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quinta-feira, 24 de abril de 2008

Nelson Rodrigues


Biografia
Nelson Rodrigues
O "anjo pornográfico" da dramaturgia brasileira
LAURIBERTO BRAGA

Colaboração para Folha Online
O cronista e dramaturgo Nelson Rodrigues sempre foi, por auto-retrato, um "anjo pornográfico". Era "um menino que via o amor pelo buraco da fechadura". Seu caráter mórbido foi moldado pelas brigas dos pais, presenciadas por ele desde criança, e pelos crimes violentos, que acompanhou desde os 13 anos de idade, quando começou no jornalismo como repórter policial.
Nasceu na cidade do Recife, em 23 de agosto de 1912. Era o quinto dos 14 filhos do jornalista Mário Rodrigues e da dona-de-casa Maria Ester Falcão. Morou desde os quatro anos de idade na cidade do Rio de Janeiro. No subúrbio carioca, onde viveu até os dez anos, encontrou muitos de seus personagens: viúvas tristes, solteironas ressentidas, vizinhas fofoqueiras.
Mas seu pessimismo diante da vida e da alma humana, presença marcante em sua obra, era herança de suas próprias experiências. Perdeu um irmão assassinado, outro em um desabamento de um prédio e um outro de tuberculose. Teve uma filha cega, surda e muda. E viu o filho mais velho, Nelsinho, ser perseguido e preso durante a Ditadura de 1964.
Nelson Rodrigues começou os estudos aos sete anos, em 1919, na escola pública Prudente de Morais. Tinha a leitura como principal passatempo. Também vem desde esse período a paixão pelo Fluminense.
Em 1922, a família melhorou de situação financeira e mudou-se para o bairro da Tijuca. Em 1926, Nelson foi expulso do Colégio Batista por "rebeldia". Começou no batente jornalístico, aos 13 anos e meio, no jornal "A Manhã", fundado pelo pai. Tinha uma capacidade impressionante de dramatizar pequenos acontecimentos policiais.
Mas a pior cena de violência foi presenciada aos 17 anos: viu um de seus irmãos, Roberto, um tiro em plena redação e morrer.
A tragédia abalou toda a família. Menos de três meses depois, o pai morreu de derrame cerebral. Em dificuldade financeira, eles perdem o jornal. Nelson e os irmãos foram, então, trabalhar em outros periódicos. Em 1934, pegou tuberculose. Foi para Campos do Jordão se tratar. Dois anos depois, perdeu mais um irmão, Joffre, de 21 anos, vítima da doença que Nelson acreditava ter sido o transmissor.
Como jornalista, também trabalhou como cronista esportivo. Autor de frases do tipo "Nem toda mulher gosta de apanhar, só as normais", era considerado um machista-reacionário. Escreveu 17 peças de teatro, nove romances e centenas de contos. Morreu na manhã do dia 21 de dezembro de 1980, aos 68 anos, no Rio de Janeiro. Nesse mesmo dia, havia acertado os 13 pontos na Loteria Esportiva, num bolão com os colegas de "O Globo".

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