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terça-feira, 29 de janeiro de 2008

História do Amapá



História
A região onde hoje se encontra o Estado do Amapá foi doada ao português Bento Manuel Parente, em 1637, com o nome de capitania da Costa do Cabo do Norte. No final do mesmo século, a região sofreu incursões de ingleses e holandeses, que foram expulsos pelos portugueses.
No século XVIII, os franceses também reivindicaram a posse da área e em 11 de abril de 1713 foi assinado o Tratado de Utrecht que estabeleceu o rio Oiapoque como limite entre o Brasil e a Guiana Francesa, porém este limite não foi respeitado pelos franceses. Os portugueses construíram então a fortaleza de São José do Macapá, para proteger suas fronteiras das incursões dos franceses.
O auge dessas investidas, ocorreu quando Claude d'Orvilhers governava aquela Colônia e corsários franceses aprisionavam indígenas para escravizá-los. Eram combatidos, mas sem eficiência. A partir de 19 de julho de 1722, quando o capitão-general João da Maia da Gama assumiu o governo do Estado do Maranhão e Grão-Pará, as investidas francesas começaram a ser combatidas de forma mais intensa. No período de 1723 a 1728, além das rotineiras expedições guarda-costas, que percorriam o litoral, esse governador ordenou quatro grandes expedições militares à região, comandadas pelos capitães João Paes do Amaral, Francisco de Mello Palheta, Diogo Pinto da Gaya e Francisco Xavier Botero, que não chegaram a combater invasores, contudo fizeram como que fossem reduzidas substancialmente as invasões francesas sobre o setentrião pátrio.
Fundação de Macapá
Assegurado aos portugueses o domínio sobre as terras situadas entre os rios Amazonas e Oiapoque, os mesmos voltaram a se estabelecer na região, em 1738, posicionando em Macapá um destacamento militar. Governava o Estado do Maranhão e Grão-Pará, João de Abreu C. Branco, que o conservou até o final de seu governo, em agosto de 1747, sem nada fazer pelo seu desenvolvimento por falta de recursos financeiros e interesse da Coroa Portuguesa. Esse governador, chegou a insistir na urgência da implementação do povoamento e fortificação da Foz do Amazonas.
Francisco Pedro de Mendonça Gurjão, seu sucessor, renovou essas reivindicações, mas a. única providência tomada por D. João com relação à região, foi oficialmente denominá-la, em 1748, de Província dos Tucujus ou Tucujulândia, sem que lhe fosse. alterada a condição administrativa. Tratava-se tão somente de delimitação geográfica, objetivando planejamento estratégicos militares de defesa da área, e de controle sobre as nações indígenas que a habitavam, para sua exploração como mão-de-obra e utilização no combate contra invasores estrangeiros.
Ao governador Francisco Xavier de Mendonça Furtado, entretanto, coube a tarefa de implementar a colonização da região. Assumiu o governo do Estado do Maranhão e Grão-Pará em 24 de Setembro de 1751, e já em Dezembro organizava uma expedição a. Macapá sob comando do sargento-mor João Batista do Livramento, constituída. de soldados e principalmente, de colonos da Ilha dos Açores. Foram recepcionados pelo comandante da guarnição, Manoel Pereira de Abreu e padre Miguel Ângelo de Morais que estavam em conflito, porque. o militar negava-se em atender os pedidos e solicitações do sacerdote, inclusive de alimentação.
O povoado rapidamente progredia, mas a insalubridade do local tornava-se um grave problema a ser enfrentado pelos colonos. Em 1752, uma epidemia de cólera grassou em Macapá. A notícia chegou a Belém, e em 7 de março desse ano, inesperadamente, Mendonça Furtado aportou na povoação, trazendo o único médico que havia na Capitania e medicamentos, conseguindo controlar a moléstia.
Mendonça Furtado, no início de fevereiro de 1758, novamente aportou em Macapá com numerosa comitiva. Estava em missão de demarcação de fronteiras da Colônia com as terras pertencentes à Espanha, na região Amazônica, definida pelo Tratado de Madri, assinado em 1750. Veio para elevar o povoado à categoria de vila. No dia 2 de fevereiro, começou com as providências, criando a Câmara Municipal e empossando os vereadores Domingos Pereira Cardoso, Feliciano de Sousa Betancort, Francisco Espindola de Betancort, Antonio da Cunha Davel, Thomé Francisco de Betancort e Simão Caetano Leivo.
No transcurso de uma solenidade, no dia 4 de fevereiro, Mendonça Furtado mudou a categoria administrativa do povoado de Macapá, elevando-o à condição de Vila de São José de Macapá.
Um século de Amapá
Em 1º de dezembro de 2000 o Laudo Suíço, documento assinado pelo governo da Suíça - país que arbitrou a questão do Contestado franco-brasileiro - que deu ganho de causa ao Brasil da Questão do Amapá, completou 100 anos.
A história propriamente dita do Contestado franco-brasileiro começa, na realidade, com a neutralização da área, a partir de 1841. A área em litígio passa a ser aquela situada entre os rios Oiapoque e Amapá Pequeno. Com isso, nem Portugal nem França teriam direitos sobre a área, até que as dúvidas e divergências sobre fronteira pudessem ser dissipadas. E para isso, em 1853 houve urna retomada das negociações: o Visconde do Uruguai, Paulino José de Souza, bastante respeitado na jurisprudência do Império, é nomeado para os primeiros estados. Nesse ano, aconteceram inúmeras, mas infrutíferas negociações com o jurisconsulto francês famoso, His de Butenval. Butenval não "arredava os pés" da tese de que o Rio de Vicente Pinzón mencionado em Utrecht (1713) era, de fato, o Araguari.
República do Cunani
Em 1857, quatro anos depois, uma nova tentativa: o capitão-tenente José da Costa Ladário, representante do Brasil, não consegue intimidar seu oponente francês, Mr. Carpentier. Por isso, não houve avanços. De 1857 a 1885, a região passa a ser visitada por mercantis e aventureiros de várias nacionalidades. Em 1885 o romancista e membro da Sociedade de Geografia Comercial Francesa, Jules Gross, cria, com seus auxiliares, a caricata e efêmera República de Cunani. A atitude de Gross não foi impasse para que o governo francês permitisse sua criação na área do Contestado. Mas o fim da republiqueta foi logo decretado.
Uma Segunda tentativa é colocada em prática em 1902, quando Adolph Brezet tentou continuar os planos de Gross. Desta vez, foi o governo brasileiro quem freiou seus ânimos.
Corrida do Ouro
O povoamento do território começou a se intensificar no século XIX, com a descoberta de ouro na área e o crescimento da extração da borracha, que havia atingido altos preços internacionais na época.
A descoberta de riquezas, no entanto, fez crescer as disputas territoriais, que culminaram com a invasão dos franceses. Em 1893 (alguns mencionam 1894) os ânimos passam a se acelerar mais na região do Contestado. Dois garimpeiros brasileiros e naturais de Curuçá-Pa., os irmãos Germano e Firmino Ribeiro, após tanta procura, descobriram ouro na bacia do rio Calçoene. Isto causou uma verdadeira corrida sem precedentes, invadindo a região aventureiros de todas as nacionalidades. A descoberta do referido metal também provocou um crescimento desordenado, aumentando inclusive a violência e os problemas de saúde, consequenciados pela falta de saneamento. O incontentamento grassou em toda a região, atravessando fronteiras.
Sabedor do achado do ouro, o governador da Guiana Francesa, Mr. Charvein, cuidou logo de colocar um representante da França lá. Assim, Eugene Voissien é escolhido para assumir a função de delegado da região contestada. Com essa regalia, Voissien passa a fiscalizar a região. facilitando assim todo o trabalho de coleta do ouro, que era desviado para o lado francês, que se arvorava na cobrança de altas taxas de impostos. Esse período, que vai de dezembro de 1893 até novembro de 1894 é, para alguns brasileiros um período de intranquilidade, pois incontáveis vezes alguns garimpeiros foram aprisionados por Voissien, que alegava nas suas faltas a prática do contrabando. Outros achavam que tais denúncias eram vazias, defendendo um pouco a imparcialidade discutida de Charvein.
As reações dos brasileiros não tardaram, reunindo-se a população para nomear, ali, um governo triúnviro sob a presidência do cônego Domingos Maltez, tendo como seus auxiliares, Veiga Cabral e Desidério Antonio Coelho Esta decisão do Triunvirato foi uma idéia do próprio Desidério Antonio Coelho, que antes foi nomeado para dirigir a região; mas opinava ele que isto poderia ser eficaz com a nomeação de três pessoas. Quanto a Voissien, ele se contentou com o cargo honorífico de Capitão Honorário do Exército Defensor do Amapá.
Em 1895 os ânimos se acirraram, provocando em 15 de maio, uma 'invasão' francesa, sob o comando do Capitão Lunier, ao Amapá. O paraense Francisco Xavier da Veiga Cabral ( o Cabralzinho ) foi quem administrou a retirada dos 'invasores', sagrando-se, com o feito, o ‘Herói do Amapá’.
Em 1897, um termo de compromisso assinado no Rio de Janeiro, em 10 de abril, pelos delegados do Brasil ( Ministro Gabriel e Piza ) e da França, confiava a resolução do Contestado á arbitragem do presidente da Confederação Suíça, Walter Hauser, e o advogado Barão do Rio Branco ( José Maria. da Silva. Paranhos ), especialista experiente em questões de fronteiras, é escolhido para defender o Brasil. Este encargo foi confiado, primeiramente, a Ruy Barbosa, mas este hesitou em assumir a questão, indicando como mais experiente que ele nesses assuntos, seu colega Barão do Rio Branco.
Após inúmeros estudos e conferências, a sentença foi pronunciada pelo governo suíço, três anos mais tarde, isto é; em 1º de dezembro de 1900, fixando ao Brasil a posse definitiva da região contestada, que se situava entre o Oiapoque e o Araguari e o território foi então incorporado ao Estado do Pará com o nome de Araguari. A data de lº de dezembro ficou consolidada como o nascimento do Amapá como parte territorial integrativa.
Em 1943, passou à administração do governo federal, com o nome de Amapá. Em 1945, a descoberta de ricas jazidas de manganês na serra do Navio, revolucionou a economia local. Procedeu a nova divisão territorial, passando a parte do Amapá ao norte do Rio Cassiporé a constituir o Município de Oiapoque. Foi mais uma vez desmembrado em dezembro de 1957, com a criação do município de Calçoene e a cessão de terras ao norte dos rios Amapá Grande e Mutum. A nova Constituição, promulgada em 5 de outubro de 1988, elevou o território do Amapá à categoria de Estado da Federação.
Fontes: Ministério das Relações Exteriores.


Amor




Amo como ama o amor. Não conheço nenhuma outra razão para amar senão amar. Que queres que te diga, além de que te amo, se o que quero dizer-te é que te amo?

