dados referentes às variáveis em estudo foram coletados, considerando todo o grupo de voluntárias, foram os seguintes: fase menstrual (n=61), folicular (n=121), periovulatória (n=50), luteal inicial (n=36) e luteal tardia (n=135). Este número é referente à quantidade de amostras colhidas e registradas em cada fase, considerando a repetição da coleta de dados em cada fase do ciclo menstrual, no grupo amostral total. Os valores diferentes se deram em função da maior ou menor duração de cada fase nos ciclos menstruais da amostra, o que determinou maior número de repetições em determinadas fases.
Antes da aplicação dos testes algésicos e após cinco minutos de descanso, foi coletada uma amostra sanguínea (5 mL) do braço não-dominante de cada participante. Posteriormente, as amostras foram centrifugadas, o plasma separado e estocado em freezer a -20°C no Laboratório de Medidas Hormonais da UFRN, para posterior análise das concentrações de estradiol e progesterona. As concentrações hormonais foram determinadas usando o método de quimioluminescência com kits comercialmente disponíveis Diagnostic Products Corporation (DPC - Immunolite), dos Estados Unidos. O coeficiente de variação intra e interensaios foram 5 e 6,5% para níveis de estradiol e 4,5, 5 e 8% para níveis de progesterona. A sensibilidade foi de 15 pg/mL para o estradiol e 0,2 ng/mL para a progesterona.
Os testes experimentais de dor foram aplicados pelo mesmo avaliador, treinado com antecedência, em seqüência alternada a cada sessão, com cinco minutos de intervalo entre eles. A dor isquêmica foi investigada conforme modelo existente na literatura12, sendo os testes realizados da seguinte forma: as participantes foram instruídas a dizer a palavra "dor" quando o estímulo aplicado começasse a se tornar doloroso (limiar) e a palavra "pare" quando não mais suportasse a dor (tolerância). Com a finalidade de prevenir dano tecidual, este tempo não poderia exceder 15 minutos. Entretanto, nenhum dos testes aplicados excedeu o tempo de segurança estipulado. O limiar e a tolerância de cada indivíduo foram registrados em segundos pelo avaliador, através do uso de um cronômetro digital. Antes do início de cada teste experimental isquêmico, a participante era estimulada a levantar seu braço dominante e mantê-lo na posição vertical durante 30 segundos, para promover a drenagem venosa. Um esfigmomanômetro era, então, posicionado acima do cotovelo e inflado até 230 mmHg. Neste momento, a voluntária baixava seu braço e dava início a uma série de movimentos alternados de contração-relaxamento da mão, com um intervalo de dois segundos entre cada movimento, com um terço da força máxima de cada sujeito, determinado na primeira sessão do experimento. Para este teste foi utilizado um dinamômetro manual (PC5030J1, Medical Ibéria S.A.).
Da mesma forma, seguiu-se procedimento existente na literatura13 para investigação da resposta dolorosa ao estímulo de pressão. Para provocação do estímulo doloroso, utilizou-se um algômetro de pressão (Pain Diagnostics and Thermography, Great Neck®, New York, NY, USA), na parte anteromedial da tíbia direita, 5-8 cm abaixo do tubérculo tibial, com a voluntária deitada em decúbito dorsal. Solicitou-se que as voluntárias dissessem a palavra "dor" quando o estímulo aplicado começasse a se tornar doloroso (limiar) e a palavra "pare" quando não mais suportasse a dor (tolerância), sendo registrados os valores para cada momento. Os valores para limiar e tolerância foram registrados em kg/cm2.
Todas as voluntárias apresentaram um padrão menstrual regular, segundo a análise dos níveis plasmáticos dos hormônios sexuais.
Análise estatística
A análise dos dados foi feita usando o Statistical Package for Social Science (SPSS) for Windows, versão 10. Inicialmente, foram realizadas análises de caráter descritivo, através de medidas de tendência central e de dispersão, e seus respectivos intervalos de confiança. A análise estatística dos dados considerou as cinco fases do ciclo menstrual, conforme anteriormente descrito no procedimento experimental e as variáveis foram analisadas pela ANOVA com pós-teste de Tukey-Kramer. Para a verificação da correlação entre as variáveis dolorosas e hormonais, usou-se a verificação de coeficientes de Pearson. Em todos os testes, o nível de significância foi estabelecido em p<0,05.
Resultados
As voluntárias apresentaram ciclo menstrual regular. As concentrações hormonais médias em cada fase do ciclo menstrual são mostradas na Tabela 1.
Não foram encontradas diferenças significativas entre as cinco fases do ciclo menstrual para as respostas aos testes dolorosos de isquemia e pressão.
Com relação aos níveis séricos de estradiol e variáveis de dor (limiar e tolerância) isquêmica e à pressão, não foram encontradas correlações significativas entre as duas variáveis durante as fases do ciclo menstrual. Por outro lado, foram encontradas correlações negativas significativas entre a progesterona e os valores de tolerância à pressão (r=-0,23; p=0,01) e limiar isquêmico (r=-0,23; p=0,01), ambos na fase luteal inicial. Estas correlações encontram-se demonstradas nas Figuras 1 e 2.




