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quarta-feira, 28 de julho de 2010

Conteúdos Biblioteconomia

Prática de Tratamento da Informação.O processamento técnico do acervo de uma unidade de informação.

Na era do conhecimento, estes processos geram os serviços mais preciosos da organização e são responsáveis por um dos ativos de maior relevância – o capital informacional, posto que o gerenciamento da informação constitui-se em fator tático e estratégico para a empresa.

Os processos informacionais são processados manualmente (raro atualmente) ou informatizados, em nível superficial ou profundo, com informações históricas ou correntes, internamente ou terceirizado, com conotação operacional ou gerencial, múltiplas periodicidades e se destinam exclusivamente ao publico interno da organização.

Quanto à ocorrência, os processos de TI acontecem em tempo real quando suportam os processos geradores de informação transacionais ou em retaguarda, com informações dirigidas aos administradores (diretorias / gerencias).

O tratamento de informações é de âmbito operacional, administrativo ou gerencial dependendo de seus propósitos e destinações. No primeiro caso são informações de planejamento e controle sobre o processo de comercialização (pedidos, compras, estoques, produção, faturamento, etc.). No segundo, as informações são documentais (contábil, fiscal, patrimônio, orçamento, adm. de pessoal, etc) e no último são consolidações de informações de interesse gerencial (indicadores de desempenho e resultados).

As informações empresariais assumem caráter confidencial por retratarem o status da organização e o acesso às mesmas sem autorização constitui-se espionagem, salvo aquelas destinadas aos credores e reguladores (governos, sindicatos, associações de classe, acionistas, etc.).

Estes processos por ocorrerem como numa “caixa preta” com grande parcela de automação são entendidos como “sistemas” - conjunto de elementos inter-relacionados e interdependentes, formando um todo integral maior do que simplesmente a soma das partes – comumente chamados de sistemas de processamento de dados (SPD). A funcionalidade organizacional responsável pelo tratamento de informações em escala é a Tecnologia da Informação (TI).

A gestão da informação é facilitada pela instrumentalização da TI (Tecnologia da Informação) com sofwares que compõe a Inteligência do Negócio (BI - Business Intelligence), aplicativos operacionais, automação de escritório, sistemas transacionais: (ERP – planejamento de recursos empresariais), CRM (Customer Relationship Management – gerenciamento das relações com consumidores), SCM (Supply Chain Manegement) – gerenciamento da cadeia de suprimentos) enfim, todo um macro processo de tratamento da informação.

Por ser indutora ou capacitora dependendo do tipo de negócio da empresa, área de TI deve estar alinhada com as políticas, diretrizes da alta-administração e orientações do planejamento estratégico, pois dela partem importantes subsídios à formulação e implementação do plano estratégico.


http://www.artigos.com/artigos/sociais/administracao/processos-de-tratamento-de-informacao-2762/artigo/



Análise da informação

Organização dos documentos ou organização da informação: uma questão de escolha [*]
Document organization or information organization: a matter of choice
por Jaime Robredo


Resumo: A tecnologia oferece atualmente excelentes soluções para organizar grandes volumes de documentos dos mais variados tipos (armazenados em arquivos, bibliotecas, órgãos públicos, empresas de grande porte). Entretanto a solução para organizar a informação neles contida ainda não foi resolvida a contento, de forma generalizada, e quanto mais cresce o volume de documentos, mais e mais informação se perde nos arquivos e na memória dos computadores. Os fundamentos para a solução existem e são conhecidos de (alguns) técnicos e especialistas da gestão da informação e do conhecimento, mas é preciso aprofundar e aprimorar os processos de análise da informação e representação do conhecimento, e realizar o casamento desses princípios com a mais nova tecnologia de gestão dos documentos.
Palavras-chave: Documento; Organização; Informação; Arquivo; Memória; Representação do Conhecimento.

Abstract: Nowadays, technology offers excellent solutions to organize great volumes of the most different types of documents (such as the ones kept in archives, libraries, public agencies, great corporations, etc.). Nevertheless, the solution to organize the information they contain was not found by now either in a satisfactory or general manner, and as the volume of documents increases, more and more information is lost in files and in computer memories. The foundations of a solution do exist and they are known by [some] specialists and experts in information or knowledge management, but it is necessary to improve and deepen the processes of information analysis and knowledge representation, as well as to match these processes with the newest technologies of document management.
Keywords: Document; Organization; Information; Archive; Memory; Knowledge Representation.




1. Um pouco de história(s) como introdução

A preocupação pela conservação de documentos, todo o mundo sabe, não é novidade: suas origens situam-se há mais ou menos 4.000 anos, quando os povos da Mesopotâmia conservavam em tabuletas de argila cuidadosamente organizadas, registros contábeis, ordenanças de governo, contratos e sentenças judiciais. Entretanto, a consolidação com certa cientificidade das duas profissões que lidam com a guarda, conservação e manuseio dos documentos, ou seja, a arquivologia e a biblioteconomia, somente aconteceu a partir da segunda metade do século XIX.