História do Acre


Acre, de Galvez a Chico Mendes
“Acho que vamos mostrar ao Brasil um lado bonito da história do nosso país... Uma história que contada com talento, vai emocionar muita gente” A história é descontinua já diriam Nietzsche e Foucault. Como agrupar uma sucessão de acontecimentos dispersos e relacioná-los em um único princípio organizador? A regularidade histórica é um efeito de sentido criado pela ideologia. A ideologia se materializa na linguagem, que é inerentemente dialógica. Então, como levar a sério uma história do Acre pasteurizada pela TV Globo e comercializada como entretenimento? A minissérie “Amazônia: de Galvez a Chico Mendes” escrita pela acreana Glória Perez tem estréia marcada para janeiro de 2007. A novelista pretende contar a história do Acre do processo de anexação do Acre ao Brasil até os empates nos anos 80. Para isso, já convidou os globais José Wiker para interpretar Galvez; Alexandre Borges, para representar Plácido de Castro e Cássio Gabus Mendes, para fazer o papel de Chico Mendes. As gravações começam em breve e contam com cerca de 40 atores e 110 figurantes. O título da minissérie já nos diz muita coisa. É uma história feita de homens, do início ao fim, de Galvez a Chico Mendes. É uma história feita por heróis - não é uma história da “Revolução Acreana” aos Empates - mas de Galvez a Chico Mendes. É uma história em que o Acre não passa de uma desculpa para se falar da Amazônia e da cobiça internacional pelas suas riquezas – não é Acre, mas Amazônia: de Galvez a Chico Mendes. É exatamente a cobiça das riquezas da Amazônia que torna o Acre de Galvez verossímil ao de Chico Mendes. Em ambos os casos, a expansão do capitalismo produziu uma catastrófica desigualdade social. Em ambos os casos, o desejo de lucro foi o motor principal. Em ambos os casos, a morte foi banalizada – em Galvez, acreanos mataram índios, índios mataram acreanos, acreanos mataram bolivianos; em Chico Mendes, acreanos mataram acreanos, paulistas mataram acreanos, e acreanos mataram paulistas. Mas como diz a epígrafe desse artigo, a história do Acre vai ser contada com talento. Talvez o talento seja para mostrar os seringalistas, juntamente com o governo do Amazonas, patrocinando um movimento armado por motivos patrióticos. Para mostrar como revolucionário, um movimento que ficou indiferente à semi-escravidão do seringal. Para representar o Acre como um grande seringal, totalmente ruralizado, sem vida urbana. Enfim, para tornar a história da concentração de renda, do autoritarismo, da chacina e dos desmatamentos, num “lado bonito da história do nosso país”. No mundo midiático tudo é possível. O Jornalista José Arbex no livro “O jornalismo Canalha” referindo-se à Guerra do Iraque em 2003 assim fala: “como foi possível falsificar as imagens e os cenários de um conflito transmitido ao vivo?”. Ora, se conseguiram fazer essa façanha num fato transmitido “on-line”, que dirá com acontecimentos já empoeirados pelo tempo. O Acre de Galvez é o mesmo de Neutel Maia. O Acre de Plácido de Castro é o mesmo de Gabino Besouro. O Acre de Chico Mendes é o mesmo de Darly Alves. Como separar o protagonista do antagonista? Ambos contracenam num mesmo palco: o Acre. Então, fazer com que o Brasil se orgulhe de um Acre em que viveu Chico Mendes, não seria a mesma coisa de se orgulhar de um Acre em que já palmilharam dezenas de Darlys? A mídia é uma máquina de construir sentidos. Sentidos fortemente marcados por relações de poder. Sentidos regrados por uma ordem do discurso que estabelece aquilo que se pode e se deve dizer. Nessas condições, toda história é feita de censuras, pois há seleção, classificação e hierarquização dos acontecimentos. O silêncio nas vozes das personagens e o não-mostrado nas cenas filmadas formam os bastidores desse processo de significação. Em breve, as cortinas do circo serão abertas e o Brasil inteiro vai se divertir com a história do Acre. O espetáculo será em horário nobre. Pipoca de milho suíço e coca-cola não podem faltar. O show será o Acre. Morte, traição, patriotismo e triângulo amoroso farão parte do enredo. Nossa, que exótico! A história do Acre é mesma diferente do “resto” do Brasil, não é verdade? Eduardo Carneiro, professor de História, é articulista e acadêmico do mestrado em letras pela UFAC Osemeador12@hotmail.com


História Rondônia


Situado na Região Norte, na divisa com Amazonas, Mato Grosso e Bolívia, o estado possui dois terços de sua área cobertos pela floresta Amazônica. O cerrado recobre os pontos mais altos do território – a chapada dos Parecis e a serra dos Pacaás, onde há um parque nacional. O clima predominante é o equatorial, com chuvas abundantes e temperatura média anual de 26°C.A capital, Porto Velho, nasce a partir de núcleos populacionais que se formam em torno das instalações da ferrovia Madeira–Mamoré, megaprojeto idealizado por norte-americanos e ingleses, que começa a ser construída em 1907. Desativada definitivamente em 1972, possui um trecho de 7 km a partir de Porto Velho em funcionamento para atender ao turismo.Até o início da década de 90, recebe um grande número de migrantes em decorrência da euforia econômica estimulada, entre outros fatores, por investimentos federais nas décadas de 60 a 80. Em 1990 a população ultrapassa 1,1 milhão de habitantes. Rondônia possui hoje a maior densidade demográfica entre os estados da Região Norte. A urbanização, porém, é baixa: 38% da população ainda permanece no campo. Em meados da década de 90, o crescimento demográfico apresenta sinais de declínio.Expansão da pecuária – A atividade agropecuária, de baixo padrão tecnológico, ocupa 37% da área estadual e concentra-se sobretudo na porção leste. Nos últimos anos se verifica uma redução da área destinada às lavouras, que ocorre paralelamente ao crescimento da pecuária. O rebanho bovino, destinado principalmente ao corte, aumenta de 770,5 mil para 3,9 milhões de cabeças entre 1985 e 1996. No campo persistem conflitos pela posse da terra, que envolvem grupos indígenas, posseiros e garimpeiros.Com a economia limitada à agropecuária e ao extrativismo vegetal e mineral, um dos grandes problemas do estado é a falta de infra-estrutura urbana. A escassa produção de energia elétrica é um dos obstáculos para o incremento do setor industrial. Destacam-se indústrias de laticínios e frigoríficos, na região do município de Ouro Preto do Oeste, e de móveis, em Ji-Paraná. Desmatamento–Como a maioria dos estados da região da floresta Amazônica, Rondônia enfrenta problemas como o garimpo informal e a devastação da floresta. Estimativa da Secretaria do Desenvolvimento Ambiental de Rondônia revela que a área total desmatada da região atinge cerca de 5.000.000 de ha em 1997, o que corresponde, aproximadamente, a 20% da área estadual. O aumento foi de 20,6% apenas nos últimos dois anos. Um dos principais motivos para o avanço do desmatamento é o crescimento da pecuária extensiva.

FATOS HISTÓRICOS – Os primeiros colonizadores portugueses começam a percorrer o atual estado de Rondônia no século XVII. Somente no século seguinte, com a descoberta e a exploração de ouro em Goiás e Mato Grosso, aumenta o interesse pela região. Em 1776, a construção do Forte Príncipe da Beira, às margens do rio Guaporé, estimula a implantação dos primeiros núcleos coloniais, que só se desenvolvem no final do século XIX com o surto da exploração da borracha.No início do século XX, a criação do estado do Acre, a construção da ferrovia Madeira–Mamoré e a ligação telegráfica estabelecida por Cândido Rondon representam novo impulso à colonização. Em 1943 é constituído o Território Federal de Guaporé, com capital em Porto Velho, mediante o desmembramento de áreas pertencentes aos estados de Mato Grosso e Amazonas. A intenção é apoiar mais diretamente a ocupação e o desenvolvimento da região, que em 1956 passa a se chamar Território de Rondônia. Até a década de 60, a economia se resume à extração de borracha e de castanha-do-pará.O crescimento acelerado só ocorre, de fato, a partir das décadas de 60 e 70. A política de incentivos fiscais e os intensos investimentos do governo federal, como os projetos de colonização dirigida, estimulam a migração, em grande parte originária do Centro-Sul. Além disso, o acesso fácil à terra boa e barata atrai grandes empresários interessados em investir na agropecuária e na indústria madeireira. Nessa época, a descoberta de ouro e cassiterita também contribui para o aumento populacional. Entre 1960 e 1980, a população cresce quase oito vezes, passando de 70 mil para 500 mil habitantes. Em 1981, Rondônia ganha a condição de estado.

RONDÔNIA - GEOGRAFIA
Localização: oeste da Região NorteÁrea:: 238.512,8 km²Relevo: planície a oeste, depressões e pequenos planaltos ao norte, planalto a sudestePonto mais alto: serra dos Pacaás (1.126 m)Rios principais: Madeira, Ji-Paraná, Guaporé, MamoréVegetação: floresta Amazônica e cerrado a oesteClima: equatorialHora local: - 1hECONOMIAParticipação no PIB: 0,29 % (1995)Agricultura: milho (133.727 t), arroz (87.654 t), café (78.921 t), mandioca (53.569 t), feijão (47.929 t), cacau (3.605 t) (1996)Pecuária: bovinos (3.937.291), suínos (410.315) (1996)Mineração: estanho-cassiterita (13.836.428 kg), nióbio (2.200 kg), ouro (1.324.000 g) (1996)Indústria: madeireira, extrativa mineral e alimentícia.
Hino do Estado de RondôniaQuando nosso céu se faz molduraPara engalanar a naturezaNós os bandeirantes de RondôniaNos orgulhamosDe tanta beleza.Como sentinelas avançadasSomos destemidos pioneirosQue nestas paragens do poenteGritam com forçaSomos brasileiros.Nesta fronteira de nossa pátriaRondônia trabalha febrilmenteNas oficinas e nas escolasA orquestração empolga toda gente.Braços e mentes forjam cantandoA apoteose deste rincãoQue com orgulho exaltaremosEnquanto nos palpita o coração.Azul, nosso céu é sempre azulQue Deus o mantenha sem rivalCristalino, muito puroE o conserve sempre assim.Aqui toda a vida se engalanaDe beleza tropicalNossos lagos, nossos riosNossas matas, tudo enfim.

História Roraima


O antigo território do Rio Branco foi disputado por espanhóis, portugueses, holandeses e ingleses desde o início do século XVI. Seus povoados, no entanto, somente começaram a se instalar no século XVIII, após o extermínio de grande número de indígenas. Em 1858, o Governo Federal criou a freguesia de Nossa Senhora do Carmo, transformada no município de Boa Vista do Rio Branco, em 1890. Em 1904 houve grave disputa territorial com a Inglaterra, que tirou do Brasil a maior parte das terras da região do Pirara, pequeno afluente do rio Maú, incorporadas à Guiana Inglesa. A partir de 1943, foi criado o Território Federal do Rio Branco, cuja área foi desmembrada do Estado do Amazonas. Passou a chamar-se Território Federal de Roraima a partir de 13 de setembro de 1962. Em 5 de outubro de 1988, com a promulgação da nova Constituição do País, o Território foi transformado em Estado da Federação.
Origem do NomeO nome do Estado de Roraima origina-se das palavras roro, rora, que significa verde, e ímã, que quer dizer serra, monte, no idioma indígena ianomâmi, formando serra verde, que reflete o tipo de paisagem natural encontrada na região.
Fonte: http://www.mre.gov.br/
As suas terras foram disputadas por luso-brasileiros, holandeses, espanhóis e ingleses, mas o povoamento só começou a ser estabelecido no século XVIII, após o sacrifício de grande número de indígenas.
A criação da freguesia de Nossa Senhora do Carmo, em 1858, transformada em município de Boa Vista em 1890, consolidou a organização local. A disputa pelas terras com a Inglaterra na fronteira guianense só terminou definitivamente em 1904, com a arbitragem do soberano italiano Vítor Manuel II, que tirou do Brasil trechos do território do Pirara, incorporado à Guiana Inglesa.
Em 1943, com o desmembramento do município do Estado do Amazonas, foi criado o Território Federal de Rio Branco, que, em 1962, passou a denominar-se Roraima. Sua ocupação efetiva só ocorreu graças à descoberta de ouro e diamantes. Em 1988, foi transformado em Estado.
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Roraima


História do Amazonas



Historia do Amazonas AM
O nome Amazonas, que se transmitiu do rio à região e, depois, ao maior estado do Brasil, deve-se ao espanhol Francisco de Orellana, que em 1541 afirmou ter combatido uma tribo de mulheres aguerridas. Comparou-as às amazonas, guerreiras lendárias que amputavam o seio direito para melhor manejarem o arco.
Cortado pela linha do equador em sua porção setentrional, o estado do Amazonas limita-se a leste com o Pará, ao norte com Roraima e a Venezuela, a oeste com a Colômbia e o Peru, e ao sul com Acre, Rondônia e Mato Grosso. É o mais extenso dos estados brasileiros, com uma área de 1.577.820km2, o que representa quase um quinto do território nacional. A capital é Manaus.
Geografia físicaRelevo. Cerca de 61% da superfície do Amazonas se situam abaixo de cem metros, 32% entre 100 e 200 metros e somente sete por cento acima dos 200m de altitude. No entanto, é no estado que se encontra o ponto culminante do Brasil, o pico da Neblina, com 3.014m, na serra Imeri, junto da fronteira com a Venezuela, no planalto cristalino.
Quatro unidades compõem o quadro morfológico geral. O baixo platô arenítico, localmente chamado terra firme, por estar fora das maiores cheias, recobre, com sua vasta superfície tabular, grande parte do estado. Nele, o rio Amazonas e afluentes abriram grandes calhas, que preencheram parcialmente com seus aluviões, dando origem à segunda unidade morfológica, a planície aluvial ou várzea. Ao norte, estende-se o planalto cristalino, com uma superfície ondulada, dominada por alinhamentos montanhosos junto à fronteira venezuelana. Na maior parte, o Amazonas é constituído por terrenos sedimentares recentes (do período quaternário).
Climas e solos. O clima é quente e chuvoso, do tipo Af de Köppen. A temperatura média anual eleva-se a cerca de 26o C e os totais pluviométricos a 2.500mm. Com exceção da região oriental, onde se faz sentir uma nítida estação seca nos meses de julho e agosto (clima Am), o estado recebe chuvas durante todo o transcorrer do ano. Em virtude de serem intensamente lavados pelas chuvas, os solos de terra-firme são em geral pobres em nutrientes minerais. Já os solos de várzea, sujeitos a inundações, renovam-se periodicamente pela deposição de aluviões, mantendo-se férteis.Vegetação e hidrografia. A floresta equatorial, que reveste todo o território do estado, diferencia-se em dois tipos: a mata de terra-firme, onde se destaca a castanheira, e a mata de várzea, onde se destaca a seringueira. Registram-se ainda pequenas ocorrências de campos limpos, nas várzeas, e campos cerrados, nas terras firmes.
A rede de drenagem é comandada pelo Amazonas, que, juntamente com os principais afluentes, mantém curso francamente navegável até os limites do estado. Ao longo dos rios observam-se numerosos lagos, entre os quais se destacam os de Coari, Badajós, Piorini e Canaçari.

