sexta-feira, 5 de março de 2010
DE OLHO NELES
Homens na cama
A saúde do corpo e a temperatura das emoções têm tudo a ver com o desempenho sexual masculino. veja o que pode estimular e também atrapalhar a performance dele na hora do sexo.
Por Silvana Tavano
Desejo, ereção, orgasmo. Quem acha que essas palavras só têm a ver com sexo está totalmente enganado. A libido e a satisfação sexual estão diretamente ligadas à saúde e bem-estar do homem. Muitas vezes, o médico pergunta como anda o desejo também para avaliar o estado geral do paciente. "Quando o sexo não vai bem, é sinal de que algo está errado na parte física ou emocional", explica a psiquiatra Carmita Abdo, coordenadora do Projeto Sexualidade da USP (Universidade de São Paulo). É importante investigar não só para resolver a questão sexual, mas para descobrir se existem outros problemas. A falha de ereção, por exemplo, pode ser um aviso de que outras artérias estão sendo atingidas. "A disfunção erétil às vezes aponta que o homem tem um problema circulatório. Assim, a obstrução que aparece nos vasos do pênis pode existir também nas coronárias", explica Geraldo de Faria, presidente do departamento de andrologia da Sociedade Brasileira de Urologia.
Mas o inverso também vale. Praticar atividades físicas, preferir uma alimentação balanceada e cuidar da qualidade de vida, com mais lazer e menos estresse, são alguns bons hábitos de saúde que colaboram para que tudo corra bem no sexo. "Além disso, é importante investir no afeto, na parceria e na intimidade para manter o interesse sexual", explica o urologista Oswaldo Berg, do Rio de Janeiro. Contam pontos também a masturbação e a capacidade de fantasiar, estímulos positivos que alimentam a energia sexual.
A seguir, tudo o que pode influenciar o desempenho no sexo para melhor e para pior.
DROGAS
Segundo Oswaldo Berg, a maconha pode afetar a libido, pois influi na redução dos níveis de testosterona. A cocaína produz danos na musculatura do pênis -o uso crônico leva à disfunção erétil e a distúrbios na ejaculação. Já o ecstasy, alucinógeno comum nas baladas, funciona como excitante sexual num primeiro momento. Ainda não há comprovação de que a droga interfira na saúde, mas seu uso contínuo provoca perda de motivação geral, comprometendo o desempenho sexual.
ÁLCOOL E CIGARROS
A bebida alcoólica tem ação direta sobre o sistema nervoso central, prejudicando os reflexos. A primeira dose relaxa, mas o aumento da concentração de álcool no sangue interfere na sensibilidade. "Beber em excesso provoca diminuição da libido e da capacidade de ereção, altera a ejaculação e retarda o orgasmo", explica o urologista Berg. Já o fumo diminui o calibre das artérias, afetando os pequenos vasos que irrigam o pênis. Há estudos demonstrando que uma injeção de nicotina aplicada na veia inibe diretamente o mecanismo de ereção.
DEPRESSÃO
Segundo a psiquiatra Carmita Abdo, a perda do interesse sexual e o comprometimento da ereção são sintomas comuns em quem está deprimido. O problema pode se agravar com o tratamento, porque a maior parte dos antidepressivos também inibe a sexualidade. Na opinião dos especialistas, nesses casos o ideal é tratar antes da depressão, pois as conseqüências podem ser muito graves. "A questão sexual deve ser cuidada num segundo momento, buscando, se possível, medicar o paciente com dosagens que não afetem o seu desempenho sexual", explica Faria.
HORMÔNIOS
Diferente da mulher, o homem não experimenta uma parada abrupta da produção de hormônios. Nele, os níveis hormonais vão diminuindo gradativamente, e isso nem sempre provoca sintomas. "Apenas 20% dos homens com 55 a 60 anos acabam precisando de algum tipo de reposição hormonal", explica Geraldo de Faria.
Quando as taxas de testosterona caem -a partir dos 50 anos-, diminui o desejo sexual, mas a capacidade de ereção não é afetada. "Em cerca de 10 mil casos estudados no Hospital da Lagoa, no Rio de Janeiro, há pacientes com baixos níveis hormonais que não apresentam problemas de ereção, e inúmeros casos de DE (disfunção erétil) em homens com níveis satisfatórios de testosterona", explica o urologista Berg.
ANSIEDADE
A ejaculação precoce não é um problema físico. Todas as causas estão ligadas ao emocional, e a ansiedade costuma aparecer em primeiro lugar. "É a disfunção sexual masculina mais comum em homens jovens", diz Faria. Segundo Oswaldo Berg, a ansiedade vai aumentando quanto mais o homem se sente incapaz de satisfazer a parceira. "Não é raro que a ejaculação precoce acabe provocando a ausência total de ereção", afirma o urologista carioca.
Não existem remédios específicos para tratar a ejaculação precoce. Algumas drogas antidepressivas têm uma ação secundária, que ajuda a bloquear o reflexo da ejaculação. "Em compensação, essas mesmas drogas costumam mexer com o desejo. Por isso, o médico tem que buscar um equilíbro delicado, achando a dose que favorece o problema da ejaculação e, ao mesmo tempo, evita seus efeitos negativos sobre a libido", explica Faria.
Nesses casos, o tratamento psicoterapêutico é o mais indicado e eficaz. Com exercícios e técnicas específicas, contando muitas vezes com a participação da mulher, o homem pode recuperar a capacidade de controle sobre a ejaculação.
ESTRESSE & CIA.
Dificuldades financeiras, conflitos profissionais e problemas familiares podem comprometer seriamente a libido masculina. É comum que, em situações de estresse, o homem não sinta desejo e perca o interesse sexual, às vezes durante longos períodos.