A mudança de paradigma do documento como foco para o seu conteúdo, ou seja para a informação, acontece ainda bem mais próxima de nós, com o surgimento da ciência da informação, a qual com o auxílio das novas tecnologias da informação e da comunicação tem revolucionado e ampliado os horizontes do que poderia ser chamado de ciências da documentação.

Apesar do tempo transcorrido e dos impressionantes avanços tecnológicos das últimas décadas, não se conseguiu ainda estabelecer uma doutrina, uma filosofia, se assim pode-se dizer, sobre como proceder no processamento técnico dos documentos e das informações neles contidas. A unanimidade dentro de cada uma das duas profissões da documentação ainda está longe de ser atingida, e muito mais longe ainda entre os arquivistas, os bibliotecários e os documentalistas em geral. E isso apesar dos esforços das organizações e associações profissionais assim como dos organismos internacionais diretamente interessados e envolvidos no problema de tratar os documentos e de organizar a informação.

Os avanços em matéria de organização física com estantes deslizantes robotizadas são fantásticos. Também são fantásticos os avanços em matéria de informática, para acelerar o processamento dos documentos e informações. Os enormes e valiosos conhecimentos adquiridos graças às pesquisas desenvolvidas nos últimos anos, referentes à codificação, armazenagem, transmissão, difusão e recuperação da informação são, também, fantásticos. Entretanto, a imagem de um alto executivo em estado terminal de desespero, depois de pedir à sua secretária e a outros colaboradores para localizar rapidamente determinados documentos que com toda e absoluta certeza estariam arquivados em algum lugar, e que não foram encontrados, é, como mostra a Figura 1, uma maneira bastante expressiva de visualizar uma situação que, sem dúvida, neste instante, em algum lugar, continua acontecendo.

Parafraseando Elliot, Nery da Fonseca [1], que cito de memória, escreveu alguma coisa parecida com o texto reproduzido a seguir:

" ...
Onde estão os documentos
que se perderam nos arquivos?
Onde estão os livros
que se perderam nas bibliotecas?

Onde estão os dados
Que se perderam nos computadores? ..."


2. Tratando de cercar o problema
Cabe, assim, perguntar como é que com tantos progressos, com tanta tecnologia, com tantos estudos e conhecimentos não foi ainda possível dominar a informação. Existem variadas e numerosas causas que vamos sobrevoar a seguir tentando focalizar alguns fatores que podem ajudar a compreender a complexidade do problema e, por via de conseqüência, a dimensionar a magnitude do esforço a realizar, alocando os recursos necessários (humanos, tecnológicos, de conhecimentos, financeiros, culturais, etc.), para se chegar a soluções que hoje são certamente possíveis.

Um problema muito sério decorre do fato de que as máquinas informáticas processam sob a forma de códigos representações de palavras que, pela sua vez são representações de conceitos. Os computadores, ou mais precisamente os informáticos que os programam, lidam muito bem com dados e números, realizando cálculos complicadíssimos com velocidade impressionante, mas infelizmente as palavras codificadas - e menos ainda os conceitos que elas representam - não podem ser processadas com os mesmos algoritmos que se aplicam aos cálculos numéricos. Enquanto esse fato não for profundamente assimilado, continuaremos encontrando nos jornais manchetes como estas:

1) "O INSS CONTINUA PAGANDO A APOSENTADORIA DE UM FUNCIONÁRIO FALECIDO HÁ NOVE ANOS"

2) "O PEDREIRO JOÃO CRISTINO, HOJE NONAGENÁRIO, TENTA PROVAR QUE, APESAR DO QUE CONSTA NO SEU ATESTADO DE ÓBITO, EXPEDIDO HÁ 18 ANOS, CONTINUA VIVO"

Vejamos, um sistema informático ao qual se ordena que localize informações sobre a morte de Fulano de Tal obterá após o rigoroso cruzamento das expressões 'morte' e 'Fulano de Tal' - se tudo corre como desejado - alguns documentos PERTINENTES, mas será incapaz de pensar que outras palavras tais como 'falecimento', 'óbito' ou, ainda, 'desencarnação' se porventura pudessem existir documentos produzidos num ambiente 'kardecista', também deveriam ter sido cruzadas com o nome do indivíduo.

Todavia é preciso pensar que podem existir ou ter existido várias pessoas com igual identidade e que para 'cercar' a pessoa certa seria necessário introduzir 'filtros' tais como o local e data de nascimento, filiação, CPF, certidão de casamento, etc., informações estas que não sempre se encontram acessíveis num único banco de dados.