Discussão
A natureza exata das diferenças nas respostas à dor entre os sexos, em situações nas quais ocorre variação hormonal natural (ciclo menstrual) ou artificial (uso de anticoncepcionais) em mulheres, permanece desconhecida. A dor é um tipo de sensibilidade complexa e sua percepção envolve, além de fatores biológicos, a modulação por variáveis de natureza social, psicológica e cultural. Entre os fatores biológicos, as variações hormonais que ocorrem durante o ciclo menstrual têm sido um importante foco de estudo14,15.
Diversos estudos vêm sendo realizados visando investigar uma provável relação entre percepção dolorosa e ciclo menstrual6,7,9,10,12. Embora alguns estudos tenham sugerido que o perfil endocrinológico nas mulheres pode afetar suas respostas a estímulos de dor6-8, no presente estudo não foi encontrada diferenças significativas entre as variáveis dolorosas estudadas e as fases do ciclo menstrual. Estes resultados são consistentes com outros achados da literatura, no qual não se observou influência do ciclo menstrual sobre a resposta à dor9,15,16. Dois estudos anteriores, examinando efeitos do ciclo menstrual sobre a percepção da dor, não mostraram relação entre estas duas variáveis. Um estudo16 avaliou a resposta dolorosa à pressão em mulheres com desordem temporomandibular e livres de dor, enquanto outro15 avaliou mulheres livres de dor e em uso de contraceptivo oral. Ambos os estudos concluíram que não houveram diferenças relacionadas às fases do ciclo menstrual para a resposta dolorosa nos grupos amostrais pesquisados. Contrariamente, outros estudos têm sugerido que existem diferenças entre as fases do ciclo menstrual17-19. Diferenças na metodologia utilizada em muitos estudos experimentais têm dificultado uma conclusão definitiva acerca do tema. Os métodos usados para determinar as fases do ciclo menstrual pode ser o principal problema na comparação dos resultados entre os estudos. No presente estudo, medidas dos níveis séricos de estradiol e progesterona, além do mapeamento criterioso de cada ciclo menstrual das voluntárias, foram realizados. Adicionalmente, existe uma variação considerável entre os estudos no que se refere à nomenclatura utilizada para as fases do ciclo menstrual e no critério de divisão deste. Pesquisadores têm usado diferentes termos para definir as fases estudadas, além do que cada estudo define a fase com duração temporal diferente.
Embora seja ainda desconhecida a razão pela qual a resposta dolorosa se encontra mais elevada em determinadas fases do ciclo menstrual, como demonstrado em alguns estudos, existem indicações de que ela pode estar associada à ação dos hormônios gonadais sobre estruturas localizadas em nível periférico e/ou no sistema nervoso central14. Dados da literatura sugerem relação dos níveis plasmáticos de estrógeno com a dor, permanecendo incerta, entretanto, a forma de interação entre estes14,20. Neste estudo, nenhuma correlação significativa foi obtida entre as respostas algésicas e os níveis séricos de estradiol. Porém, com relação à resposta à dor e níveis plasmáticos de progesterona, evidenciou-se uma correlação negativa significativa entre a progesterona e o limiar isquêmico e a tolerância à pressão na fase luteal inicial do ciclo menstrual, no qual os níveis séricos deste hormônio alcançaram seus valores mais elevados durante o ciclo menstrual. Achados da literatura demonstram ainda que, durante a fase luteal, algumas mulheres apresentaram maiores índices de quadros dolorosos (enxaqueca, desordem temporomandibular e dor lombar), sugerindo que o perfil hormonal dentro do ciclo menstrual pode afetar a sensibilidade dolorosa nas mulheres21,22. Estudos experimentais prévios observaram relação entre progesterona e resposta dolorosa, demonstrando aumento da percepção da dor na fase luteal final do ciclo menstrual em mulheres e evidenciando que altas concentrações de progesterona podem estar relacionadas com baixos limiares de dor nesta fase18-20. Os resultados do presente estudo confirmam a importância da medida dos níveis séricos de hormônios sexuais através do ciclo menstrual em pesquisas envolvendo dor em mulheres. Novos estudos se fazem necessários para investigar o papel da progesterona na percepção da dor.
