Em 1983, Michael Jackson fez uma apresentação histórica num programa para TV em comemoração aos 25 anos da gravadora Motown. Michael cantou Billie Jean e deixou o mundo impressionado com sua dança moonwalk, mostrada pela primeira vez naquela ocasião. Foi nessa mesma apresentação que ele usou pela primeira vez a luva branca que se transformou em uma de suas marcas registradas - e que ilustrou a capa de VEJA logo após sua morte.
De acordo com informações divulgadas na imprensa americana, a idéia original da luva era esconder a pele manchada pelo vitiligo - doença que Michael repetidamente afirmou ter, mas que muitos não acreditaram. Depois da morte, Arnold Klein, seu dermatologista, confirmou publicamente que Michael tinha vitiligo. E agora, com a divulgação de trechos de sua autópsia, não resta dúvida: Michael tinha vitiligo. Ele deve ter se esforçado muito para não mostrar suas lesões ao público.
Estigma social
O vitiligo acerta em cheio o emocional. Apesar de se limitar a descolorir a pele e de não afetar órgãos internos, o efeito psicológico pode ser devastador. Numa sociedade que valoriza a aparência, o portador de vitiligo fica com a autoestima abalada, se sente estigmatizado.
Li um tocante relato a esse respeito, publicado no Journal of the American Academy of Dermatology alguns anos atrás. Escrito por um portador de vitiligo e de diabetes tipo I, leva o título “Lutando e Vivendo com Vitiligo”. A primeira frase é: “Vitiligo é pior que diabetes”. Embora o vitiligo seja uma questão cosmética e o diabetes tipo I seja uma séria questão de saúde, o autor sentia que a dor psicológica causada pelo vitiligo, vivida dia após dia, o massacrava. Considerando que Michael era um astro perfeccionista e obcecado pela aparência, o vitiligo deve ter desgastado muito seu lado emocional.
Os tratamentos
Vitiligo tem tratamento, mas a resposta varia entre os pacientes. Assim, há pessoas que melhoram com tratamentos à base de cremes. Nesse caso, o paciente usa cremes que controlam o sistema imunológico, como cortisona e imunomoduladores tópicos. Também existem cremes que aumentam a sensibilidade da pele ao sol e estimulam a pigmentação, chamados de psoralênicos. Outra opção de tratamento são os psoralênicos por via oral associados a banho de luz. Finalmente, existem tratamentos mais modernos, como o laser e a luz ultravioleta tipo B de banda estreita.
Quando o vitiligo acomete mais da metade da superfície da pele do portador, o tratamento muda de foco. Ao invés de se tentar escurecer as manchas brancas, o objetivo passa a ser clarear a pele não afetada pelo vitiligo. Para isso, existe um creme que destrói as células responsáveis pela pigmentação. A pele tratada com esse creme perde definitivamente sua coloração e fica hipersensível ao sol para sempre. Segundo o médico Arnold Klein, dada a grande extensão do vitiligo de Michael, foi esse o tratamento escolhido.
A luva e o leilão
A luva branca de Michael Jackson escondeu as manchas típicas do vitiligo. E esse artifício virou sucesso absoluto. A luva usada por ele na comemoração da Motown foi leiloada após sua morte. O comprador, de Hong Kong, desembolsou nada menos que 420.000 dólares pela peça de colecionador.
Por Lucia Mandel
Tags: Michael Jackson, vitiligo
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