Outro exemplo:
Consideremos um sistema altamente sofisticado, capaz de identificar de forma automática, num processo de varredura dos textos dos documentos, aqueles termos e expressões possíveis e prováveis que podem ser utilizados como 'ponteiros' ou pontos de acesso para recuperar as informações desejadas. Suponhamos que desejamos fazer uso desse sistema para localizar documentos que tratam da evolução e uso dos sinos e outros instrumentos assemelhados, ao longo de um certo período de tempo. Imaginemos que o dito sistema examinou com todo rigor um acervo de documentos manuscritos cuidadosamente digitalizados e indexados à procura das palavras 'sino' ou 'campana', palavra esta que, como explica qualquer dicionário, refere-se a um sino pequeno. Imaginemos, enfim, que o sistema identificou um certo número de documentos com a palavra 'sino' e outra quantidade de documentos com a palavra 'campana'. Ótimo! Muito bom!!... Então pedimos ao sistema para ver o texto dos documentos encontrados e... Surpresa!

O que aconteceu não é, finalmente, tão complicado de entender. Trata-se de um texto escrito em língua russa, que utiliza, como outras línguas eslavas, o alfabeto cirílico, sendo que somente algumas letras deste correspondem às letras de nosso alfabeto latino. Lembremos dos atletas do tempo da Rússia soviética que exibiam nas costas a sigla CCCP, que para nós parecia 'C' de 'campana' (três vezes) e 'P' de Polônia (uma vez), mas que para eles corresponde a 'S' de 'socialistas' e 'soviéticas' (o terceiro 'C' é a inicial de 'união', em russo, naturalmente) e 'R' de 'repúblicas'?



A tradução do fragmento do texto russo anterior é a seguinte:

"...sátrapa é o título dado aos governadores de província na antiga Pérsia"

Note-se que também poderíamos encontrar a informação procurada em documentos redigidos em outras línguas, a condição de utilizar os critérios de busca adequados. Por exemplo, 'cloche' em francês, 'bell' em inglês, etc. Mas, por não ter pensado, perdemos, certamente, informação importante.

Poderíamos estender de forma quase infinita os exemplos que demonstram a necessidade de cuidar de um certo número de detalhes quando se trata de codificar e processar a informação.

Outro aspecto a considerar é a fragilidade dos registros da informação que podem ser destruídos por incêndio ou enchentes, no caso de papel ou microfichas e microfilmes, assim como pelos efeitos de fortes campos magnéticos e radiações, no caso de CDs e disquetes, o que exige cuidados extremos na atualização dos 'backups'. A título de lembrete, e no intuito de ajudar a fixar a idéia dos perigos que podem ameaçar os arquivos documentais, permito-me mostrar dois exemplos: o primeiro (v. Figura 4), um caso de incêndio (literalmente queima de arquivo) que tanto pode ser acidental como criminoso e o segundo, também um caso de queima de arquivo (v. Figura 5), que parece ser criminoso.



Semelhantemente, os processos de telecomunicação, teletransmissão e teleprocessamento de dados e informações (Internet, redes diversas) são extremamente vulneráveis a ação de vírus e 'hackers', que podem destruir dados e informações se não são tomadas as medidas de prevenção indispensáveis.


3. Existe solução depois do caos?

Se pretendermos ser objetivos, é preciso reconhecer que a organização e conservação dos acervos documentais, assim como o acesso aos dados e informações neles contidos são, em numerosas e diversas organizações e instituições públicas e privadas, simplesmente caóticos. E, assim sendo, continuaremos ainda por um bom tempo, se não forem tomadas as medidas adequadas, a descobrir rombos espantosos nas contas públicas, seja por falta de planejamento, seja por falta de controle ou, em todo caso, por falta absoluta de informação confiável. E os casos de funcionários falecidos e pedreiros nonagenários, citados antes, que a Administração converte em zumbis ou mortos-vivos, continuarão a pipocar em qualquer lugar do país, junto com outros, diferentes e talvez mais absurdos.

Da mesma forma, o combate ao crime, a indispensável reengenharia do sistemas de saúde e previdência, da educação, dos transportes, da energia e assim por diante, são e continuarão sendo improváveis enquanto não seja encarado com decisão e competência, em cada uma dessas áreas, o problema da análise, do processamento e do acesso à informação em todos seus aspectos.

Enfim, como pretender ser competitivos para colocar pelo mundo afora os produtos e serviços brasileiros sem informação continuamente atualizada sobre a conjuntura, situação e exigências dos mercados externos?