Embora o tamanho da amostra deva ser considerado uma limitação para explicar os resultados discrepantes entre este e outros estudos citados, outros fatores, aparentemente mais críticos, devem ser citados. Primeiramente, podem ser mencionados os diferentes procedimentos encontrados na literatura para dividir as fases do ciclo menstrual, o que pode resultar em diferentes perfis de concentrações hormonais em relação ao presente estudo, que dividiu o ciclo menstrual em cinco fases. Em segundo lugar, a divisão do ciclo menstrual sem medidas séricas de estradiol e progesterona realizadas em alguns estudos, diferentemente deste estudo, pode gerar resultados falsos-positivos ou falsos-negativos em reproduzir o ambiente de cada fase do ciclo menstrual, devido à grande variabilidade inter e intra-indivíduos na duração de cada ciclo menstrual. Terceiro, os resultados divergentes sugerem diferentes vias de processamento central para os vários estímulos dolorosos, dependendo da sua natureza (térmico, mecânico, elétrico), podendo diferir adicionalmente quando se consideram as regiões do corpo testadas. Finalmente, a grande variabilidade em relação ao controle de variáveis críticas para interpretação dos resultados, como o uso de contraceptivos e intercorrência de quadros patológicos (desordem temporomandibular, fibromialgia, dismenorréia), também parece contribuir para a incongruência entre os achados literários.
Em conclusão, este estudo investigou se a sensibilidade dolorosa é influenciada pelos hormônios sexuais femininos, usando: um desenho metodológico em que os ciclos menstruais foram divididos em cinco fases; os níveis plasmáticos dos hormônios sexuais foram quantificados; apenas ciclos regulares ovulatórios foram considerados e apenas mulheres saudáveis e jovens foram incluídas. Os dados obtidos neste estudo sugerem que a progesterona pode modular a sensibilidade à dor aos estímulos isquêmicos e de pressão, e que os hormônios sexuais devem desempenhar um papel coadjuvante com outros fatores na gênese das diferenças encontradas. Portanto, tanto estudos meta-analíticos como estudos com desenhos experimentais mais controlados e usando diferentes tipos de estímulos dolorosos são necessários para aprofundar o conhecimento de quanto os hormônios sexuais femininos influenciam na modulação da dor na mulher.
Agradecimentos
Às voluntárias desta pesquisa pela sua participação e ao suporte técnico dos Doutores Sylvia Maria Dantas Fonseca e Alfredo de Araújo Silva, do Centro de Patologia Clínica (Laboratório de Dosagens Hormonais), pela análise hormonal.
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Correspondência:
Profa. Dra. Elizabel de Souza Ramalho Viana
Departamento de Fisioterapia
Centro de Ciências da Saúde
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
Campus Universitário - Lagoa Nova
Caixa Postal 1524 - CEP:59072-970
Natal, RN - Brasil
Recebido: 8/5/2007
Aceito com modificações: 2/7/2008
Este estudo foi realizado com o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), processos números 470601/2003-5 e 305216/2003-1.
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN - Programa de Pós-graduação em Ciências da Saúde.