PopulaçãoA população do Amazonas é uma das mais rarefeitas do país, com densidade demográfica inferior a 1,4 hab./km2 no início da década de 1990. A distribuição geográfica da população ao longo dos rios revela dependência do transporte fluvial e preferência pelos solos de várzea. Cerca de dois quintos da população do estado vivem na zona rural. Essa população rural é quase inteiramente constituída de "caboclos". Há grande número de nordestinos e seus descendentes, atraídos pelo apogeu da borracha. Portugueses, japoneses, sírio-libaneses e espanhóis formam um contingente de estrangeiros pequeno, mas economicamente ativo. No estado, encontram-se 33 grupos indígenas, cuja população é cada vez menor, destruída por doenças, choques com civilizados e falta de elementos econômicos de sobrevivência.
A principal cidade do estado é Manaus, que em 1980 concentrava quase metade da população amazonense. Além de capital político-administrativa, porto internacional e centro industrial, Manaus desempenha, também, em relação ao comércio e aos serviços, as funções de capital regional para uma vasta área, que inclui, além do estado do Amazonas, o Acre e Roraima. A segunda cidade do estado é Parintins, situada na margem direita do Amazonas, próximo à divisão com o Pará; a terceira é Manacapuru; a quarta, Itacoatiara, na margem esquerda do rio e ligada a Manaus por 286km de estrada de rodagem. Todas com pouco mais de cinqüenta mil habitantes em inícios da década de 1990.

EconomiaAtividades extrativas e agropastoris. A exploração de recursos florestais assume grande importância no Amazonas, embora o valor global dos produtos da coleta não chegue a ultrapassar o dos agropastoris. O principal produto extrativo é a borracha, explorada principalmente nas margens dos afluentes meridionais do Amazonas (Madeira, Purus e Juruá). Seguem-se a castanha-do-pará, as gomas não elásticas e a piaçava.
Entre os recursos naturais, os de origem vegetal são os mais importantes do estado e permitem a extração de borracha, castanha, madeira, sementes oleaginosas e fibras, ainda exploradas segundo métodos primários e de maneira insuficiente. As possibilidades de extração mineral vêm-se ampliando (ferro, manganês, linhita, cassiterita, petróleo, gás). Há referências à existência de argila plástica, feldspatos e calcários, no baixo Amazonas. Os rios e lagos amazônicos são bastante piscosos, e suas florestas abrigam variada fauna, o que garante uma importante atividade no setor da caça.
As atividades agrícolas desenvolvem-se nos solos de várzea, sobretudo no trecho situado a jusante da embocadura do Purus. A juta, o guaraná e a mandioca são os principais produtos. Em valor de produção, as três culturas juntas superam a borracha. Em menor escala cultivam-se também a banana, a cana-de-açúcar, o feijão e a laranja. Nos campos de várzea criam-se bovinos.Indústria e recursos minerais. Praticamente todas as atividades fabris do estado concentram-se na cidade de Manaus, que conta com estabelecimentos de beneficiamento de borracha, castanha-do-pará e madeira, moinho de trigo e tecelagem de juta, além da refinaria de petróleo de Manaus.
A Zona Franca de Manaus, que começou a ser implantada em 1967, ganhou maior expressão como centro industrial autônomo a partir de 1972. O empreendimento contribuiu, em especial, para o progresso de Manaus.
Entre as riquezas minerais do estado incluem-se ferro, manganês, linhita, cassiterita, petróleo e gás natural (bacias do médio e baixo Amazonas, respectivamente com 300.000 e 100.000km2).Transportes. O Amazonas não possui ferrovias. A rede rodoviária, da qual pouco mais de um terço é pavimentado, compreende a BR-319, que liga Manaus a Porto Velho RO e intercepta, em Humaitá, a Transamazônica (BR-230), que atravessa o sul do estado; a BR-174, que liga Manaus a Boa Vista RR; e uma estrada estadual ligando Manaus a Itacoatiara. A maior parte do transporte é, entretanto, realizada por meio dos rios, que oferecem boas condições de navegabilidade. Nesse particular, destaca-se o rio Amazonas, que, além de grande volume de água, possui um declive muito suave, pois desde Benjamin Constant, na fronteira com o Peru, até a sua foz, desce apenas 65m. Essa circunstância permite ao porto de Manaus receber navios de grande calado.