Que o problema a resolver é grande, enorme mesmo, não é difícil de se perceber, de forma que cabe perguntar se existe solução possível depois de chegar à atual situação de caos. A resposta é sim. Os países desenvolvidos possuem, em todas às áreas críticas e estratégicas, sistemas de informações poderosos, dinâmicos e atualizados que fornecem o lastro indispensável ao planejamento e execução de suas políticas. Então, porquê o Brasil não poderia? A resposta é, novamente afirmativa: o Brasil também pode. Com vontade e competência é possível adaptar às realidades diversas do país às soluções que podem e devem dar certo.


4. Para onde apontam a(s) possível(eis) solução(ões)?

Em primeiríssimo lugar, para a indispensável conscientização das lideranças de todos os setores envolvidos de que o Brasil continuará a ser dependente e vulnerável enquanto não seja dono e mestre de suas informações. Neste ponto, a imprensa e mídia em geral têm um importante papel pela frente.

Em segundo lugar, para o investimento na formação de recursos humanos capazes de discernir as boas soluções e aqueles profissionais e técnicos que as podem implementar. Aqui, as universidades e as instituições de ensino e formação, podem contribuir de forma decisiva com cursos intensivos de atualização nas áreas críticas mais urgentes.

Descendo a um nível de idéias mais pragmático e imediato podemos apresentar algumas pistas sobre as etapas a completar para se chegar ao domínio da informação.


1. A identificação e análise do conteúdo informacional dos documentos ou, de forma mais genérica e precisa, dos suportes da informação e do conhecimento registrados;
2. A organização física e a preservação segura da memória documental original;

3. A organização lógica dos dados, da informação e do conhecimento, identificados na primeira etapa;

4. A conversão ou codificação desses dados, informações e conhecimentos de forma a permitir seu processamento informático avançado e seu armazenamento digital organizado e seguro, assim como a geração e contínua atualização de bancos de dados e conhecimentos;

5. A utilização de motores de busca avançados suscetíveis de converter as questões e pedidos de informação dos usuários numa linguagem codificada compatível com a linguagem de codificação utilizada na etapa precedente;

6. A identificação dos documentos que contêm os dados, informações e conhecimentos pertinentes às questões e solicitações formuladas;

7. A localização imediata desses documentos e o acesso e consulta aos mesmos, seja esta física mediante extração do acervo onde foram armazenados, ou virtual através de uma cópia digitalizada devidamente autenticada e certificada.


Apresentadas as coisas dessa forma, os especialistas da arquivologia, da biblioteconomia, dos sistemas de informação documentária, do processamento de dados, dos sistemas eletro-eletrônicos de armazenamento poderiam muito bem perguntar: Qual é a novidade de tudo isso, que não é senão a expressão do chamado ciclo documentário? Resposta: novidade nenhuma !

E então? Então, o que acontece é que em cada uma das etapas às quais temos feito referência encontramos especialistas - e bons especialistas mesmo - que só conhecem em profundidade uma parcela desse ciclo, ignorando geralmente todo o resto. Assim, as empresas de digitalização de documentos, que têm surgido e se desenvolvido como cogumelos numa floresta úmida, se não aplicam conhecimentos especializados avançados na etapa de análise das informações, de forma a permitir a organização dos bancos de dados e de conhecimentos e tornar possível a busca e recuperação das informações, poderão contribuir a diminuir o volume de armazenamento dos documentos, mas não muito a solucionar o problema do domínio da informação.

Os fabricantes dos grandes equipamentos de armazenamento mais ou menos robotizados contribuem para a boa organização, conservação e localização dos documentos, mas será que podem sempre apresentar soluções para enxergar os dados e informações neles contidos?

Os informáticos organizam sempre os dados e informações, nos bancos, de forma estruturada e compatível com os métodos e ferramentas utilizados pelos usuários nas suas consultas e buscas ou, pelo contrário, montam e desenvolvem estruturas e modelos de dados que pouco se adequam à realidade de uso?

Observe-se que propositadamente foram utilizadas as expressões 'banco(s) de informações' e 'banco(s) de conhecimentos' que podem parecer mais próprias dos sistemas de inteligência artificial que do tema que vimos tratando. Pode parecer, mas não é bem assim. Senão, vejamos: Na Figura 6 representamos o esquema clássico de um sistema especialista, típico de numerosas áreas de aplicação da inteligência artificial.


A interface de aquisição corresponde, de fato, no ciclo documentário, à etapa de análise da informação dos conteúdos dos documentos, antigamente realizada por especialistas e que tende cada vez mais a ser automatizada.

A base de conhecimento nada mais é do que o(s) banco(s) de dados, informações e conhecimentos, organizados e estruturados de forma a permitir a consulta rápida quando solicitados.

No outro extremo, a interface do usuário permite formular perguntas e consultar a base de conhecimento por intermédio do mecanismo de inferência, em nosso caso chamado normalmente motor de busca, que compara os elementos da pergunta/consulta com os dados e informações da base de conhecimento, verificando se existe ou não, na base, algum registro de documento(s) pertinentes, fornecendo a resposta para o usuário.