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Caracterização vestibular no ciclo menstrual

Brazilian Journal of Otorhinolaryngology
Print version ISSN 1808-8694
Braz. j. otorhinolaryngol. (Impr.) vol.75 no.3 São Paulo May/June 2009
doi: 10.1590/S1808-86942009000300012
ARTIGO ORIGINAL

Caracterização vestibular no ciclo menstrual

Cintia IshiiI; Lucia Kazuko NishinoII; Carlos Alberto Herrerias de CamposIII

IMestranda, Fonoaudióloga
IIEspecialista em Audiologia pelo Conselho Federal de Fonoaudiologia, Fonoaudióloga -Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo
IIIDoutorado, Professor Adjunto da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo



RESUMO

As alterações hormonais do ciclo menstrual podem comprometer a homeostase dos fluidos labirínticos, gerando alterações no equilíbrio e na audição.

FORMA DO ESTUDO: Clínico prospectivo.
OBJETIVO: Comparar os resultados dos testes do exame vestibular em mulheres jovens, nos períodos pré e pós-menstrual.
MATERIAL E MÉTODO: Foram selecionadas vinte mulheres, entre dezoito e trinta e cinco anos, que não fizessem uso de qualquer tipo de anticoncepcional, com audição normal e sem queixas vestibulares. O exame vestibular foi realizado em cada participante no período pré e no período pós-menstrual, em ordem aleatória, e respeitando o limite de até dez dias antes do início da menstruação e até dez dias após o início da menstruação.
RESULTADO: Foi observada a presença de diferença estatisticamente significante no ciclo ovariano somente para as provas do exame vestibular de calibração, movimentos sacádicos, prova rotatória pendular decrescente e prova calórica. As variáveis: idade, ciclo menstrual regulado, casos de surdez ou tontura na família, doenças anteriores, e sintomas do período pré-menstrual como zumbido, cefaleia, distúrbio do sono, ansiedade, náusea e hiperacusia também podem interferir no exame otoneurológico.
CONCLUSÃO: Há diferenças nos resultados do exame vestibular em mulheres sadias entre os períodos pré e pós menstrual.

Palavras-chave: audição, ciclo menstrual, eletronistagmografia, tontura.


INTRODUÇÃO

No ciclo menstrual regular, ocorrem variações nos níveis de hormônios esteroides ovarianos, estrógeno e progesterona, conforme as fases do ciclo, que são controlados pelo sistema hipotálamo - hipófise - ovário1.

Pode-se dividir o ciclo menstrual em duas fases, a folicular e a lútea. A fase folicular, também conhecida como folicular precoce ou menstrual, é caracterizada pelo baixo nível de estrógeno e de progesterona. Na fase lútea, conhecida também como lútea tardia ou pré-menstrual, ocorre a queda do nível de estrógeno e progesterona2.

É na fase lútea que ocorre a maioria das alterações nas mulheres, como retenção de líquido, elevação de peso, aumento de demanda energética, alteração de captação de glicose e trânsito mais lento do trato gastrointestinal, modificações no perfil lipídico e no metabolismo de vitamina D, cálcio, magnésio e ferro, hipersensibilidade emocional, dores generalizadas e mudança do comportamento alimentar3. É também nesta fase que podem ser observados quadro de hidropisia labiríntica (devido a retenção de sódio e consequentemente a hipertensão endolinfática) com intolerância ao ruído e sensação de "cabeça oca"4.

As alterações hormonais que ocorrem no ciclo menstrual, gestação e menopausa podem resultar no comprometimento da homeostase dos fluidos labirínticos, pois agem diretamente nos processos enzimáticos e na atuação de neurotransmissores, resultando em alterações do equilíbrio ou de audição5.

Estudo realizado sobre tonturas pré-menstruais sugere alteração vestibular periférica devido à retenção de líquidos na fase lútea do ciclo ovariano6, causado pelo aumento de liberação de estrógeno, progesterona e aldosterona7. Também é possível observar a presença de vertigem ou tontura nos dias que antecedem a menstruação devido ao aumento de estrógeno, progesterona e aldosterona que atingem a orelha interna, causando uma hidropisia no labirinto e sintomas muito parecidos com os da doença de Ménière7.

Diante desta realidade de possível influência dos hormônios ovarianos em diferentes fases do ciclo sobre a função vestibular, há o interesse em buscar achados vestibulares que possam comprová-los.

Assim o objetivo do estudo é verificar se há diferenças nos resultados do exame vestibular, em mulheres nos períodos pré e pós-menstrual.



MÉTODOS

Todas as participantes foram esclarecidas sobre os objetivos deste estudo e convidadas a participar do mesmo, com a assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido. Este estudo foi realizado respeitando todos os princípios éticos que versam a resolução 196/96 (MINISTÉRIO da Saúde, 1996) sobre ética em pesquisa com seres humanos e as orientações do Comitê de Ética em Pesquisa, pelo protocolo 02/06.

Para a realização do estudo foram selecionadas 20 mulheres, na faixa etária de 18 a 35 anos.