HistóriaO conhecimento do território que hoje constitui o estado do Amazonas vem do século XVI, quando o espanhol Francisco de Orellana, desceu o rio Marañon até alcançar o Atlântico (1539-1542). A descoberta teve repercussões. Logo a seguir, Gonzalo Hernández de Oviedo y Valdés comunicou-a em carta ao cardeal Pedro Bembo, exaltando as riquezas naturais aí encontradas. A carta foi publicada em Veneza (1556), chamando a atenção dos governos colonialistas europeus para uma área inexplorada de consideráveis proporções.
Os espanhóis ainda fizeram outra incursão à Amazônia, similar à de Orellana. Pedro de Ursua, vindo do Peru, também navegou o Amazonas, sendo assassinado a meio caminho. Contudo, a expedição prosseguiu, comandada por Lopo de Aguirre, e por fim chegou ao oceano (1561). Como resultado dessa jornada os espanhóis decidiram, cientes das dificuldades de conquistar tão vasto espaço, adiar a tarefa de colonizá-lo.
Quase de imediato os ingleses e os holandeses, que disputavam o domínio da América aos ibéricos, entregaram-se à exploração do Amazonas, aí lançando as primeiras bases de implantações coloniais, através do levantamento de feitorias e pequenos fortes (1596). Até o segundo decênio do século XVII, quando os portugueses começaram a ultrapassar a divisória de Tordesilhas, as companhias de Londres e Flessingen promoviam um ativo comércio de madeiras e pescado, iniciando mesmo plantios de cana, algodão e tabaco. Os próprios governos passaram a estimular abertamente a empresa. Robert Harcourt obteve carta-patente de Jaime I da Inglaterra para explorar o território do Amazonas com seus sócios (1612).
A essa altura, os portugueses barravam a tentativa francesa de se instalar no Maranhão. Pensou-se de imediato em garantir a vitória, estendendo a conquista até o Amazonas, uma vez que as possessões sul-americanas estavam sob domínio conjunto da União Ibérica desde 1580. Assim é que o capitão Francisco Caldeira de Castelo Branco recebeu ordens de marchar sobre o Amazonas (1616), onde suas forças chocaram-se contra os ingleses e os holandeses ali estabelecidos. Os combates prolongaram-se até meados do século, quando foi destruída a última posição holandesa na área do atual Amapá.
Ao término da União Ibérica (1640) a soberania lusitana estava garantida no Pará, porquanto os espanhóis haviam delegado aos portugueses a tarefa de ocupação do vale amazônico. Uma grande expedição de mais de duas mil pessoas, comandada por Pedro Teixeira, já avançara em direção oeste. Em seus dois anos de jornada (1637-1639), atingira Quito e retornara a Belém, após ter fundado o povoado de Franciscana em território peruano, que, mais tarde, serviria de marco nas discussões de limites no Tratado de Madri (1750).
Afinal, o bandeirante Antônio Raposo Tavares chegou ao Guaporé, subindo o rio Paraguai, e percorreu a região vizinha aos Andes, de onde alcançou e desceu o Amazonas (1648-1652). Nessa época a Espanha já perdera em definitivo a entrada da bacia amazônica, limitando-se a controlar os pontos de acesso ao Peru nos territórios do rio Marañon, do Guaporé-Mamoré e em trechos do alto Negro. Os portugueses, ao contrário, tomaram a iniciativa de inúmeras arremetidas de conquista nos cursos dos rios Negro, Solimões e Branco, apossando-se formalmente da região em nome de sua coroa.
Presença dos missionários. Na virada do século XVII o domínio português balizava-se na Amazônia pelo posto avançado de Franciscana, a oeste, e por fortificações em Guaporé, ao norte. Os franceses, instalados em Caiena, pretendiam descer o litoral para alcançar o Amazonas, instigando surtidas constantes de sacerdotes, pescadores e predadores de índios. Ao mesmo tempo, as expedições lusas de reconhecimento enfrentavam grandes dificuldades na atual região do Amazonas: no rio Negro, os manaus, coligados com tribos vizinhas, e os torás, na bacia do Madeira, entregavam-se a guerra de morte contra sertanistas e coletores de especiarias.Na zona do Solimões a penetração portuguesa defrontou-se com missões castelhanas, dirigidas pelo jesuíta Samuel Fritz, que floresciam na bacia do Juruá, e talvez mais a leste. Logo chegaram ordens de Lisboa para que forças militares invadissem o território das missões espanholas, a fim de expulsar os padres e os soldados que as amparavam. Com efeito, entre 1691 e 1697, Inácio Correia de Oliveira, Antônio de Miranda e José Antunes da Fonseca apossaram-se do Solimões, enquanto Francisco de Melo Palheta garantia o domínio lusitano no alto Madeira e Belchior Mendes de Morais invadia a bacia do Napo. Restava aproveitar o imenso espaço conquistado, tornando-o produtivo. A coroa portuguesa, necessitando assim consolidar sua posição, solicitou o trabalho missionário na área.
A obra a que se deviam entregar os religiosos estava compreendida no chamado Regimento das Missões (1686). Incluía, afora a conversão católica dos gentios, sua incorporação ao domínio político da coroa mediante o aprendizado da língua portuguesa, a organização das tribos em núcleos de caráter urbano e, sobretudo, o aproveitamento racionalizado de sua força de trabalho em atividades extrativas e agrícolas. Regulada a divisão do território entre as ordens, por meio de cartas régias (1687-1714), vários grupos de religiosos iniciaram a tarefa sistemática de colonização, espalhando suas missões num raio de milhares de quilômetros pelo vale amazônico.
Foram os carmelitas, acompanhados de perto pelos inacianos e mercedários, que mais aprofundaram a colonização nos antigos domínios espanhóis, ocupando a área atual do estado do Amazonas. As missões jesuíticas espalharam-se pelo vale contíguo do Tapajós e, mais a oeste, pelo do Madeira, enquanto os mercedários se estabeleceram próximo à divisa com o Pará, nos cursos do Urubu e do Uatumã. Os carmelitas disseminaram seus aldeamentos ao longo do Solimões, do Negro e, ao norte, do Branco, no atual estado de Roraima.
Assim distribuídas, as missões entregaram-se a diligente trabalho de exploração econômica em suas circunscrições. A própria metrópole incentivou tal empreendimento, uma vez que perdera seu império asiático e necessitava dar continuidade ao comércio de especiarias, de que o Amazonas se mostrava muito rico. Os religiosos corresponderam de imediato a essa solicitação, iniciando as primeiras atividades extrativas de vulto. Firmou-se, dessa maneira, a exportação regular de cravo, cacau, baunilha, canela, resinas aromáticas e plantas medicinais, toda ela sob o controle dos missionários, que dispunham do indígena como mão-de-obra altamente produtiva.
No empenho de converter os gentios à fé católica e de ampliar o comércio de especiarias, ou "drogas do sertão", os religiosos com freqüência transferiam suas missões de um ponto a outro, seguindo sempre a margem dos rios. Da multiplicidade desses aldeamentos surgiram dezenas de povoados, a exemplo de Cametá, no deságüe do Tocantins; Airão, Carvoeiro, Moura e Barcelos, no rio Negro; Santarém, na foz do Tapajós; Faro, no rio Nhamundã; Borba, no rio Madeira; Tefé, São Paulo de Olivença e Coari, no Solimões; e em continuação, no curso do Amazonas, Itacoatiara e Silves.Capitania do Rio Negro. Os sertanistas acompanharam os missionários na intensa atividade de exploração do Amazonas. Sua ação, em geral estimulada pelas autoridades coloniais, devia facilitar o trabalho dos provedores da fazenda, sob a direção dos quais corriam os serviços do fisco.
Desvendavam-se os caminhos, reconhecia-se o espaço em que se davam operações econômicas de vulto, e facilitavam-se as comunicações pelo interior. A expansão portuguesa, dessa forma, implantava-se cada vez mais firme no oeste, em toda a extensão longitudinal além do limite do Tratado de Tordesilhas, já letra morta em inícios do século XVII.
No Rio Negro, entretanto, a oposição indígena era violenta. Em 1639, o sargento Guilherme Valente, para vencer o obstáculo, passou a viver maritalmente com a filha de um chefe manau. Ajuricaba, outro chefe manau, não aceitou a situação e passou a liderar o combate aos invasores. Levantou o vale todo e sagrou-se o herói amazonense, lutando até cair prisioneiro dos portugueses. Buscando detratá-lo, os traficantes de escravos acusaram-no de estar a serviço dos holandeses de Suriname. Preferindo a morte ao opróbio de uma condenação pelos brancos, Ajuricaba suicidou-se na baía de Boioçu, depois de tentar a insurreição dos que com ele desciam presos. Criou-se então uma lenda indígena segundo a qual, quando as águas da baía se encapelam, estariam exteriorizando o desespero de Ajuricaba em seu afã de libertar a raça.
Nos anos seguintes, intensificaram-se as atividades espanholas e francesas na região. Para melhor defender a posse lusitana no Amazonas, o capitão Francisco da Mota Falcão fundou em 1669 o forte de São José do Rio Negro. Mais de cinqüenta anos depois, quando floresciam as missões naquela área, Francisco de Melo Palheta, incumbido de subir o Amazonas, alcançou Santa Cruz de Cajuava, localidade próxima a Santa Cruz de la Sierra (1722-1723). A seguir, as autoridades resolveram fechar à navegação o rio Madeira (1732), numa época em que a colonização de Mato Grosso atingia seu auge. A proibição, no entanto, não impediu que Manuel Félix de Lima e José Leme do Prado, entre 1742 e 1749, explorassem a área, em busca clandestina de especiarias, estabelecendo comércio no eixo Cuiabá-Amazonas-Belém.
A partir de 1750, quando se iniciaram negociações com a Espanha a propósito das terras invadidas e colonizadas, intentou-se a incorporação definitiva do Amazonas às possessões lusitanas. Foi nomeado comissário de demarcações o governador do estado do Maranhão, Francisco Xavier de Mendonça Furtado, que deveria realizar o levantamento da zona, tanto no norte (do Negro ao Japurá) como no sul (do Madeira ao Javari). Estabelecendo sua base de operações numa antiga missão carmelita do rio Negro, Mariuá (1754), rebatizada Barcelos, demorou-se aí dois anos. Datam dessa época a criação de pesqueiros para melhor abastecer os habitantes dos rios Negro, Branco e Solimões, e o incremento da cultura de cereais em toda a região.
Por fim, segundo sugestões de Mendonça, o governo português autorizou a criação da capitania de São José do Rio Negro (1755), separada do Pará. Visava-se, com o ato, a consolidar o domínio luso do Amazonas, ponto extremo setentrional dos limites com as possessões castelhanas. A disposição de incentivar os colonos a ocuparem o espaço da nova capitania revela-se, ademais, nos privilégios, prerrogativas e liberdades concedidos a quem lá fosse morar, compreendendo isenções de taxas, despesas de emolumentos, fintas e outros tributos pelo prazo de 16 anos.
Ao tomar posse o primeiro governador, Joaquim de Melo e Póvoas (1757), a capitania contava com 45 aldeias, das quais Silves, Serpa e São Paulo de Olivença foram logo elevadas à categoria de vila, com nova denominação. Ainda sob o governo de Póvoas desencadeou-se acirrada campanha contra os jesuítas, que resistiam à supressão de sua influência sobre os índios e eram acusados de não lhes ensinar a língua portuguesa, a fim de mantê-los sob controle, além de monopolizar o comércio das drogas em detrimento dos negociantes locais. O marquês de Pombal ordenou que fossem retirados à força das missões, expulsos da colônia e seqüestrados seus bens (1759).
A laicização dos antigos aldeamentos missionários, entretanto, não surtiu os resultados esperados. Além disso, a Companhia Geral do Comércio do Grão-Pará e Maranhão, criada para estimular as exportações através do desenvolvimento sistemático da produção daquelas capitanias (1755), fez estacionar as atividades extrativas de que vivia São José do Rio Negro. A nova capitania viveu, assim, durante todo o terceiro quartel do século, sob desigual concorrência econômica com as suas vizinhas orientais.
Extinta a Companhia Geral do Comércio, os governadores de Rio Negro puderam desenvolver atividades produtivas em maior escala. Assim é que João Pereira Caldas e Manuel da Gama Lobo d'Almada, os que mais se empenharam nesse sentido, deram novo impulso à capitania, elevando seu nível social e econômico. Na fase de relativa prosperidade, entre 1780 e 1820, criaram-se no Amazonas pequenas indústrias de tecidos de algodão, manufaturas de cordoalhas, manteiga de tartaruga, cerâmica e velas, além de se haver fomentado a agricultura de café, tabaco, algodão, arroz, milho, cacau, mandioca, cana-de-açúcar, e a pecuária no vale do Rio Branco. Nos últimos anos antes da independência, a capitania exportava em média, anualmente, cerca de cinqüenta mil libras esterlinas, ou seja, um terço da exportação total do Pará.
Ao lado desse progresso, incentivavam-se as explorações científicas, entre as quais se destaca a de Alexandre Rodrigues Ferreira, a fim de se examinarem terrenos e rios, com vistas a seu aproveitamento agrícola. Fizeram-se também minuciosos trabalhos topográficos e ecológicos, que muito contribuíram para melhor conhecimento da região, seus recursos e suas populações. Levando em conta a necessidade de se estabelecerem comunicações mais rápidas com Belém, o governador Almada transferiu, afinal, a sede administrativa de Barcelos para a confluência do Negro-Amazonas (1791), no local em que Mota Falcão erigira o forte de São José do Rio Negro, transformado então no povoado da Barra, hoje Manaus.
Desenvolvimento. A capitania teve sua vida política encerrada como unidade distinta ao advento da independência. Apesar dos esforços que sua população despendeu para que fosse graduada na condição de província do império nascente, tal não ocorreu. Houve certa perspectiva de êxito nos primeiros tempos, uma vez que conseguira mandar representantes às cortes de Lisboa, o que lhe assegura uma situação privilegiada. As autoridades locais entraram em conflito ao tratarem do futuro da ex-capitania, sustentando umas o direito de que o Rio Negro se constituísse província, enquanto outras, as judiciárias de preferência, sustentavam a tese de que a capitania era agora mera comarca do Pará, sem governo próprio.
Em 1832, dado o estado de espírito agitadiço que envolvia todo o vale, os amazonenses pegaram em armas, desligando a comarca de sua subordinação à província paraense e proclamando-a província imperial. O pronunciamento foi esmagado pelas armas, sem que o governo imperial atendesse às razões apresentadas pelos amazonenses, que enviaram ao Rio de Janeiro um delegado, o religioso frei José dos Santos Inocentes. Em 1833, passou a denominar-se Comarca do Alto Amazonas, governada por um juiz de direito e por um comandante militar.
No período colonial levantara-se uma rede de fortificações para garantir o domínio português: São Joaquim, São Gabriel de Cachoeira, Maribatanas e Tabatinga. O comando militar resultava da necessidade de continuar a política de preservação do território que fronteirava com cinco repúblicas de origem espanhola e a antiga Guiana Britânica.
Cabanagem. A comarca manteve-se fiel ao legislativo no decorrer da cabanagem, movimento da população de raízes indígenas contra os dirigentes que lhes pareciam estranhos às suas aflições, bem como protesto contra distâncias sociais e econômicas que não lhes permitiam o acesso ao bem-estar material nem aos postos da mais alta administração regional. Com a invasão dos cabanos, que obtiveram grandes adesões, Manaus, assim como várias outras vilas, esteve em mãos dos rebeldes. Um caudilho legalista pernambucano, Ambrósio Aires, cujo nome de guerra era Bararoá, e que cumpria sentença por crime político no Rio Negro, combateu com bravura, perdendo a vida numa surtida nos Autazes. Apolinário Maparajuba foi o chefe cabano de maior nomeada.Província. Em 1850, pela lei nº 592, de 5 de setembro, a comarca foi promovida a província, aspiração das populações amazonenses que se julgavam preteridas em seus direitos de autonomia. Um projeto a respeito fora apresentado ao Parlamento imperial em 1826. Os presidentes do Pará por mais de uma vez haviam sustentado perante o ministro do Império o acerto da providência. A instalação ocorreu a 1º de janeiro de 1852. Tenreiro Aranha, o primeiro presidente, criou os serviços públicos básicos. As rendas, no entanto, eram precaríssimas. O Pará e o Maranhão, por determinação do governo nacional, supriram as deficiências com a remessa de numerário durante alguns anos. Facilitando a montagem de uma tipografia, Aranha possibilitou a circulação do primeiro jornal, o Cinco de Setembro.
Seguiram-se, na administração da província, 62 presidentes e vice-presidentes em exercício. O progresso era lento. O crescimento demográfico não expressava dinamismo. A navegação a vapor, resultante da ação do barão de Mauá e de Alexandre Amorim, permitiu a circulação de mercadorias e de pessoas, diminuindo as distâncias. As flotilhas de pequenas embarcações, que serviam ao vaivém mercantil, perderam substância. O "regatão", mercador fluvial que substituíra o comerciante das vilas e cidades, embora praticando abusos continuou a servir ao homem isolado pelo deserto.Expedições científicas. Homens de ciência como Henry Walter Bates, Louis Agassiz, Von Martius, João Martins da Silva Coutinho, William Chandless, continuando o esforço de Alexandre Rodrigues Ferreira, identificaram a flora, a fauna, o solo, o subsolo, os grupos indígenas. O Museu Botânico, fundado em Manaus em 1883 por Barbosa Rodrigues, recolhia o material que se coletava na floresta e nas águas. Manuel Urbano da Encarnação, descendente direto de índios muras, foi o grande desbravador do vale do Purus-Acre, servindo de guia às expedições científicas, nos contatos com as populações primitivas e no início da ocupação econômica da região. As levas de nordestinos que começaram a chegar promoveram essa ocupação do interior, iniciando o rush da borracha. O Acre é uma resultante dessa façanha que reproduzia o episódio do bandeirismo colonial.
República. Em 10 de julho de 1884 a província declarou extinta a escravidão, libertando os trabalhadores negros. A Sociedade Emancipadora Amazonense e mais outras nove associações que se espalhavam pela capital e pelo interior, movimentaram a causa.
Estabelecida a república em 21 de novembro de 1889, foi nomeado governador o tenente Ximeno Villerroy. Três governantes, Taumaturgo de Azevedo, Antônio Clemente Ribeiro Bitencourt e Turiano Meira, sofreram deposição.
Nas administrações Eduardo Ribeiro, Jônatas Pedrosa e Alcântara Bacelar, a luta política exteriorizou-se mais intensamente por meio de pronunciamentos armados com derramamento de sangue. Um tipo estranho, espécie de caudilho caboclo, Guerreiro Antoni, comandou agitações, galvanizando a opinião estadual. Eduardo Ribeiro, maranhense, cercou-se de prestígio popular. Iniciou a obra urbanizadora de Manaus, assegurando-lhe muito da feição típica que possui; aterrou igarapés, abriu ruas, avenidas, praças, construiu edifícios públicos.
O fastígio da borracha. A borracha dos seringais do Purus-Acre, do Juruá e do Madeira projetava o Amazonas no cenário mundial. Manaus tornou-se um dos mais famosos centros exóticos da Terra. Em seu teatro, decorado por artista italiano, com zimbório trazido do pavilhão de festa da Exposição de Paris, apresentavam-se as melhores companhias européias. Homens e mulheres de todas as cores e de todos os continentes encontravam-se em Manaus. De todo o país, médicos, bacharéis, jornalistas, engenheiros, agrônomos, comerciantes e operários iam "fazer o Amazonas". Navios das mais variadas bandeiras fundeavam no porto. Este era uma construção típica, realizada sobre tambores, que subiam e desciam ao sabor do movimento das águas. O amazonense era o maior contribuinte, per capita, do erário federal. Nos seringais, bebiam-se as melhores bebidas, comia-se o enlatado mais fino do Velho Mundo.
O presidente Afonso Pena, ao visitar a capital amazonense, declarou: "Manaus é uma revelação da república". Manaus absorveu quase todo o rush da borracha. Os demais centros urbanos, em conseqüência, não se desenvolveram. Tudo isso entrou em colapso com a emigração da Hevea para o Oriente e a concorrência daquele mercado. O funcionalismo deixou de receber os vencimentos. Numa administração, durante quatro anos houve o calote oficial aos servidores -- o que explicou a adesão popular ao pronunciamento que eclodiu em São Paulo em 1924 e teve repercussão imediata em Manaus. Até então, os homens que comandavam a política, a vida intelectual e econômica eram, na sua quase totalidade, de fora.
O "glebarismo" foi o movimento cívico que, depois de 1930, desfraldou a bandeira do Amazonas para os amazonenses. Os homens públicos que exerceram o governo daí em diante -- exceção de dois interventores federais do período ditatorial -- foram, em conseqüência, todos amazonenses. A vida política processou-se sem particularidades de monta. O movimento paulista de 1932 ecoou no estado no combate naval travado em frente à cidade de Itacoatiara entre forças legais, terrestres e navais, e rebeldes da guarnição de Óbidos.
A criação dos territórios federais de Rondônia e Roraima, que provocou mal-estar, desfalcou o estado em área e população. Os municípios de Porto Velho e Boa Vista passaram àqueles territórios. Pela lei no 117, de 29 de dezembro de 1956, que fixou a divisão territorial, administrativa e judiciária, os antigos 28 municípios desmembraram-se, elevando-se para 44.
A população aumentou num ritmo relativamente lento. Em 1850, somava cerca de trinta mil habitantes; cem anos depois, perto de meio milhão. Os contingentes nordestinos, denominados "arigós", levados no decorrer da segunda guerra mundial para a restauração dos seringais e produção intensiva de borracha necessária à indústria bélica americana, não constituíram um peso ponderável. Ao invés da mortalidade que teria ocorrido e de que tanto se falou naquela época, o que houve foi um regresso dos imigrantes que não se integraram no novo meio. Muitos, depois de encerrada a "batalha", instalaram-se em Manaus, que cresceu na área suburbana e no comércio de rua.A imigração estrangeira não teve expressão quantitativa. A contribuição japonesa, iniciada às vésperas de 1930, foi reduzida. As colônias de Maués, Parintins e Bela Vista não atingiram concentrações significativas.
A partir de 1930, o governo federal passou a se empenhar no sentido de valorizar o grande vale equatorial. Dispondo de grandes reservas de terra e apresentando um índice demográfico muito baixo (cerca de 250.000 habitantes em 1900, 450.000 em 1940 e 720.000 em 1960), o Amazonas despertou o interesse internacional para a inversão de capitais em seu povoamento e na exploração de seus múltiplos recursos naturais. A tese da internacionalização da bacia, sustentada por James Bryce (1912) e Prescott Webb (1952), chegou a ser proposta por entidades científicas, a exemplo da Academia de Ciências de Washington, da UNESCO e do Instituto Hudson de Nova York.Em contrapartida, o governo federal elaborou vários projetos visando à recuperação do interior, a fim de articular o desenvolvimento em todo o território nacional. No Norte, criou-se a Superintendência do Plano de Valorização Econômica da Amazônia (SPVEA, 1953), que, mostrando resultados insatisfatórios, foi transformada na Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (Sudam, 1966). Promulgaram-se ao mesmo tempo leis de amparo à iniciativa privada, como a de incentivos fiscais para a instauração de empreendimentos no setor da agroindústria. Instalaram-se no Amazonas, dessa forma, fábricas, moinhos de trigo, refinaria e usina, além da abertura de uma zona franca em Manaus.
A partir da década de 1960, rompeu-se em definitivo o isolamento do Amazonas por meio de sua incorporação ao sistema rodoviário brasileiro, com a abertura de estradas como as de Manaus-Porto Velho, Manaus-Itacoatiara, Manaus-Manacapuru e Manaus-Boa Vista, todas confluindo para o eixo das comunicações interiores que têm como centro Brasília.
O leito da Transamazônica, por outro lado, corta o Amazonas desde Jacareacanga, no Pará, até Humaitá, no rio Madeira, daí ligando-se a Lábrea, no rio Purus, ponto de convergência para Boca do Acre e Benjamin Constant, no Solimões (fronteira com o Peru), após atravessar os vales do Coari, do Juruá, do Jutaí e do Jandiatuba. Do ponto de vista regional, a abertura desses vários troncos contribui para a colonização e desenvolvimento econômico do Amazonas, bem como possibilita exploração mais sistemática de lençóis de petróleo e jazidas de manganês e estanho em artérias vitais do estado.
Em 1987, o governo federal anunciou a descoberta de depósitos de petróleo de boa qualidade, que se acreditava alcançar volume igual a todas as reservas então conhecidas no país. A questão ecológica, avultada nessa década, exacerbou-se em 1989, com um movimento internacional pela preservação da Amazônia, desencadeado após o assassinato do ecologista e líder sindical Chico Mendes, no Acre. Nos primeiros anos da década de 1990, a Zona Franca de Manaus enfrentou uma profunda recessão, que atingiu basicamente a indústria de eletro-eletrônicos, plásticos e vidros, o que aumentou drasticamente o desemprego na região.