Observe-se que as três áreas estão fortemente implicadas na solução de nosso problema:


- O foco linguagem natural aponta para o desenvolvimento de aplicações capazes de ler, interpretar e codificar automaticamente os textos dos documentos;
- A robótica, presente numa infinidade de sistemas e aplicações sensíveis a estímulos visuais e eletro-magnéticos (leitores óticos e magnéticos) está cada vez mais presente nos grandes sistemas de armazenamento/arquivamento de importantes volumes de documentos;

- Os sistemas especialistas, dos quais acabamos de falar nos parágrafos anteriores, apontam para o desenvolvimento de aplicações informáticas suscetíveis de utilizar o conhecimento simbólico da forma o mais próxima possível do comportamento humano.


Convém destacar que a consideração conjunta das duas figuras anteriores leva à conclusão de que etapa fundamental de todo o processo de gestão da informação e do conhecimento é justamente a primeira etapa, ou seja a interface de aquisição. Com efeito, é essa etapa a que há de permitir a geração, alimentação, organização e atualização, com o padrão de qualidade requerido, da base de conhecimento. Essa etapa, por ser justamente a que mais requer um elevado padrão de qualidade e por apresentar um elevado nível de complexidade, para chegar a permitir a representação codificada das informações e conhecimentos, de forma a abrir o caminho para os sucessivos processamentos que se fizerem necessários, é também, infelizmente, a menos desenvolvida nos sistemas atualmente disponíveis no Brasil, prejudicando o desempenho global dos mesmos.
Entretanto, os princípios algorítmicos básicos que podem ser utilizados são conhecidos há tempo. Peço licença para mostrar dois exemplos, velhos de mais de doze anos, de uma aplicação informática de análise e indexação automática de textos, concebida e desenvolvida com o auxílio parcial do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Universidade de Brasília (UnB)[4].


Hoje, algoritmos mais avançados, mas que pouco diferem conceitualmente dos implementados e utilizados nos exemplos mostrados, são utilizados por todos nós cada vez que fazemos uso dos motores de busca de Yahoo, Google, Altavista e muitos outros, que vão buscar a respostas às nossas indagações em gigantescos bancos de dados e informações.

Voltando ao nosso assunto, antes de encerrar estas considerações, permitam-me lembrar um filme realizado e difundido há alguns anos, protagonizado por Michael Douglas e pela bonita Demi Moore, filme esse que, com uma história de assédio sexual da segunda sobre o primeiro, como pano de fundo apresentava um sistema de tele-acesso a documentos confidenciais. Poderia parecer pura ficção mais ou menos científica e tecnológica se não existissem já naquela data sistemas totalmente automatizados de registro, organização, armazenamento e consulta de documentos, com diversas variantes e em vários países. A título de exemplo citarei um dos primeiros, instalado e operado pelo Ministério das Finanças da França, num corredor de mais de 200 metros, nos terrenos de uma antiga fábrica da Renault, em Boulogne-Billancourt, perto de Paris, que permite tele-processar, tele-organizar, tele-localizar, tele-extrair, e tele-consultar os documentos.


5. Conclusão

A mudança de paradigma, em curto prazo de tempo, do processamento de documentos para o processamento do conteúdo, e a mudança, também, de paradigma na ciência da computação do foco processamento de dados para processamento de informações, levaram, devido às pressões do mercado e à busca de maior competitividade e eficiência, a uma mudança radical na gestão eletrônica de documentos.

O uso de novas tecnologias de informação, como a digitalização, e anteriormente a microfilmagem, por si só não solucionaram o problema do acesso à informação contida no documento.

Para tanto, é necessária a análise criteriosa e objetiva do conteúdo dos documentos para identificar os ponteiros ou pontos de acesso que serão utilizados pelas instituições para recuperar e localizar as informações específicas.

Lamentavelmente, por falta de percepção da importância primordial da etapa de aquisição, que é complexa, que exige tempo e trabalho acurado para definir os filtros e parâmetros específicos de cada aplicação concreta, em saúde, ciência e tecnologia (e suas subdivisões), economia, política, planejamento, administração e gerência, prospecção, comércio, inteligência competitiva nas suas diversas áreas de aplicação, e assim por diante, ainda se reclama do custo dessa fase e do tempo que requer para ser bem feita.

Solução geralmente proposta por muitos administradores pretensamente ciosos do bom uso dos recursos:


"Uma secretária pode fazer esse trabalho, não é?" [sic]

Sem comentários.

