Cérebro feminino versus masculino
quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010 | 21:28
Quando demitiram o reitor da Universidade de Harvard por ele ter afirmado que homens são mais inteligentes que mulheres, lembro que muita gente perguntou minha opinião a respeito. O que acho? Somos nitidamente diferentes. Quanto antes conseguirmos perceber isto, melhor será o nosso relacionamento e compreensão em relação ao sexo oposto. Uma coisa é certa: os homens têm uma capacidade muito maior de focar (concentrar-se) em um determinado assunto abstraindo-se totalmente do ambiente externo. Será que essa característica melhora a capacidade deles para ciências abstratas? Por outro lado, as mulheres estão geralmente mais atentas ao que acontece ao seu redor, o que pode dificultar um estudo que exige muita concentração. Mas elas conseguem fazer várias coisas ao mesmo tempo. Será isso genético ou resultado de treino? Uma experiência realizada na Finlândia mostrou resultados muito interessantes e pode ajudar a responder essa pergunta.
Mulheres são capazes de exercer múltiplas funções
Uma das nossas características, mulheres, é conseguir fazer várias coisas ao mesmo tempo. A mulher que fica em casa tem que estar atenta ao bebê que chora, à panela no fogo, ao filho de dois anos enfiando o dedo nas tomadas e assim vai. Temos que estar sempre com todos os neurônios ligados. Agora observem um homem assistindo a um jogo de futebol na TV. Ele se desliga totalmente do mundo externo. O médico e pesquisador Paulo Saldiva diz que existe um método muito simples para uma mulher anular o cérebro de um homem: basta lhe dar o controle da TV e duas latinhas de cerveja.
Genético ou ambiental?
Essa solicitação diferente já existia nos homens das cavernas. Enquanto o homem tinha que concentrar toda a sua atenção na caça a mulher precisava exercer várias funções cuidando dos filhos e da alimentação. Na vida moderna a necessidade da mulher exercer múltiplas funções só aumentou, e muito. Frequentemente com uma tripla jornada: trabalho, filhos e casa. Será que somos treinadas para isso ou temos uma maior plasticidade do cérebro?
O que mostrou a experiência da Finlândia?
Com a taxa de natalidade em queda, os governos de vários países da Europa, entre eles a Finlândia, têm oferecido benefícios para incentivar casais a terem filhos. Naquele país, os pais podem ficar 9 meses afastados do trabalho mantendo seu salário integral. Só que com uma diferença: seis meses o bebê fica só com a mãe e três meses só com o pai.
No início os novos pais ficaram apreensivos
Seriam capazes de cuidar sozinhos do bebê e dos afazeres domésticos? Será que três meses afastados do trabalho não iriam prejudicá-los na carreira? Mas não tinham muita escolha. Ou aceitavam ou perdiam esse direito. E resolveram arriscar.
E adivinhem o que aconteceu?
Os pais voltaram muito mais aptos a exercer múltiplas funções - o que lhes conferiu vantagens também no trabalho. A conclusão é óbvia. Mesmo que ao nascer tenhamos aptidões diferentes, o treino pode ser muito útil. Pergunto: será que vale a pena propormos ao nosso congresso que aprove a licença paternidade?
Por Mayana Zatz
http://veja.abril.com.br/blog/genetica/
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