Cultura e turismoAs mais importantes entidades culturais do estado são o Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas, o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, a Academia Amazonense de Letras e a Associação Comercial do Amazonas, todas na capital. A Universidade Federal do Amazonas foi fundada em 1965.
Das bibliotecas registradas no estado, as mais importantes, além das pertencentes às entidades acima, são a Biblioteca Pública do Amazonas e a Biblioteca Central da Universidade do Amazonas. Vários municípios, agências do IBGE e missões religiosas mantêm pequenas bibliotecas públicas. Entre os museus, cabe destacar o do Homem do Norte, o do Índio e o de Ciências Naturais.
O único centro de atração turística do estado é a cidade de Manaus. Destacam-se na cidade, além do Teatro Amazonas, construído na época áurea da borracha em estilo renascentista italiano, os seguintes monumentos: o palácio Rio Negro, sede do governo estadual; o palácio Rio Branco, onde se encontra uma excelente coleção de numismática; o palácio da Justiça e do Comércio; o Hotel Amazonas; o edifício da Alfândega; a catedral de Nossa Senhora da Conceição.
Outra atração turística consiste em passeios de barco pelos rios Negro e Amazonas, sobretudo na área onde se verifica o encontro das águas dos dois rios, de cores diferentes. Outros pontos de interesse são as piscinas naturais de Flores, Turumãzinho e Bosques; as praias fluviais de Ponta Negra e Cacau Pirera; e a cachoeira de Turumã Grande. A melhor época para pesca é o período de setembro a novembro.

FolcloreEntre as festas populares, as mais importantes são a folia de são Benedito, a festa de são Roque (16 de agosto), a festa do Divino (domingo de Pentecostes), a Alumiação (2 de novembro). Cabe mencionar ainda o Boi de Reis; o Boi-Bumbá (variante do bumba-meu-boi do Nordeste), que se realiza durante os festejos de são João; e a Meia-Lua, procissão fluvial no rio Amazonas.Região de folclore riquíssimo, existe no Amazonas toda uma série de entidades lendárias de origem indígena, entre os quais há que destacar o urutau, símbolo da quietude; o maguapari, monstro das florestas; o boto, ser encantado em peixe; o uirapuru, pássaro encantado; o muiraquitã, talismã de pedras verdes; a boiúna, a quem são atribuídos os acontecimentos mais inverossímeis; o curupira, demônio da floresta, representado por um anão de cabeleira rubra e pés ao inverso; o mapinguari, animal fabuloso, semelhante ao homem, mas todo cabeludo; o poronominare, herói de um ciclo de aventuras; e o uiauara, duende assombrador.
A culinária típica do Amazonas também é bastante diversificada. Os pratos mais famosos são o abunã ou arabu, pirão de ovos de tartaruga ou outro quelônio, com farinha e açúcar; a farofa do casco, servida com prato de tartaruga; a maniçoba, pirão de farinha de mandioca, que se come com cozido; o pacicá, quitute preparado com os miúdos da tartaruga, temperados e cozidos no próprio casco; o peito de forno, um picado de tartaruga, temperado com limão, sal e pimenta; o tacacá, papa de goma que se junta ao tucupi, que é por sua vez, um dos molhos tradicionais da Amazônia.


História do Pará


A região onde hoje se encontra o Estado do Pará foi diversas vezes invadida desde o início do século XVI, por holandeses e ingleses em busca de sementes de urucum, guaraná e pimenta. A ocupação portuguesa consolidou-se em 1616, com a fundação do Forte do Presépio, mais tarde denominado Forte do Castelo, na baía de Guajará, que deu origem à cidade de Belém. Em 1621, o território passa a fazer parte da província do Maranhão e Grão-Pará, integração criada com o objetivo de melhorar as defesas da costa e os contatos com a metrópole, uma vez que as relações com a capital da colônia, Salvador, localizada na costa atlântica, eram dificultadas pelas correntes marítimas. No século XVII, a região conheceu um período de grande prosperidade, com a proliferação de lavouras de café, arroz, cana-de-açúcar, cacau e tabaco, além de fazendas de gado. A integração do Maranhão e Grão-Pará foi desfeita em 1774, época que coincidiu com certa estagnação da economia local. No final do século XIX, no entanto, o crescimento econômico foi retomado, a partir da exploração da borracha, que trouxe grande desenvolvimento para a região norte do País. Ao longo do século XIX ocorreram no Pará alguns movimentos de insurgência contra Portugal, entre os quais se destaca o movimento popular da Cabanagem, ocorrido em 1835 e sufocado em seguida, que chegou a decretar a independência da província e instalar um novo governo em Belém. Origem do NomeA origem do nome Pará vem do termo Pa’ra, que significa rio-mar na língua indígena tupi-guarani. Era como os índios denominavam o braço direito do rio Amazonas, engrossado com as águas do rio Tocantins, que o torna tão vasto ao ponto de não se poder ver a outra margem, mais parecendo um mar do que um rio. Ao chegarem à região, os portugueses deram primeiramente o nome à terra de Feliz Luzitânia, que foi depois substituído pelo de Grão-Pará (grande rio), para finalmente, se tornar apenas Pará. Fonte: http://www.mre.gov.br/


História do Tocantins


O extremo norte de Goiás foi desbravado por missionários católicos chefiados por Frei Cristovão de Lisboa, que em 1625 percorreram a área do rio Tocantins, fundando ali uma Missão religiosa. Nos dois séculos que se seguiram, a corrente de migração vinda do norte e nordeste continuou a ocupar parte da região. Pelo sul, vieram os bandeirantes, chefiados por Bartolomeu Bueno, que percorreram toda a região que hoje corresponde aos Estados de Goiás e Tocantins, ao longo do século XVIII. Na região existiam duas culturas diferentes: de um lado, a dos sulistas, originários de São Paulo, e, do outro, os nortistas, de origem nordestina.As dificuldades de acesso à região sul do Estado, por parte dos habitantes do norte, os levaram a estabelecer vínculos comerciais mais fortes com os Estados do Maranhão e Pará, sedimentando cada vez mais as diferenças e criando o anseio separatista. Em setembro de l821, houve um movimento que proclamou em Cavalcante, e posteriormente em Natividade, um governo autônomo da região norte do Estado. Cinqüenta e dois anos depois, foi proposta a criação da Província de Boa Vista do Tocantins, projeto não aceito pela maioria dos parlamentares do Império. No ano de l956, o juiz de Direito da Comarca de Porto Nacional elaborou e divulgou um "MANIFESTO À NAÇÃO", assinado por numerosos nortenses, deflagrando um movimento nessa Comarca, que revigorava a idéia da criação de um novo Estado.Em l972, foi apresentada pelo Presidente da Comissão da Amazônia, da Câmara dos Deputados, o Projeto de Redivisão da Amazônia Legal, do qual constava a criação do Estado de Tocantins, aprovada em 27 de julho de l988, pela Comissão de Sistematização e pelo Plenário da Assembléia Nacional Constituinte. Seu primeiro Governador, José Wilson Siqueira Campos, tomou posse em 1º de janeiro de l989, na cidade de Miracema do Tocantins, escolhida como capital provisória do novo Estado, até que a cidade de Palmas, a atual capital, fosse construída.


