Brasil pode ter internet na tomada
Rio - Imagine o quanto sua vida seria mais fácil se a Internet chegasse à sua casa com a mesma facilidade que a energia elétrica. Em qualquer tomada da casa, eletricidade e banda larga estariam à disposição. E possivelmente a preços mais baixos dos que os pacotes de banda larga atuais.
A tecnologia para isso existe, já está em testes no Brasil, e seus parâmetros técnicos foram regulamentados na semana passada pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), por meio da resolução 527. A Anatel já homologou alguns modems para uso doméstico.
O princípio básico do sistema PLC (do inglês para comunicação por rede elétrica) é que, como a energia elétrica e a transmissão de dados são feitas em frequências diferentes, elas podem conviver harmoniosamente no mesmo meio físico, no caso, a rede elétrica. E se houver queda no fornecimento de energia, o sinal de banda larga não é necessariamente interrompido. “Pense no que fizeram com as linhas telefônicas. O fio era para voz. Então colocaram equipamentos especiais, um filtro na casa do consumidor para separar os sinais de dados e voz e um modem. Assim chegou a Internet pela linha telefônica. Na rede elétrica, deve ser feito algo semelhante”, explica o professor Marcos Tadeu von Lutzow Vidal, professor de Engenharia de Telecomunicações da Universidade Federal Fluminense (UFF).
A grande vantagem do PLC, portanto, é aproveitar a infraestrutura já existente, dispensando parte dos investimentos. “Essa infraestrutura cobre a chamada última milha, a distância entre o poste e a casa do consumidor. No Brasil, 98% dos lares são alcançados pela rede elétrica”, explica Fernando Maia, diretor técnico a Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee). Maia acredita que o sistema estará fortemente implementado no Brasil nos próximos cinco anos. Ainda não é possível saber quanto custarão os equipamentos nem quanto será cobrado pelo serviço. “Acredito que haverá maior competição no mercado”, diz Maia.
Como as concessionárias de energia não podem lucrar com a transmissão de dados, a infraestrutura da rede elétrica poderá ser alugada para provedores de banda larga, inclusive as telefônicas. A competição pode baixar os preços da conexão. Segundo a Aneel, parte da receita proveniente do aluguel da infraestrutura deve ser usada para baratear o custo da energia elétrica para os consumidores.
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