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terça-feira, 31 de março de 2009

Alívio para picadas de insetos


Alívio para picadas de insetos

Gosto de passar meus finais de semana em um sítio no interior de São Paulo. Mas não sou só eu que aprecio o lugar: uns 500.000 mosquitos também adoram. Ao entardecer, eles chegam em bando, principalmente nos dias mais quentes. Curiosamente, não sou incomodada. Às vezes, nem preciso passar repelente. O segredo é que levo comigo uma isca, um escudo para me proteger: chama-se marido. Parece que todos os mosquitos voam para cima dele e nenhum se interessa por mim. Gostou da técnica? Espero que o seu marido também funcione do mesmo jeito.

Por que os mosquitos picam?

Eles picam porque se alimentam do nosso sangue, certo? Errado. O prato favorito dos mosquitos é néctar de flores. Nosso sangue só é importante para as mosquitos-fêmeas, pois nossas proteínas ajudam a amadurecer seus ovos. E assim, com a ajuda do nosso sangue, elas vão constituindo família.

Como qualquer mãe de família que se preze, a mosquito-fêmea tem suas preocupações. Por exemplo, encontrar um bom fornecedor de sangue para alimentar seus preciosos ovinhos. Como a natureza a presenteou com um olfato apuradíssimo, ela percebe o cheiro de gás carbônico que eliminamos na respiração. Mesmo estando a dezenas de metros de distância. E lá vai ela rapidamente na direção do seu alvo.
Existem pessoas de sangue doce?

Por que algumas pessoas são mais picadas que outras? A causa exata ainda está para ser completamente elucidada. Provavelmente não há relação com o gosto do sangue, mas sim com o cheiro do corpo escolhido. Evidências sugerem que os mosquitos usam o seu nariz para escolher a sua vítima. Podemos não perceber, afinal não temos o olfato apurado do mosquito, mas existem diferenças individuais nos odores emitidos por nós. Nem sempre as preferências do mosquito batem com as nossas. Eles se interessam, aparentemente, por cheiro de suor.
Além do cheiro, o calor também os atrai. Por isso quem usa roupas escuras e mais quentes é mais picado. O ideal, num lugar infestado de mosquitos, é usar roupas claras, que refletem a luz e são mais frescas.

Pessoas alérgicas à picada

Ao nos picar, a mosquito-fêmea injeta um pouco de saliva. Isso lubrifica a pele, facilitando a sua perfuração, e evita que o sangue coagule. A reação local à picada é uma alergia às proteínas da saliva do inseto. A reação alérgica faz surgir aquela ferida elevada, vermelha e que coça.
Algumas pessoas sofrem mais que outras com as picadas, por conta de uma reação alérgica chamada estrófulo. Nesse caso, após a picada, surgem várias outras feridinhas semelhantes espalhadas pelo corpo. A alergia é mais frequente nas crianças e costuma melhorar com a idade. Se o incômodo for tolerável, usamos cremes que dão alívio sintomático. Casos mais intensos são tratados com medicamentos por via oral. E, se o problema for muito frequente, existe tratamento com dessensibilização através de vacinas. Infelizmente isso nem sempre dá bom resultado.

A prevenção

O ideal é afastar-se dos mosquitos quando eles dominarem o ambiente. Ir para dentro de casa ao entardecer e usar telas nas janelas. Se isso não for possível, a alternativa é um bom repelente. O cheiro dele encobre o nosso e desagrada aos insetos. Os mais eficientes são à base de DEET ou de icaridina, mas existem também produtos feitos com óleo de citronela, que têm eficácia moderada. Velas de citronela podem ajudar.
Leia aqui sobre repelentes de insetos (Armas contra a Dengue, 20 de janeiro de 2009)

O tratamento

A vermelhidão e o inchaço melhoram com gelo. Ou então, com compressas de água boricada gelada. Deixe a área limpa e tente não coçar, porque predispõe à infecção secundária e aumenta a chance de surgirem manchas no local da picada. Existem loções que aliviam a sensação de coceira, com calamina, azuleno ou alfabisabolol. Não recomendo anti-histamínicos de uso tópico, que podem causar alergia. Se a inflamação for grande, pode-se usar um creme à base de cortisona. Finalmente, casos mais intensos, com urticária associada, melhoram com anti-histaminicos por via oral.

Por Lucia Mandel

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