Região Norte


Região Norte do Brasil
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Região Norte do Brasil

Região Geoeconômica
Amazônica
Estados
AC, AP, AM, PA, RO, RR e TO
Características geográficas
Área
3.869.637,9 km²
População
15.023.331 hab. IBGE/2005
Densidade
3,77 hab./km²
Indicadores
IDH médio
0,790 PNUD/2005
PIB
R$ 93.433 milhões IBGE/2003
PIB per capita
R$ 6.500,47 (IBGE/2003)
A Região Norte é uma das cinco regiões brasileiras. É formada por sete estados: Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins. A Região Norte está localizada na região geoeconômica da Amazônia entre o Maciço das Guianas (ao norte), o Planalto Central (ao sul), a Cordilheira dos Andes (a oeste) e o Oceano Atlântico (a noroeste). Na região predomina o clima equatorial com exceção do norte do Pará, do sul do Amazonas e de Rondônia onde o clima é tropical.
As principais cidades da região são: Belém, Macapá, Manaus, Porto Velho, Rio Branco, Santarém, Ananindeua, Boa Vista, Palmas, Araguaína, Gurupi, Porto Nacional, Paraíso do Tocantins, Marabá, Parintins, Tabatinga, Vilhena, Altamira, Coari, Santana e Cruzeiro do Sul.
Na região predominam os seguintes aspectos naturais: floresta densa e heterogênea, clima quente e úmido, rios extensos e caudalosos drenando terras de altitude geralmente pouco elevada.

