Crimes digitais prosperam com crise econômica global
Gustavo Brigatto, de São Paulo
09/02/2009
Crimes financeiros pela Internet são uma das indústrias que mais prosperam com a crise. E-mails oportunistas, que carregam consigo programas espiões capazes de coletar informações pessoais e dados bancários, se espalham pela rede na velocidade das más notícias econômicas. No mundo, eles quadruplicaram entre o primeiro e o segundo semestre do ano passado, segundo levantamento da empresa de tecnologia Bit Defender. Os crimes digitais rendem aos autores US$ 100 bilhões ao ano, no mundo todo, quantia semelhante ao faturamento da maior empresa brasileira, a Petrobras.
Em épocas de retração econômica e aumento das demissões, o que poderia ser um princípio de salvação torna-se um enorme problema. Basta ter boa-fé e responder a e-mails do tipo: "Segue no anexo algumas perguntas referentes ao currículo que me foi enviado". Ansiosa pelo contato, a vítima nem percebe que a resposta foi enviada não no corpo da mensagem, mas em um arquivo anexo, algo bastante suspeito, mas que passa despercebido pelo impacto emocional da mensagem. Ela então transfere o arquivo para o seu computador, e, ao abri-lo, nada de oportunidade de emprego. O que acontece é que ela foi fisgada com a isca lançada por um programa espião, uma técnica conhecida como "phishing".
O Centro de Atendimento a Incidentes de Segurança, ligado à Rede Nacional de Ensino e Pesquisa, coletou nos últimos 11 meses 518 golpes em circulação no Brasil. A variedade das armadilhas é virtualmente infinita - tudo o que mexe com um dos sentimentos mais primários do ser humano, a curiosidade, vira munição para novos golpes. Há de tudo: fotos e fofocas sobre celebridades, avisos de serviço de proteção ao crédito, recadastramento bancário, aviso de entrega de compras, crimes etc. Alguns problemas vêm de fora como o ataque de hackers que sofreu a base de cartões do Citibank, obrigando o banco a trocá-los.
Para Paulo Vendramini, gerente de engenharia de sistemas da Symantec, 80% do "phishing" está relacionado ao setor financeiro, como coletar informações sobre contas bancárias e números de cartões de crédito. Nos EUA, economia fraca e crise bancária facilitaram o roubo de informações financeiras. O cibercrime cresceu 53% em 2008, segundo relatório da McAfee, especializada em segurança. (com BusinessWeek).
Nenhum comentário:
Postar um comentário