Floração do ipê-roxo marca a paisagem do DF e anuncia a nova estação
Flávia Maia
Publicação: 09/06/2011 07:20 Atualização: 09/06/2011 09:58
A chegada de uma nova estação no Cerrado chama mais a atenção pelas cores do que pela mudança brusca de temperatura. Quem nasceu ou vive no Planalto Central sabe que, quando o capim verde se torna dourado e o ipê-roxo se destaca na paisagem, é sinal de que o inverno está próximo. Apesar da coloração puxada para o lilás, as árvores que primeiro floreiam as ruas de Brasília são as de flores roxas. Só depois as outras variedades de ipê — amarelo, branco, preto, verde e rosa — colorem a paisagem da capital.
Como cada cor tem o período específico para florescer, o brasiliense pode contar com as ruas floridas a partir de agora. Os exemplares no fim do Eixão Norte, na Avenida das Nações, na Catedral e em frente ao Ministério da Defesa, na Esplanada dos Ministérios, se exibem ao público. “Brasília é privilegiada em relação aos ipês. Eu fico esperando a hora que vai florescer e não tem um ano que ele não floresça”, diz, encantado, o técnico de laboratório Sérgio Rubens Ribeiro, 59 anos.
Os últimos ipês a começarem a florir são os de coloração branca e rosa-claro. Aparecem entre o fim de setembro e o início de outubro. Por causa do florescimento rápido — em cinco anos, a árvore começa a dar flores — essas árvores são bastante usadas no paisagismo de várias cidades brasileiras. Por isso, a familiaridade e a simpatia dos cidadãos pela espécie que está no seu dia a dia.
No Distrito Federal, existem várias espécies de ipê-roxo. As mais comuns são a Tabebuia heptaphylla e a Tabebuia impetiginosa, ambas típicas do cerrado. Porém, a professora de engenharia florestal da Universidade de Brasília (UnB) Carmen Regina Correia diz que na capital do país existem exemplares de outros biomas, como a Mata Atlântica e a caatinga. “Por isso, você vê flores diferentes, algumas salpicadas na copa da árvore, outras do tipo buquê”, explica.
Típicos da região do Cerrado, os ipês também são encontrados no Pantanal, em áreas de transição para a Amazônia em estados do Nordeste. Para a estudante de química Laiz de Oliveira, 18 anos, a beleza da espécie está justamente em não parecer com as árvores da região. “Eu não acho o Cerrado muito bonito, não, mas o ipê é bonito, porque é diferente. Não é baixinho nem retorcido e dá flores”, conta.
Destaque e curiosidade: na altura da 416 Norte, exemplares de ipê-roxo esbanjam beleza na paisagem seca do Cerrado candango.
O ipê-roxo atinge o auge da beleza por volta dos 30 anos. Nessa idade, a árvore chega ao pico do crescimento. A média de altura varia de 12 a 15 metros, mas o tronco pode chegar a 20 metros. De acordo com a professora Carmen Regina, quem quiser plantar um exemplar em casa não terá muito trabalho. A semente é pequena e fica envolvida em uma fina película. Quando plantada, é fácil de pegar no solo. “Ela é alada, pronta para voar. Como é leve, chega em lugares distantes. Por isso, vemos tantos ipês espalhados”, revela a professora. Além da estética, a espécie tem valor econômico por causa da madeira e do uso medicinal.
Os ipês têm uma estratégia curiosa para resistir à falta de chuvas. O segredo está na raiz, que é profunda e alcança as reservas de água do subsolo. Para diminuir o gasto de energia e aproveitar melhor o escasso recurso hídrico da época, a árvore perde as folhas durante a estiagem. Nesse mesmo período, surgem as flores, que contribuem para a preservação da espécie, atraindo os polinizadores. As diferentes cores são para atrair insetos e pássaros, que acabarão por distribuir as sementes.
As áreas públicas do Distrito Federal contam com pelo menos dois outros tipos de ipês, além do roxo: os amarelos (Tabebuia serratifolia) e os brancos (Tabebuia roseo-alba). Não se sabe ao certo a quantidade dessas árvores que enfeitam a capital do país. A cidade permanecerá pintada pelos ipês-roxos até o fim de agosto. Depois, chega a floração do amarelo, que vem entre julho e outubro. As flores do ipê-branco desabrocham apenas no fim da seca, entre setembro e outubro.
Em perigo
O Cerrado é um dos mais antigos biomas brasileiros. E, atualmente, é considerado um dos hotspots de biodiversidade do planeta. Hotspot é uma área de alta biodiversidade, que vem sofrendo ameaça de destruição. Assim, a vegetação é considerada prioritária para a conservação. Apesar disso, o bioma não aparece como patrimônio nacional na Constituição Brasileira, como a Floresta Amazônica, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, a zona costeira e o Pantanal Mato-Grossense. Como não figura patrimônio, ele não tem garantias legais de preservação.
Economia e saúde
O ipê é valorizado pela resistência, dureza e flexibilidade. Outra vantagem é aguentar a umidade. Desse modo, ele é usado em construções civis e navais, em edificação de pontes, na confecção de postes, entre tantos outros. Já no uso medicinal, o que interessa é a casca, a entrecasca e a folha do ipê, sendo usadas no tratamento de amigdalites, estomatites, infecções renais, dermatites, varizes e certas doenças dos olhos.
Saiba mais...
Vote no ipê roxo mais bonito da capital federal
http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/cidades/2011/06/09/interna_cidadesdf,256042/floracao-do-ipe-roxo-marca-a-paisagem-do-df-e-anuncia-a-nova-estacao.shtml
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