História do Maranhão


Historia do Maranhão
Foram os espanhóis os primeiros europeus a chegarem, em 1500, à região onde hoje se encontra o estado do Maranhão. Em 1535, no entanto, verificou-se por parte dos portugueses uma primeira tentativa fracassada de ocupação do território. Foram os franceses que realizaram a ocupação efetiva iniciada em 1612, quando 500 deles chegaram em três navios e fundaram a França Equinocial. Seguiram-se lutas e tréguas entre portugueses e franceses até 1615, quando os primeiros retomaram definitivamente a colônia. Em 1621, foi instituído o estado do Maranhão e Grão-Pará, com o objetivo de melhorar as defesas da costa e os contatos com a metrópole, uma vez que as relações com a capital da colônia, Salvador, localizada na costa leste do oceano Atlântico, eram dificultadas devido às correntes marítimas. Em 1641, os holandeses invadiram a região e ocuparam a ilha de São Luiz, nomeando o povoado em homenagem ao rei Luiz XIII. Três anos depois, foram expulsos pelos portugueses. A separação do Maranhão e Pará veio a ocorrer em 1774, após a consolidação do domínio português na região. A forte influência portuguesa no Maranhão fez com que o estado só aceitasse em 1823, após intervenção armada, a independência do Brasil de Portugal, ocorrida em 7 de setembro de 1822.
No século XVII, a base da economia do estado encontrava-se na produção do açúcar, cravo, canela e pimenta; no século XVIII, surgiram o arroz e o algodão, que vieram a se somar ao açúcar, constituindo-se estes três produtos a base da economia escravocrata do século XIX. Com a abolição da escravatura, a 13 de maio de 1888, o estado enfrentou um período de decadência econômica, do qual viria a se recuperar no final da primeira década do século XX, quando teve início o processo de industrialização, a partir da produção têxtil.
O estado do Maranhão recebeu duas importantes correntes migratórias ao longo do século XX. Nos primeiros anos chegaram sírio-libaneses, que se dedicaram inicialmente ao comércio modesto, passando em seguida a empreendimentos maiores e a dar origem a profissionais liberais e políticos. Entre as décadas de 40 e 60 chegou grande número de migrantes originários do estado do Ceará, em busca de melhores condições de vida na agricultura. Dedicaram-se principalmente à lavoura de arroz, o que fez crescer consideravelmente a produção do estado.
São Luis - A capital do estado do Maranhão foi fundada em 1612, na ilha de São Luiz, às margens da baía de São Marcos, do oceano Atlântico e do estreito dos Mosquitos. Povoada originariamente pelos franceses no século XVII, atualmente sua população compõe-se de aproximadamente 53% de mulheres e 47 % de homens. A economia local baseia-se primordialmente na indústria de transformação de minérios e no comércio.
As principais atrações turísticas da cidade encontram-se na chamada Praia Grande, onde antigos casarões cobertos de azulejos evidenciam a influência portuguesa na arquitetura local. O bairro, restaurado quase por inteiro pelo Projeto Reviver, é ponto cultural de destaque na cidade. Dispõe de teatro, cinema, bares, lanchonetes, restaurantes e serviços para turistas. O Reviver recuperou cerca de 107 mil m2, mais de 200 prédios, substituiu toda a rede elétrica e proibiu o tráfego de veículos. A obra, estimada em US$ 100 milhões, devolveu à Praia Grande o antigo cenário de centro comercial e cultural da cidade do século XIX, quando São Luiz era chamada de Atenas brasileira. Entre os principais locais procurados por turistas encontram-se o Largo do Palácio; o Cais da Sagração, onde costumavam ancorar os navios antigos, que levavam carregamento de açúcar; o Palácio dos Leões, local onde até 1615 funcionou o forte que protegia a capital da França Equinocial e até 1993 era a sede do governo estadual; a Catedral da Sé, construída pelos Jesuítas em 1726; a igreja do Carmo, construída em 1627, uma das mais antigas da cidade; o Museu de Artes Visuais, com trabalhos de artistas maranhenses e azulejos europeus dos séculos XIX e XX; o Museu de Arte Popular, que funciona também como centro de cultura popular; o Teatro Arthur Azevedo, construído entre 1815 e 1817, o primeiro a ser construído em uma capital de estado brasileiro; e a Fonte do Ribeirão (1796), que possui três portões de ferro dando acesso a passagens subterrâneas que servem para escoamento de águas pluviais; a Feira da Praia Grande, que funciona em um prédio do século XIX, exibindo em um de seus portões as armas do Império em relevo. Trata-se do único exemplar em São Luís, que escapou da depredação depois de instituído o regime republicano. Hoje, são comercializados víveres, frutas regionais, artesanato, mariscos e peixes no local.
Existem várias praias cobertas de dunas de areia nas redondezas de São Luiz. Algumas delas apresentam certo perigo a banhistas, devido às ondas que quebram a 7 m de altura. Entre as mais populares encontram-se a praia do Calhau; a de Ponta da Areia, onde se encontram as ruínas do Forte Santo Antonio (1691); de São Marcos, com as ruínas do Forte de São Marcos, do século XVIII; e a praia de Araçaji, uma das mais bonitas dessa faixa litorânea. O Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses, localizado em Primeira Cruz, ainda não possui infra-estrutura para visitantes. Existem 12.010 escolas de ensino básico no estado do Maranhão; 300 escolas de ensino médio; e quatro escolas de nível superior. Em 1995, os analfabetos representavam 32% do total da população.
Indígenas - A população indígena do estado do Maranhão soma 12.238 habitantes, distribuídos entre 16 grupos que vivem numa área total de 1.908.89 hectares. Desse total, aproximadamente 86% (1.644.089 hectares), que representam 14 áreas, já se encontram demarcadas pela Fundação Nacional do Índio (FUNAI), órgão do Governo Federal(9). Cerca de 14%, que correspondem a 264.000 hectares e incluem apenas duas áreas (Awá e Krikati) ainda estão em processo de demarcação, embora sejam ocupadas pelos índios. O grupo mais numeroso é o dos Araribóia, com população de 3.292 habitantes, que ocupa área de 413.288 hectares, já demarcada pela FUNAI, no município de Amarante. O Cana Brava Guajajara é o segundo grupo em tamanho da população, com 3.143 índios que ocupam 137.329 hectares nos municípios de Barra do Corda e Grajaú.
Por Ilmar R. de Mattos e Daniella Calábria João Francisco Lisboa analisa em seu livro "Apontamentos para a História do Maranhão", de l852, os acontecimentos gerados pelo descontentamento criado pela introdução do estanco - comércio de produtos monopolizados pelo Estado - que tiveram sua culminância na Revolução do Maranhão de l684, episódio conhecido como a "Revolução de Beckman". O objetivo deste trabalho é analisar algumas das significações que Lisboa emprestou a "povo", "moradores", "cidadãos", "plebe" e "turba": a relação entre "povo" e "herói" e seus conceitos de "ordem" e "desordem". Povo é o elemento passivo, apesar de agente da desordem, porque é nele que agem as forças coletivas, não pode controlar as ações, ao contrário, é levado por elas, tornando-se, então, a força incontrolável que irrompe em excessos e conduz à desordem. O sujeito da ação dos eventos narrados é Manuel Beckman, personagem que agrega os valores capazes de lhe conferir a condição de um herói. Mesmo assim, com o desenrolar dos acontecimentos, ele também passará a ser afetado pelas forras coletivas. Mas vejamos como Lisboa se vale do uso do termo "povo", contraposto ao de "moradores", até o momento em que os acontecimentos revolucionários explodem na cidade. Os "moradores" são a elite da cidade enquanto a ordem é mantida e estão claramente separados do "povo. Contudo, a partir do momento em que a opressão a que esses proprietários estão sendo submetidos a partir da introdução do estanco se explicita, esta elite transforma-se, na narrativa de Lisboa, em "Povo". É explícita a identificação do "povo" com uma situação de opressão. Este é o momento em que se alternam as designação de "moradores" e "Povo". Entretanto, este "Povo", constituído pela elite, jamais será igual ao "povo", formado pela plebe. Existe, porém, um termo intermediário nesta transição de "moradores" para "Povo" "cidadão", que surge para designar os moradores uma vez que assumam parte ativa em uma situação política; termo que só permanece enquanto não surgem nenhum tipo de ação identificada com uma subversão da ordem. Isso significa dizer que permanecem cidadãos enquanto se mantêm no âmbito da reflexão , passando a tornar-se"Povo" se partem para a ação propriamente dita. Esta idéia nos permite uma aproximação com as observações de Michelet no livro "O Povo", de l846. Interessante porque, ambos se consideram liberais e poucos anos separam as duas obras. Podemos usar, portanto, algumas chaves presentes em Michelet para interpretar Lisboa. Em ambos os escritores está presente a idéia de que o povo é arrastado por grandes forças coletivas; bem como, a distinção que fazem entre "homens de reflexão", binômio de onde emergirá afigura do herói, ou para usar a denominação de Michelet, do gênio individual. Apesar do povo ser "arrastado pelas grandes forças coletivas", o que Michelet considera mais interessante no povo é a sua capacidade de ação, por esta razão, segundo ele, o maior erro que as pessoas do povo podem cometer é abandonar os "seus instintos" e lançar-se em busca das "abstrações e generalidades", que, inversamente, caracterizam os homens das altas sociedades, que os fazem ser, "homens de reflexão". O intuito de Michelet era resgatar a imagem do povo, porém, na verdade, esse objetivo ia além: ele estava descrevendo uma fórmula para salvação do povo, função esta, que caberia ao gênio individual, o herói: "O povo, em sua concepção mais elevada, dificilmente se encontra no povo. Quer eu o observe aqui ou ali, não se trata dele, mas de uma classe, uma forma parcial do povo, alterada e efêmera. Em sua verdade, em seu poder maior, ele só existe no homem de gênio; neste é que mora a grande alma... Essa voz é a voz do povo; mudo pôr si, ele fala pela boca deste homem..., e nele, finalmente, todos são glorificados e salvos". O limite a que chegou Michelet ao abordar o tema "povo" é revelado pela inversão que faz: ao invés de colocar o homem de gênio no povo, coloca o povo dentro do homem gênio. No caso de Lisboa, o herói, em nenhuma de suas componentes, saí do seio do povo,partilha de elementos comuns com o povo ou o carrega em sua alma, como em Michelet; ao contrário, o herói é uma personagem que atravessa a fronteira entre a elite e o povo e ', é por causa dos valores que, por um lado, o destacam singularmente; e por outro, carregar consigo deberço , que o habilitam a desempenhar este papel. O heroísmo que Beckman representa não está em momento algum a serviço do povo para resgatá-lo de sua posição. Seu heroísmo existe para reagir à injustiça e à opressão que, aliás, são sofridos mais diretamente pelos proprietários submetidos à tiraniado estanco e à proibição do livre comércio. A designação de Povo que Lisboa emprega serve para nomeara elite que está submetida à opressão . O povo identificado com a maior gama da população é indicado mais propriamente pelas designações de turba, multidão ou plebe. A política da Corte, "para não contrariar a prática seguida no Estado em ocasiões semelhantes" era fazer as coisas de modo a que, pelo menos, em aparência se dessem pela aceitação voluntária da parte do povo. O que importava era que não se subvertesse a rotina naquele lugar. A novidade maléfica é a revolução que se anuncia através de uma série de pequenos incidentes que acabam por degenera-se até causar a deflagração da desordem no sistema. É exatamente isto que diz Francisco Lisboa "... em regra as crises natureza nunca deixam de trazer consigo todos os elementos indispensáveis a seu completo desenvolvimento". Esta mentalidade é a marca da permanência e da continuidade mantidas pela Corte como garantia da manutenção de seu poder. As calamidades naturais entram no rol das causas gerais que se acumulam para agir de uma só vez, culminando no processo incontrolável que escapa ao controle humano e leva à revolução. O "povo" é o elemento impulsionado pelas "causas gerais", não possui ação própria, ele é mostrado como uma massa passiva pronta a ser conduzida. É um acidente o estopim que detona a crise - o elemento próprio da situação de desordem, contido naturalmente no processo de degeneração. Este acidente é a aparição da voz que levará atrás de si a multidão: a figura do revolucionário. A multidão sozinha, como já acentuado, jamais poderia levar este processo adiante. Para desempenhar este papel, Beckman sofre um rito de passagem através de um rebaixamento à condição do homem comum, o que se dá quando ele "ata o seu destino ao destino do povo" atravessando a distância que separa a elite privilegiada do homem do povo, passando a participar"da miséria e opressão comuns" sendo, portanto, "dominado e arrastado pelas mesmas idéias e paixões, que eram de todos". Isso faz com que Beckman não possa ter mais total controle da situação. Entretanto, esta situação não é absoluta já que Beckman nunca completa esta transição. Ele fica em uma situação intermediária entre o mundo da elite e o mundo do povo, entre o seu status nobre de "homem de reflexão" e o rebaixamento a "homem de ação". É esta localização especial que o habilita a conduzir as multidões e, sob este aspecto, ele representa o protótipo do herói. A voz de Beckman, o líder, ao conduzir as novas ordens se confunde com a ação da multidão. Sua voz torna-se a própria ação. Mas é também , ao mesmo tempo, pela posição intermediária que ocupa, o elemento de moderação capaz de controlar a selvageria do povo, que a esta altura, já aparece representado totalmente por uma multidão que não possui mais faces identificáveis, é somente "povo", e o "povo" entregue a seu estado completo, torna-se "plebe", e junto com ela, estará sempre presente a perspectiva de violência, permanecendo, entretanto, a separação entre os líderes e o "povo", antepostos como nobres diante da plebe furiosa. Segundo o relato, fica claro que Beckman não teria tido o intento de instalar uma nova ordem, mas, pelo contrário, restaurar a antiga. A manutenção da ordem mínima, surge como um ponto de honra a ser preservado pelos "melhores cidadãos", coisa muito diferente do que poderia fazer a "plebe". Com o passar do tempo, começa a aparecer toda a inconstância do "povo", característica da falta das virtudes identificadas com a firmeza de propósitos e com a tenacidade próprias somente do herói. Gradualmente, a ordem começa a ser restabelecida, e com a normalidade, a rotina. É o retorno do mundo da permanência suplantado o instante fugaz da novidade revolucionária. Está demonstrada a instabilidade do povo, que parece saudar o fim da revolução com o mesmo entusiasmo com que abraçara a sua causa. A moral da história parece querer dizer que o "povo", enfim, ama a normalidade: O início dos infortúnios de Beckman dera-se com o rompimento com o acordo tácito que mantinha as aparências "da aceitação voluntária do povo". A revolução de Lisboa não é alteração radical das bases em que se apoiam a sociedade brasileira, a glória que destaca da revolta do Maranhão não é o fato de haver sido uma revolução, mas o heroísmo de Beckman. Sobre revoluções, Lisboa não as apoia, sua atração pelo tema restringe-se às discussões entre homens ilustrados, entre os "homens de reflexão", lugar onde ele mesmo se situa, e de onde pode encontrar a legitimidade e a justiça de uma revolução, que seria um movimento, como já se disse, voltado, unicamente, contra as injustiças e a falta de liberdade política e econômica para aqueles que identifica como cidadãos. Vai nesse sentido o liberalismo de Lisboa. Poderia parecer absurdo, que Lisboa acabe reverenciando a revolução pela sua moderação, "respeito à vida", à "fazenda" e aos direitos dos adversários". O respeito à "fazenda", serve para diferenciar estas de outras revoltas menos nobres descritas como "simples fatos materiais", enquanto que, por outro lado, uma revolução feita de idéias poderia, facilmente, permanecer restrita aos salões da República das Letras, em perfeito isolamento dos ditames da tão temida necessidade. É ao intelecto que deve estar ligada a revolução e não à necessidade. Esta é a divisão entre "homens e reflexão" e "homens de ação", de que nos fala Michelet, e que parece fornecer os limites do mundo de Francisco Lisboa. Bibliografia Lisboa, J. Francisco. Crônica do Brasil colonial: apontamentos para a história do Maranhão, Petrópolis: Vozes, l976. Michelet, Jules. O Povo, SP: Martins Fontes, l988. O PADRE VIEIRA NO REINO DA MENTIRA Por Voltaire Schilling Padre Vieira ( 1608-1697) Por quase dez anos, de 1652 a 1661, o Padre Vieira viveu no Estado do Maranhão, então província do império luso, numa espécie de exílio. Brigado com a gente da corte, designaram-no, os seus superiores da Companhia de Jesus, a vir a assumir a \" missão do Maranhão\" , que logo ele verificou ser dificílima. Mas o padre Vieira, orador prodigioso, talvez o maior homem das letras portuguesas em todos os tempos, não era de se conter, de contornar, de suavizar. Gigante em terra de anões, Guliver no país de Liliput, ele legou sermões memoráveis, nada digeríveis, desancando os vícios da gente local com sua verve prodigiosa e indignada. A geografia do Diabo \" A verdade que vos digo, é que no Maranhão não há verdade\" Padre Vieira- Sermão da Quinta Dominga da Quaresma, S.Luís, 1654 Consta numa das tantas lendas que correm sobre o Diabo, lembrada pelo Padre Vieira, que aquele, saindo dos infernos, desabou-se por sobre a Europa. Partiu-se, porém, em pedaços que se espalharam por todos os lados. A cabeça, chifre e tudo, caiu na Espanha, daí os espanhóis terem os miolos quentes, os seus pés caprinos foram parar na França, daí lá gostarem de dançar e de se agitar, enquanto que o ventre satânico foi parar na Alemanha, o que explicava a gula daquele povo, sempre envolvido nos chucrutes, embeiçando-se atrás das partes do porco, cozidas ou assadas, tanto faz. E a língua do demo, indagou o Padre Vieira, onde teria ela ido parar? Supôs que em Portugal. Resultava disso que da Vila do Castelo à Vilamoura, do extremo norte ao extremo sul do reino, imperava aquela mania do falatório, da maledicência, do fuxico e da intriga. Tão prodigiosa era a fartura de palavras ruins em português que um tal de Drexelio, com elas, preparou um Abecedário dos Vícios da Língua. E o que encontraríamos se consultássemos, por exemplo, o verbete dedicado à letra \" M\", o. M. de Maranhão. Ora, respondeu o padre categórico: \" M. de murmurar, M. de motejar, M. de maldizer, M. de malsinar, M. de mexerico\", e , sobretudo, concluiu o grande pregador, \" M. de mentir.