É considerado razoável gastar uma fortuna e um tempo considerável para consolidar e nivelar o piso do(s) local(ais) onde serão instalados os equipamentos mais ou menos robotizados. É considerado razoável gastar uma fortuna e um tempo considerável em refazer completamente toda a instalação elétrica. É considerado razoável gastar uma fortuna e um tempo considerável em adquirir novos e poderosos equipamentos informáticos. É considerado razoável gastar uma fortuna e um tempo considerável em escolher e instalar diversos sistemas de segurança e prevenção. Entretanto, realizar uma despesa que dificilmente ultrapassaria dez por cento das despesas totais, na implementação do sistema de aquisição, processamento e armazenamento inteligente das informações e do conhecimento, única forma de dispor de bases de dados, informações e conhecimentos suscetíveis de informar corretamente e de alcançar o domínio da informação.


Para encerrar, voltemos ao título da palestra:


"Organização dos documentos ou organização da informação: uma questão de escolha".

Notas e Referencias Bibliográficas
[*] Palestra apresentada no Seminário "Gestão da Informação: Desafios e Soluções", realizado em Brasília DF em 21 de agosto de 2003, no Blue Tree Park, organizado pela ACECO - Soluções Integradas em Arquivamento, do Grupo Ambient, com o apoio do Arquivo Nacional, da Câmara dos Deputados, do Conselho da Justiça Federal, do Senado Federal e da Universidade de Brasília.
Conference in the Seminar "Information Management: Challenges and Solutions", held in Brasília DF on August 21, 2003, at the Blue Tree Park, organized by ACECO - Integrated Solutions for Archival, a member of the Grupo Ambient. Sponsored by the Federal Justice Council, National Archive, National Congress, and University of Brasilia.


[1] Eliot, Thomas Stearns. The Rock. Apud Nery da Fonseca, Edson. Conferência de abertura do 2° Seminário Nacional de Bibliotecas Universitárias - 2° SNBU. Brasília DF, ABDF, jun 1981, Anais.

[2] Harmong, Paul; King, David. Sistemas especialistas. Rio de Janeiro RJ: Campus, 1988. Apud Teixeira, Alison Ribeiro. A utilização de programas de computador com agentes no processo de tranferência da informação: criação e avaliação de um sistema especialista baseado em casos. Brasília DF: Universidade de Brasília/Departamento de Ciência da Informação,2000 (Dissertação de Mestrado.)

[3] Op. cit. Ibidem.

[4] Robredo, Jaime. Indexação automática de textos: uma abortdagem automatizada e simples. Ciência da Informação, v.20, n.2, 1991, p.130-136.



Sobre o autor / About the Author:

Jaime Robredo
jrobredo@uol.com.br

Pesquisador Associado Senior, Departamento de Ciência da Informação, Universidade de Brasília;Consultor da SSRR Informações Consultoria e Projetos Ltda., Brasília DF
Senior Researcher, Information Science Department, University of Brasilia; Consultant of the SSRR Information, Consultancy and Projects Ltd., Brasilia DF.

http://dgz.org.br/fev04/Art_05.htm


Ciência da Informação
Print version ISSN 0100-1965
Ci. Inf. vol.32 no.2 Brasília May/Aug. 2003
doi: 10.1590/S0100-19652003000200014
RECENSÃO



Marilda Lopes Ginez de Lara

Professora doutora, Universidade de São Paulo, Escola de Comunicações e Artes, Departamento de Biblioteconomia e Documentação


DODEBEI, Vera Lucia Doyle. Tesauro: linguagem de representação da memória documentária. Niterói; Rio de Janeiro: Intertexto; Ed. Interciência, 2002.

Um dos grandes méritos do livro Tesauro, de Vera Dodebei, em época na qual se experimenta euforia em relação à divulgação da informação em meios digitais, é enfatizar a necessidade da organização da informação como meio para socializar seu uso e gerar conhecimento. Recuperando de Paul Otlet a idéia de desconstrução do texto para sua recuperação, a autora vê, na linguagem documentária, o instrumento formal que pode reger tais reconstruções.

O texto de Dodebei é dividido em duas partes: parte 1, "Representação, memória e linguagem" (1.1 Representação documentária e 1.2 Linguagem documentária); parte 2, Construção de Tesauro.

Na primeira parte, a representação documentária é discutida a partir da perspectiva de modelos, destacando os de caráter sistêmico, os mais utilizados para analisar as "memórias documentárias". Essa é uma perspectiva interessante, por constituir ponto de partida para a análise dos elementos, relações, processos e instrumentos envolvidos na elaboração de representações documentárias.

O modelo do "ciclo da informação" (ou de transferência da informação) foca os processos de produção, acumulação, uso de conhecimentos e produtos. À proposta original de Lancaster, a autora incorpora o conceito de "memória documentária" e divide o universo do conhecimento nos subconjuntos "informação" (o universo das trocas de informação) e "documento" (universo das memórias documentárias). A análise do primeiro universo não se esgota na ciência da informação, alertando-se, entre outras coisas, para as alterações oriundas das mudanças paradigmáticas da ciência que implicam dificuldades na organização antecipada do conhecimento. Quanto ao universo da memória documentária, as representações feitas pela "matriz documentária" (Wanderley, 1980) ou pelo modelo do Sistema de Recuperação da Informação (Montgomery, 1969) permitem isolar as etapas interdependentes do processo de representação.