Como critério de inclusão, participaram do estudo mulheres:

1) Que não fizessem uso de qualquer método anticoncepcional hormonal, nos últimos 6 meses;

2) Com limiares de audibilidade, nas frequências de 0,25kHz a 8kHz, e identificação do limiar de reconhecimento de fala (LRF) de até 25 dB NA, e índice de reconhecimento de fala com monossílabos (IRF) de no mínimo 88%.

3) Sem qualquer alteração no meato acústico externo (comprovada com a realização de meatoscopia);

4) Sem queixas vestibulares, investigadas através da aplicação de questionário composto por: identificação, antecedentes otológicos, queixas auditivas, queixas vestibulares e informações sobre o ciclo menstrual.

Após a confirmação dos critérios de inclusão, realizamos exame vestibular (EV) composto por: Pesquisa do Nistagmo de Posição (NP), Calibração (CAL), Pesquisa do Nistagmo Espontâneo de Olhos Abertos (NEOA) e Olhos Fechados (NEOF), Nistagmo Semiespontâneo de Olhos Abertos (SEOA), Movimentos Sacádicos (MS), Rastreio Pendular (RP), Pesquisa do Nistagmo Optocinético (NO), Prova Rotatória Pendular Decrescente (PRPD), Prova Calórica a ar (PC), a 42ºC e 18ºC.

Foi solicitado a cada participante a não ingestão de chocolate, café e chá preto, mate ou verde nos 3 dias que antecederam ao exame, e que evitasse bebida alcoólica e fumo.

Todos os testes foram registrados no computador, com cálculo automático do ganho, latência, precisão e velocidade angular da componente lenta do nistagmo, além de todos os cálculos necessários em cada prova.

O equipamento computadorizado da vectoeletronistagmografia digital utilizado incluiu programa específico (software), barra luminosa e otocalorímetro a ar do tipo NGR 07, da marca Neurograff Eletromedicina Ind. & Com. Ltda.

Os exames audiológicos foram realizados em cabina acústica tratada, com o audiômetro marca Interacoustics, modelo AC 40, fones Telephonics TDH 39P, e as medidas de imitância acústica foram pesquisadas no imitanciômetro marca Interacoustics, modelo AZ7R.

Após a coleta de dados, adotamos o nível de significância de 5% para a aplicação dos testes estatísticos. Foram utilizados os testes com o Programa SPSS (Statistical Package for Social Sciences, versão 13.0): Teste dos Postos Sinalizados de Wilcoxon e Análise de Correlação de Spearman.


RESULTADOS

Os resultados do EV encontravam-se dentro do padrão de normalidade.

Com a aplicação do questionário pudemos descrever as principais variáveis de caracterização da amostra e sintomas que ocorrem durante a fase menstrual do ciclo, nas Figuras 1 e 2.















Com o Teste dos Postos Sinalizados de Wilcoxon, verificamos possíveis diferenças entre os dois momentos considerados (Tabela 1). Houve diferença estatisticamente significante entre os períodos do ciclo menstrual, nas provas de: latência da CAL no olho direito, precisão dos MS no olho esquerdo, PRPD (preponderância direcional do nistagmo - PDN) canal superior, e na CAL, VACL (velocidade angular da componente lenta) a 42 graus Celsius.








Com a aplicação da Análise de Correlação de Spearman, verificamos a relação entre as variáveis do questionário com os resultados dos exames vestibulares.

As Tabelas 2 e 3 descrevem os p-valores significantes entre as variáveis do questionário e dos sintomas do período menstrual com EV.



DISCUSSÃO

O ciclo menstrual pode ser definido como o intervalo entre o primeiro dia de uma menstruação e o primeiro dia da menstruação seguinte. A Tensão Pré-Menstrual (TPM) é um conjunto de sintomas que surge entre 10 e 14 dias antes da menstruação e desaparece após o início da mesma. Mais de 150 sintomas já foram catalogados, com incidência variada e inconstante. Quando estes sintomas se tornam tão intensos que interferem na atividade diária, assumem a forma severa da Síndrome Pré-Menstrual (SPM). A TPM afeta aproximadamente 75% das mulheres em idade fértil8-10.

A diminuição da latência da CAL e o aumento da precisão dos MS no período pós-menstrual discordam do estudo11 que acompanhou dois ciclos menstruais, com 12 indivíduos, demonstrando que as mudanças hormonais do ciclo não têm efeito significativo na função optocinética, apenas na estabilidade postural lateral.