\" Na Sibéria de Portugal Bastou estar um pouco mais de um ano naquela parte do Novo Mundo, saído um tanto desterrado de Portugal, para que o Padre Vieira, o Grande, como o chamou com razão o padre André de Barros, entendesse que a costa do Maranhão era um refúgio da mentira. Em 1652, seus inimigos, afastando-o das proximidades do trono português, conseguiram empurrá-lo para dentro de uma nau despachando-o para o outro lado do Atlântico, para os quadrantes da vila de São Luís. Que fosse converter os tapuias, mas que livrasse o rei de conselhos imprudentes. O Maranhão daqueles tempos, estado independente do resto do Brasil desde 1621, diga-se, bem podia passar como a Sibéria do Reino Lusitano. Um litoral imenso, pouco desbravado, que se estendia do Ceará à bocarra do Rio Amazonas, cheio de dunas, mato fechado e desolação. Pouquíssima gente lusitana o habitava, mas muito nativo cor de cobre andava por aqueles sertões. Vieira desembarcou num caldeirão. O Maranhão era um vespeiro no qual os jesuítas enfrentavam diariamente os colonos. O pregador logo constatou que os chamados \" forasteiros\", isto é, os brancos que vinham da Metrópole tentar a vida por aqueles lados, não queriam saber de converter ao cristianismo a boa alma de ninguém. Muito menos a dos tapuias. Que ficassem pagãos. Queriam, isso sim, era o corpo dos índios. Os pés deles para não precisar andar nem lavrar a terra, os braços deles para não necessitar remar nem semear, das costas para delas se servirem como lombo afim de carregar-lhes os trastes e outras vergas. O pescoço , enfim, só servia para por uma canga. Estando eles , os reinóis que governavam a província, bem longe das vistas do rei, tudo sujeitavam e em tudo botavam a mão, porque não faltavam ofícios em que se podia furtar. E, ressaltou, não furtavam com unhas tímidas, mas com as agudas, as que deixam marca.. O Reino da Mentira A hora do padre - furioso, magoado com as rixas constantes - de acertar-se com aquela gente deu-se na Quinta Dominga da Quaresma, em abril do ano de 1654, momento quando, no final da missa, o grande homem reservou-lhes um sermão purgativo. Para ele o Maranhão tornara-se \" o reino da mentira\" , com corte estabelecida na ilha de São Luís. Lá, como no fundo dos mares, não havia solidariedade nenhuma. Tal como entre os crustáceos e os peixes, imperava o canibalismo. Caranguejo devorava o caranguejo e o cação, assim que a maré subia, comia a todos eles. Mas porque era assim? Vieira disse que era o clima. A inconstância de tudo por lá era tamanha que o litoral do Maranhão, a baia de São Luís, era a única no mundo inteiro onde até o sol, tão certeiro em outras latitudes, enganava os pilotos, Olhando o astrolábio, ora ele indicava um grau, ora dois, o resultado era que muitos barcos encalhavam por lá. O que o fez concluir que \" até o céu mentia no Maranhão!\" Muito sol, além de quebrar os laços de solidariedade, gerava a preguiça e o ócio. Este, ao prostrar as gentes, excitava-lhes a imaginação, mãe da mentira. Entre eles, mesmo que pelas duas orelhas escutassem uma verdade, perdida esta no caracol do ouvido, terminavam expelindo uma mentira pela boca. Tudo bem que em outras partes também se mentia. Lisboa, por exemplo. Mas ela era capital de um império. Podia exportar suas mentiras para outros cantos do mundo, para Veneza ou para Calicute. São Luís, pequenina, não. Naquela vila, a mentira não tendo para onde ir alimentava ainda mais outras inverdades. Nasciam e ali ficavam. Lá a mentira dançava de roda. Era por isso, talvez, que o povo local temia a Serpente da Ilha, monstruoso ofídio que diziam dormir ao redor de São Luís e que se algum dia suas presas encontrassem o seu rabo, mordendo a si mesmo, ela se ergueria para devastar com tudo. FUNDAÇÃO DA CIDADE DE SÃO LUÍS Francesa ou portuguesa? Artigo polêmico do saudoso historiador José Moreira, publicado no início dos anos 80, defende a tese de que foram os portugueses e não os franceses que verdadeiramente fundaram a cidade de São Luís. Derrotados os franceses em Guaxenduba, de uma maneira fragorosa, ao primeiro confronto com os portugueses e neo-brasileiros, tratou a toda pressa Daniel Ravardiere, de conseguir com o pernambucano Jerônimo de Albuquerque, filho de um nobre português do mesmo nome, cunhado do donatário da Capitania de Pernambuco, com a índia Maria do Espírito Santo e nascida em Olinda, um armistício, durante o qual esperava tirar a forra, através de reforços que esperava de Cancale e Diepe, no canal da Mancha, em França. Acertaram as partes contratantes que seriam enviados embaixadores aos governos de seus países, para resolverem, se continuariam a luta, já que Ravardiere, insistia em dizer que ocupara o Maranhão por ordem de sua rainha a regente Maria de Médicis. Foi uma farsa dos franceses, pois na verdade eles não tinham credencial nenhuma e tanto é verdade , que Maria de Médicis, que reinava em nome de seu filho, ainda menor, Luís XIII, estava ela há muito tempo negociando o casamento dele com a princesa Ana d’Austria, filha de Felipe III, que era portador das coroas Espanha e Portugal. Nutria esse desejo de muito tempo e por isso, não iria autorizar um aventureiro e conhecido pirata Daniel Ravardiere, inimigo da sua religião, a invadir terras que eram da coroa portuguesa, desde a assinatura do Tratado de Tordesilhas, homologado pelo Papa Alexandre VI, há 118 anos, isto é, antes da descoberta do Brasil. O Maranhão já tinha tido, até então, vários donatários. Na ilha do Maranhão, já tinha existido a povoação de Nazaré, fundada pelos náufragos remanescentes do afundamento dos navios da expedição colonizadora de Aires da Cunha e isto mesmo foi dito por Jerônimo de Albuquerque e Rararvardiere, como sólido e incontestável argumento de que o Maranhão já pertencia a Portugal, cujos habitantes dessa povoação por falta de meios, uns regressaram a Pátria e outros amasiaram-se com índias, daí surgido uma tribo de índios ferozes, brancos, barbados que foram desimados a ferro e a fogo em Peritoró, muitos anos depois pelos portugueses. Diogo de Campos, embaixador do lado português, ao chegar a Lisboa, levou uma reprimida do vice-rei, que era o arcebispo dali, obrigando-o a regressar imediatamente a Pernambuco, dizendo-lhe que os franceses que ocupavam nossa ilha eram piratas e hereges (protestantes), portanto o tratado de armistício não tinha nenhum valor jurídico. Chegando a Olinda, capital então de Pernambuco, Diogo de Campos foi incorporado como almirante a uma poderosa esquadra, sob o comando de Alexandre de Moura, que imediatamente partiu para o Maranhão, onde chegou expedindo ordens a Jerônimo de Albuquerque que estava aquartelado no forte de Itapari, na baía de São José, que partisse imediatamente a sitiar o Forte de São Luís, pois iria atacá-lo e tomá-lo por mar, Jerônimo de Albuquerque partiu logo e no dia 31 de outubro de 1615, acampou com suas tropas junto a Fonte das Pedras, local onde hoje se encontra o prédio da antiga Fábrica Santa Amélia. A Fonte das Pedras constava de alguns olhos d’água que escorria para o mar que banhava as barracas, na época, onde se encontravam. Alexandre de Moura fundeou sua esquadra na foz do rio Maioba, hoje Anil, em frente ao Forte de São Luís, desembarcando imediatamente tropas especializadas numa ponta da ilha de São Francisco, carregando estacas de faxina, dirigidas pelo engenheiro-mor do Brasil, capitão Francisco Frias de Mesquita, que para isso, havia se oferecido, ganhando apenas o soldo de soldado raso. Ravardiere, covardemente, não esboçou um só gesto de reação intimado a render-se pelo general português, o fez prontamente comparecendo a presença deste. Já conhecia o peso do braço português, mal armado e não iria submeter-se a nova derrota certa, mas sem dúvida, honrosa, perante forças bem nutridas e não como as de Albuquerque que se alimentavam só de farinha de mandioca e caça, mal municiadas. Ravardiere de início, solicitou pagamento de artilharia do forte além de transporte para seus piratas para a Mancha, de cujas cidades eram oriundos o que foi aceito inicialmente, porém, no dia seguinte, 2 de novembro, Alexandre Moura, percebendo a fraqueza e covardia de seu adversário, acrescentou ao termo da rendição mais as seguintes palavras: “ Que hade entregar o Sr. Ravardiere a fortaleza em nome de sua majestade com toda a artilharia, munições, e petrechos de guerra, que nela habitam sem por isso sua Majestade ficar obrigado a lhe pagar nada de sua real fazenda; e não deferindo a isto, torno a quebrar a minha palavra, ficando ele na fortificação e eu a fazer o que for servido; e isto, hoje, quarta-feira”. “ Estoy por el acima declarado por el senor general Alexandro de Moura” e assinou por baixo “Ravardiere”; e por este modo expedito libertou-se o general português das condições estipuladas por Jerônimo de Albuquerque de pagar aos franceses toda a sua artilharia e munições”. Tudo lhe foi imediatamente entregue, os fortes, como os navios da armada, bem como destes, se cedessem três aos inimigos, conforme um dos artigos da capitulação, nos quais voltaram para a França mais de 400, deixando, apenas ficar alguns poucos que se haviam casado com índias da terra, conforme diz João Lisboa. Isso se fez em atenção de serem, os que ficavam, católicos e que podiam ser úteis aos portugueses, porém os holandeses por ocasião em que ocuparam o Maranhão, mataram todos sob a desconfiança de que estariam ajudando os portugueses, durante a luta pela recuperação de nossa terra. Expulsos os franceses do Maranhão, tratou Jerônimo de Albuquerque de fundar a cidade de São Luís, por recomendação da corte de Madrid, sendo enviado Francisco Caldeira Castelo Branco, para fundar a cidade de Belém do Pará. Os franceses durante os três anos e quatro meses que aqui passaram, não trataram de erigir nenhuma cidade, como muita gente supõe. Construíram apenas o Forte que era de madeira e que sete anos após os portugueses erigiram outro de pedra e cal, já com o nome de São Felipe. O engenheiro-mor do Brasil, Francisco Frias de Mesquita, o primeiro que o Maranhão teve, fez o traçado da cidade engenhosamente, aproveitando bem a sinuosidade do terreno. A primeira olaria, como diz Mário Meireles, foi levantada por Albuquerque, porque as poucas casas esparsas, inclusive o forte, eram cobertas com palha de pindoba. Além do forte com um grande barracão, também coberto de palha, para abrigar a guarnição, existia o convento de São Francisco, dos frades dessa ordem, que vieram com Francisco de Rassilly, católico e sócio na pirataria com Ravardiere, este não era nobre como se propala, desconhece-se o grau de sua nobreza, não era barão, visconde, conde, marquês ou duque. Em papelórios a guisa de ata, cujo original ninguém viu, ele figura como “cavaleiro”. Já um de seus sócios de Diepe, é nesse papelório chamado Barão de Molle. Sócio. Sim, porque a expedição foi financiada por esse barão, Francisco de Rassilly, este católico, e os outros protestantes, e nunca pelo Rei, acuados nas margens francesas do Canal da Mancha. Aqui, em São Luís viviam os frades trazidos por Rassilly em desavença com os hereges de Ravardiere e já estavam tramando a deposição deste na chefia. Os franceses viviam distribuídos na ilha, em grupos de 10 pelas 27 aldeias existentes no Maranhão, por falta de habitações em conjunto que formasse. Ao menos, uma povoação em torno do forte, conforme diz Berredo; por necessidade sexual, pois nas aldeias dos índios, os piratas (quando não estavam ausentes da ilha na pilhagem de sua profissão da qual a ilha na pilhagem de sua profissão da qual a ilha ora repositório de seus roubos, como ainda diz aquele autor), tinham as índias com quem se amancebavam. Ravardiere não veio aqui estabelecer uma cidade, pois, tempo teve, mas fixar uma feitoria de piratas, como ainda afirma Berredo, e explorar o terreno a cata de minas e ouro, o que não conseguiu. Ravardiere daqui foi levado preso por Alexandre de Moura para Lisboa, onde esteve guardado no Forte de Belém, à margem direita do Rio Tejo, durante dois anos, segundo uns, e três segundo outros. Se fora um grande senhor, como querem seus afeiçoados fazer, crer, isso não aconteceria, pois Luiz XIII era genro do rei espanhol e de Portugal, Felipe III, que certamente intercederia por ele. Jerônimo de Albuquerque Maranhão, como passou a chamar-se o fundador e construtor da cidade de São Luís, nela faleceu, adotando também sua família o nome de Maranhão. A fundação usam o nome de São Luís, por Jerônimo de Albuquerque, se encontra descrita nos “Anais do Estado do Maranhão” , de Berredo e nas obras a história do nosso Estado de Raimundo Gaioso, Frei Francisco de Nossa Senhora dos Prazeres, João Lisboa, César Marques, Ferdinand Deniz, este francês, Barbosa de Godóis, Fran Pacheco e Ribeiro do Amaral, de modo incontestável. Em vez de andarem os maranhenses desavisados a tecerem loas e homenagens imerecidas a Ravardiere, o assaltante de nossa indefesa terra, em 1612, o que constitui a mais nefante ingratidão, deveriam as autoridades gravar indelevelmente, num monumento, os nomes daqueles que morreram para que o Maranhão fosse Brasil. Concomitantemente se estendesse até o fim da Amazônia para que todos que hoje vivem e viveram neste solo abençoado, existissem, porque senão fosse o seu sacrifício e sua bravura, não existiríamos nós, os maranhenses, como disse João Lisboa a Gonçalves Dias, mas um povo estranho, falando outra língua, teriam outros costumes, porque queiram ou não, os que pensam o contrário, descendemos mesmos irrefutavelmente dos portugueses, através de brancas, negras e índias. A eles é que devemos honrar, como nossos pais, avós, tetravós etc. A eles, cuja língua falamos, ensinada por eles e os heróis que morreram na Batalha de Guaxenduba que são: Luís de Guevara, natural de Tanger, filho de Gonçalo Guevara, cavaleiro da Ordem de Cristo, homem nobre, natural de Braga; Francisco de Bessa (castelhano), João da Mata, natural do Brasil; Pedro Olivares, de Viana; Amaro de Couto, natural de Lisboa; Bartolomeu Ramires, natural das Ilhas; Manoel de Loureiro, natural de Abrantes; Domingos Correia, natural da Ilha Graciosa. A estes sim competem todas as homenagens do povo maranhense, porque morreram para que nosso povo, hoje existisse e que vivem escondidas nas páginas rarississimamente lidas da “jornada ao Maranhão”, escrita por seu comandante Diogo de Campos Moreno, o único a homenageá-los. Nós porém dizemos: glória eterna a eles, que morreram para que pudéssemos existir... MOREIRA, José. Fundação da cidade de São Luís. Jornal o Estado do Maranhão. 1981, p.6.


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