Dado o tema central da obra, Dodebei tece uma discussão detalhada sobre a representação da memória documentária, lembrando a complexidade do processo e recorrendo a autores dentro e fora do âmbito da ciência da informação. Aponta para a não-homogeneidade de interpretação do conceito de representação (ora ele é privilegiado, ora excluído como condição necessária do conhecer), mas concorda com as noções que vêem na representação a produção social do sentido, algo necessariamente parcial que pode variar segundo distintas abordagens e cuja existência completa só se realiza no indivíduo. O caráter social da representação introduz a discussão de conceitos como redução semântica, pluralidade de significados e produção de sentido que, interdependentes, remetem, na ciência da informação, aos atributos de funcionalidade e economia das representações: a produção do sentido é resultado de uma tensão necessária: "reduzir informação para obter conhecimento".

Ao analisar a disseminação dos produtos documentários, a autora levanta um aspecto interessante, privilegiando a diferença desse conceito relativamente aos de transmissão, divulgação ou veiculação pelo que relaciona as representações às necessidades do usuário. À maneira dos centros de cálculo de Latour (2000), a disseminação mobiliza associações entre documentos, donde seu caráter de funcionar como filtro, atalho, de modo a poupar o usuário de uma oferta desmesurada de informações.

Um subcapítulo inteiro é dedicado à linguagem documentária. A autora aponta a heterogeneidade terminológica, remetendo suas prováveis causas às diferenças teórico-metodológicas entre o modelo europeu (que privilegia a analyse documentaire, portanto o processo) e o modelo americano (que utiliza a expressão genérica information indexing para todas as operações documentárias), às diferentes ênfases na abordagem da representação (no objeto de análise, nos processos, nos produtos, ou nos instrumentos de representação) e à escassez de reflexão teórica sobre essa questão, indicando a predominância, nos trabalhos brasileiros, de abordagens na intersecção lingüística e documentação.

Da observação das operações documentárias (e refletindo, de certo modo, a assimilação dos modelos sistêmicos), Dodebei constrói um quadro de sistematização que permite identificar o lugar ocupado pelas linguagens documentárias no espaço da representação. Apesar de utilizar o termo "linguagem de comunicação", a nosso ver redundante (a principal função da linguagem é a comunicação), o recurso utilizado pela autora pretende enfatizar essa capacidade nem sempre priorizada pela lingüística tradicional. Reconhece a função da linguagem documentária como meio de organização da memória documentária, fala de suas especificidades com relação à língua geral e introduz, via Umberto Eco, conceitos semióticos úteis ao melhor entendimento das relações comunicativas. Ressalte-se, aqui, a exploração da noção de dicionário e enciclopédia associada aos conceitos de ordem/hierarquia e desordem/rede, embora essa interpretação possa levar a certa confusão: a enciclopédia não significa necessariamente desordem, e o próprio autor a associa a rizoma (idéia originalmente enunciada por Deleuze), ou seja, ao contrário da linearidade do dicionário, a enciclopédia implica a possibilidade de múltiplas associações segundo pontos de partida distintos que, no entanto, só são concretizáveis sob a forma de dicionário, como exemplo de enciclopédias parciais. Sob nosso ponto de vista, a noção de enciclopédia serviria principalmente para falar das inúmeras possibilidades de organização das memórias documentárias.

As noções de hierarquia e rede, oriundas dos conceitos de dicionário e enciclopédia, respectivamente, constituem referência para a análise das linguagens documentárias, focando, no primeiro momento, o domínio; no segundo, o objeto; e no terceiro, a ordem. No primeiro, são considerados os atributos tradicionais que separam as linguagens documentárias pelo seu caráter universal ou especializado (sistemas de classificação, listas de cabeçalhos de assunto), onde são privilegiadas as associações verticais (universo/espécie, todo/parte) e onde as associações não-lineares são raras, diferentemente do que ocorre com os tesauros e as classificações facetadas que tomam o conceito como unidade estrutural. No segundo momento, as linguagens documentárias são observadas a partir da prioridade dada à estruturação por conceitos, e não por assuntos: é o caso da proposta de Ranganathan, dos trabalhos do Classification Research Group (classificações facetadas) e, contemporaneamente, dos estudos que optam (embora nem sempre, segundo nossa opinião) pela denominação "organização do conhecimento", cujas bases se assentam na Teoria Geral da Terminologia, de Wüster, e na Teoria do Conceito, de Dahlberg. Se as linguagens do primeiro momento são caracterizadas pela pré-coordenação, as do segundo o são pela pós-coordenação dos conceitos. No terceiro momento, a autora aponta para a necessidade de, ainda a partir do conceito, explorar com maior profundidade a noção de rede, partindo da segmentação do domínio de conhecimento de interesse. Embora essa seja uma idéia já presente, pelo menos embrionariamente, nas caracterizadas como de segundo momento (do nosso ponto de vista), o diferencial é a incorporação de elementos pragmáticos para orientar a construção dos roteiros situacionais que poderiam dar conta das especificidades do domínio visado.