É importante ressaltar que os níveis de estrógeno e progesterona na fase pré-menstrual podem alterar o funcionamento no sistema nervoso central, podendo influenciar indiretamente na função optocinética. Isto poderia ocorrer especialmente nas áreas relacionadas com a interação visual-vestibular, como, por exemplo, nos receptores GABAA (Ácido Gama-aminobutírico, que age como neurotransmissor inibitório ligando-se a receptores específicos). Estes receptores podem ser modulados pelo metabolismo da progesterona e assim, alterar a transmissão dos núcleos vestibulares que estão envolvidos nos reflexos optocinético, vestíbulo-ocular e vestíbulo-espinal11.

O aumento do valor da PDN dos canais semicirculares superiores, no período pós-menstrual, na prova de PRPD, teve valor estatístico significante. Podemos supor que isto ocorreu devido à possível influência dos hormônios sexuais nos líquidos corporais12. Assim, com o aumento da pressão e do volume da endolinfa e perilinfa na fase pré-menstrual, no momento em que posicionamos a cabeça para realização da PRPD dos canais verticais, tanto para direita como para a esquerda, esta alteração da pressão e do volume produziria um efeito menor na estimulação da prova.

Na PC a 42º, o aumento no valor da VACL no período pós-menstrual também possuiu diferença estatisticamente significativa. Podemos supor que este fato ocorreu no período pré-menstrual porque há elevação na temperatura basal do corpo da mulher devido ao aumento dos níveis de hormônios sexuais13. Com este aumento da temperatura, quando estimulamos o ouvido a 42º Celsius no período pré-menstrual, ocorreria um efeito menor no labirinto do que quando realizamos a mesma prova no período pós-menstrual.

Quando cruzamos as variáveis do questionário e os sintomas manifestados sobre os resultados do EV durante o período pré-menstrual podemos levantar hipóteses sobre suas correlações.

O avanço da idade poderia influenciar na latência da CAL devido à diminuição natural dos movimentos musculares do corpo e processos degenerativos das células ciliadas, otólitos, células ganglionares e terminações nervosas no sistema vestibular periférico e central, fato que poderia ser mais observado em idosos14. O fato de o ciclo menstrual ser regulado ou não poderia interferir na velocidade da CAL, pois quanto mais regulado o ciclo, mais regulado seria o nível dos hormônios sexuais e consequentemente menores as alterações na orelha interna.

Casos de surdez e tontura na família podem representar uma predisposição genética aos indivíduos para desenvolverem alterações labirínticas e cocleares15, o que pode influenciar no EV. Doenças anteriores, como sarampo e varicela, e tratamentos medicamentosos podem interferir no resultado de: velocidade e latência da CAL, latência dos MS, tipo, frequência e PDN do RP, PDN do NO, velocidade e PDN da PRPD, porque são fatores de risco para a presença de alterações da orelha interna. Doenças virais podem desencadear labirintite endolinfática ou neurite do VIII par e levam a uma deficiência auditiva neurossensorial. Já otites médias e tratamentos medicamentosos podem afetar a base da cóclea, ocasionando lesões nesta região15.

Zumbido, cefaleia, distúrbio do sono, ansiedade, náusea e hipersensibilidade a sons intensos poderiam interferir nas provas de EV (tipo e frequência do RP, VACL e ganho do NO, velocidade e PDN da PRPD, VACL da PC) porque além do período pré-menstrual alterar a pressão da perilinfa e da endolinfa e a viscosidade sanguínea12, estudos mostram que existem sintomas psíquicos na síndrome pré-menstrual que diminuem a capacidade de concentração16, e isto diminuiria também a atenção da amostra na realização do exame.

Assim, os hormônios sexuais femininos alterariam fisicamente o vestíbulo, com mudanças na pressão endolinfática e na viscosidade sanguínea. Porém, as alterações mais significativas seriam as que envolveriam os efeitos da progesterona e do estrógeno no sistema nervoso central, e consequentemente, nos neurotransmissores e suas interações.



CONCLUSÃO

A presente pesquisa permitiu concluir que:

Nas diferentes fases do ciclo menstrual há alterações nas provas: CAL, MS, PRPD e PC VACL a 42º.



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Este artigo foi submetido no SGP (Sistema de Gestão de Publicações) da BJORL em 5 de dezembro de 2007. cod. 5609
Artigo aceito em 2 de janeiro de 2008

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