terça-feira, 1 de setembro de 2009
Mal de Alzheimer - genético ou adquirido?
Mal de Alzheimer - genético ou adquirido?
quinta-feira, 30 de outubro de 2008 | 23:03
O Mal de Alzheimer é genético ou adquirido?
Este mal é genético ou se desenvolve ao longo da vida? Meu irmão tem 55 anos e desde seus 50 já estava desenvolvendo a doença. Quais são os estágios?
(Celso Ortiz)
Antes de falar do Mal ou Doença de Alzheimer (DA) é importante lembrar que genético não é sinônimo de hereditário. Muitas doenças adquiridas podem ter um componente genético, ou seja, a pessoa pode ter uma predisposição menor ou maior de vir a manifestá-la. Mesmo no último caso, isso não significa um risco aumentado para os familiares. É o caso da doença de Alzheimer. Chamamos de doença genética toda aquela que afeta nossos genes, mas que pode ou não ser hereditária. O câncer é outro exemplo de uma doença genética que raramente é hereditária, isto é, transmitido de geração para geração.
E a doença de Alzheimer?
A DA é causada por depósitos de placas amiloides no cérebro. Essas placas acabam interferindo nas conexões entre os neurônios e destruindo-os levando progressivamente a perda da capacidade cognitiva. Algumas formas de Alzheimer são hereditárias, e obedecem a um padrão de herança autossômica dominante. Já foram identificados pelo menos três genes responsáveis. Nesses casos, se o pai ou a mãe forem afetados, a probabilidade de transmitirem o gene defeituoso para sua descendência é de 50%. Mas essas formas hereditárias correspondem a menos de 10% dos casos. Em 90%, a DA não é hereditária embora algumas pessoas podem ter uma predisposição maior de desenvolvê-la. Se você tiver um familiar com DA não se preocupe. O risco de você desenvolvê-la é comparável ao da população em geral.
A DA desenvolve-se pelo estilo de vida?
Essa é uma pergunta interessante. Muitas das nossas características desenvolvem-se ao longo da vida, tais como obesidade, hipertensão. Genético ou adquirido? Na realidade, a maioria das nossas características obedecem a uma herança multifatorial. Isto é, dependem da interação dos nossos genes com o ambiente. Não podemos alterar nossos genes, mas podemos proporcionar-lhes as melhores condições ambientais. No caso da DA, a receita é bem conhecida. Tenha uma vida saudável. Exercite sua memória lendo, fazendo palavras cruzadas. Faça exercícios físicos. Experiências com camundongos já mostraram que aqueles submetidos a exercícios melhoram a memória. Mesmo que você não tenha nenhuma predisposição genética de desenvolver DA, não há contra-indicação.
Vocês gostariam de ser testados para DA?
Fiz essa pergunta alguns anos atrás a alunos de terceiro ano de medicina. Para minha surpresa, metade da classe afirmou que gostaria. Repeti a pergunta: Vocês têm certeza? Sim, responderam os jovens enfaticamente. Pois então vocês estão convidados a irem ao meu laboratório para serem testados.
Adivinhem o que aconteceu? Ninguém, repito, ninguém apareceu. Na realidade eu estava blefando. Eu não pretendia aplicar testes em ninguém. Queria era avaliar quanto as pessoas queriam mesmo saber se tinham um risco aumentado de desenvolver uma doença ainda sem tratamento. E você? Gostaria de ser testado, se houvesse essa possibilidade?
Por Mayana Zatz
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