AMOR
Paixão, intimidade e carinho são estímulos emocionais positivos. "A parte física funciona melhor quando existe uma ligação afetiva com a mulher", diz o urologista Faria. A ereção é desencadeada pelos neurotransmissores, substâncias que dependem de estímulos neurológicos. "Por isso, quanto maior o estímulo emocional, melhor será a resposta do pênis."
IDADE
À medida que envelhece, o homem têm mais chances de ter falhas de ereção, e não só por questões hormonais. Segundo Carmita Abdo, aos 70 anos, 12 a cada cem homens apresentam a chamada falha completa. Por outro lado, o urologista Geraldo de Faria afirma que existem homens com 80 anos que ainda têm alguma atividade sexual. "Há um envelhecimento do pênis, como em todo o corpo, mas, ainda assim, eles conseguem ter ereção."
OS NÚMEROS NO BRASIL
Dificuldade na ereção e ejaculação precoce são os fantasmas que rondam o imaginário masculino. E esses realmente são os problemas mais comuns nos consultórios. A pesquisa publicada no livro "Descobrimento Sexual do Brasil" (Summus Editorial, 143 págs., R$ 32), coordenada pela psiquiatra Carmita Abdo, revela que 45,1% dos brasileiros que têm entre 18 e 80 anos sofrem algum grau de disfunção erétil. "Isso significa que um a cada dois homens não está satisfeito com a própria ereção", explica a médica. Desse total, 31% consideram ter uma disfunção "leve". Para 12%, o problema é "moderado" e, para quase 2%, a falha de ereção é total.
ATENCÃO A ESTES SINAIS
Falhas esporádicas de ereção e ansiedade com a ejaculação são sintomas que precedem a disfunção erétil e a ejaculação precoce. "Quando um homem jovem falha é preciso investigar outros aspectos", explica Carmita Abdo. Segundo a médica, nesses casos o problema quase sempre tem ligação com as emoções. "A falta de experiência e a ansiedade diante de uma mulher que, talvez, tenha sido muito desejada... Essas situações influem e podem prejudicar o desempenho na hora H", explica a psiquiatra.
REMÉDIOS
Desde que surgiu, em 1998, o Viagra fez mais do que recuperar a performance masculina. "Os homens hoje sentem-se mais à vontade para discutir o problema e buscar tratamento", diz o urologista Berg. Na prática, tanto o Viagra quanto o Ciallis e o Levitra agem sobre a disfunção depois de um breve período de absorção. "Alguns são mais lentos, mas todos os medicamentos do gênero devem ser ingeridos pelo menos 1 hora antes da relação sexual", explica Geraldo de Faria. Só depois desse período é que a droga obtém uma concentração que a torna 100% eficiente. Segundo Carmita Abdo, as drogas combatem o sintoma, mas a médica adverte. "Em todos os casos, é importante procurar um médico. Ele é que vai prescrever o remédio e também investigar a causa da falha."
A princípio, todas essas drogas são seguras e têm poucos efeitos colaterais: dor de cabeça, rinite, obstrução nasal e, às vezes, sensação de calor no rosto são os mais comuns. A única contra-indicação é para quem já toma determinado tipo de medicação para o coração, à base de nitratos.
Existem situações, porém, em que os remédios não funcionam. "Quando a parte circulatória do pênis está muito comprometida, o paciente precisa de outros tratamentos. Podem ser injeções locais, que promovem a ereção, ou até a colocação de próteses penianas", explica o urologista Faria.
OBJETO DE DESEJO
A mulher continua sendo o principal motivo da excitação masculina. Sem atração física, nada acontece. "Os homens, em geral, escondem de suas parceiras que estão tomando o remédio, preocupados com a possibilidade de elas acharem que a ereção só acontece por causa da droga. Mas a verdade é que, se o homem tomar um Viagra e não houver estímulo, também não haverá ereção", afirma Faria.
OS REMÉDIOS NÃO ATUAM SOBRE A LIBIDO. O DESEJO SÓ NASCE QUANDO HÁ ATRAÇÃO POR UMA MULHER
ADITIVOS
O uso de remédios que garantem a ereção se espalhou também entre jovens saudáveis, entrando num coquetel que mistura álcool e outras químicas para turbinar o desempenho sexual. Esses usuários fazem parte dos mais de 30 milhões de homens no mundo que tomam Viagra -hoje o consumo deste remédio gira em torno de 1 comprimido a cada 4 segundos. Sem contar seus similares, o Levitra e o Ciallis.
Na opinião de Carmita Abdo, o homem que busca o remédio mesmo quando não tem qualquer problema de ereção costuma apresentar uma personalidade insegura, competitiva ou muito ansiosa. "É como se ele precisasse provar para si mesmo e para a parceira que consegue mais, que seu desempenho é melhor", explica. O efeito, nessas situações, é um pouco diferente: o medicamento torna o homem apto a ter uma segunda relação em menos tempo.
Mas o tiro pode sair pela culatra. "Os jovens que usam o remédio sem necessidade, só pela expectativa de incrementar a performance, muitas vezes criam uma dependência psicológica. Depois de um certo tempo, começam a achar que seu desempenho não será igualmente bom sem o comprimido", explica Geraldo de Faria.
AFRODISÍACOS
Ginseng, vitamina E, ovo de codorna, amendoim e cerveja preta: não existe comprovação científica de que esses e outros ingredientes favoreçam o apetite sexual e a capacidade de ereção.
http://revistamarieclaire.globo.com/Marieclaire/0,6993,EML1080161-1743-2,00.html
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