As linguagens documentárias também são analisadas quanto às suas funções, destacando-se a comunicação entre informação documentária e usuário, para a qual é necessário combinar a garantia literária e garantia do usuário.

No segundo capítulo, a autora aborda especificamente a construção de tesauros. Identifica origem do termo, fala de seu uso e detém-se na metodologia para sua construção e, citando experiência própria, enfatiza a importância do método que se apóia na garantia literária e no endosso do usuário para a coleta e definição dos termos.

Um subcapítulo é dedicado à organização de conceitos, partindo-se de sua conceituação filosófica, da exploração das abordagens dedutivas (dedução lógica) e de predicação conceitual (indução e dedução) para a formação de conceitos e também da análise das relações entre os conceitos e categorias. A importância dessa discussão está no fato de mostrar, com clareza, que a unidade informacional das linguagens documentárias não é a palavra, mas o conceito (de onde a importância da definição), base, também, para a organização formal do tesauro.

Pela sua abordagem diferenciada e pela forma como analisa a questão da representação e das linguagens documentárias, seguramente este é um livro que deve ser incorporado à bibliografia dos cursos de formação profissional em ciência da informação.


Recensão recebida em 24-06-2003 e aceita para publicação em 26-06-2003


http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-19652003000200014




INDEXAÇÃO DE LIVROS, A
A PERCEPÇÃO DE CATALOGADORES E USUÁRIOS DE BIBLIOTECAS UNIVERSITÁRIAS

ASSUNTO: Ciências Sociais
AUTOR(ES): FUJITA, MARIÂNGELA SPOTTI LOPES (Org.)
ISBN: 9788579830150
PÁGINAS: 154
ANO: 2010



Por que é importante investigar a indexação durante a catalogação? A resposta é que, por meio de tal procedimento, é possível conhecer as realidades de bibliotecários e usuários. A pesquisa apresentada neste livro se destaca por dois motivos: trata-se de um trabalho coletivo, com objetivos, fundamentação teórica e metodológica comuns; adota uma abordagem sociocognitiva que não só evidencia a tarefa de indexação de assuntos na catalogação de livros por catalogadores, como também privilegia e entrelaça as diferentes visões dos usuários do catálogo, discentes, docentes, pesquisadores, bibliotecários de referência e dirigentes de bibliotecas - grupos que fazem parte do contexto sociocognitivo dos catalogadores, pois são usuários dos resultados da tarefa que realizam. Esta é uma obra de referência para os profissionais de biblioteconomia.


http://www.culturaacademica.com.br/titulo_view.asp?ID=56




Visando atender a um expressivo número de bibliotecas brasileiras que já usam a automação, além das correções normais, surgidas em uma nova edição, esta 4a. edição (2009), assim como a 3a. edição (2006) e sua reimpressão com correções (2008), aparecem com uma inversão na forma de apresentação dos exemplos. Ao contrário das edições anteriores, 1a. (2003) e 2a. (2004), que os exemplos aparecem impressos no corpo da publicação, em catalogação tradicional norte-americana e brasileira, nesta 4a. edição aparecem em Machine-Readable Cataloguing (MARC), hoje MARC 21, ou simplesmente MARC. Os dois formatos continuam juntos no CD-ROM e da mesma forma em todas as edições: reprodução da fonte principal de informação de cada item, catalogação na forma tradicional e, em seguida, no formato MARC.


http://www.amemoria.com.br



Ciência da Informação, Vol. 25, No 2 (1996)

Os sistemas de classificação bibliográfica como interface biblioteca/usuário
Maristela Cid Gigante


Resumo


As classificações refletem o contexto social no qual foram elaboradas. O contexto histórico e social no qual foram criadas tanto a CDD quanto a CDU difere do contexto histórico atual no qual se presencia infovias, redes de computadores, serviços self-service. O uso da CDD e CDU, atualmente traz implicações e gera deficiências para a interface entre sistema de informação/usuário. Nesse sentido, mecanismos e metodologias que viabilizem uma melhor inteface entre usuários/sistemas de informação necessitam ser propostos pelos profissionais da ciência da informação


http://revista.ibict.br/index.php/ciinf/article/viewArticle/436

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