07/08/2009 - 23:48 - Atualizado em 08/08/2009 - 20:41
Alimentos que correm risco de extinção
Laura Lopes
O lardo di Colonnata, uma espécie de bacon da Itália, quase foi extinto e hoje é tão famoso que já chegou a sofrer falsificação. O queijo cheddar da Inglaterra não chegou a ser falsificado, mas seu método de produção foi totalmente desvirtuado pela indústria de laticínios. A receita original, feita artesanalmente, resulta num produto curado e amarelo claro, que em nada lembra o queijo alaranjado que vemos nos refrigeradores dos supermercados. Esses são dois exemplos de alimentos tradicionais específicos de uma determinada região do mundo que foram "salvos" pela Slow Food Foundation, depois que entraram na Ark of Taste (Arca do Gosto). "A ideia da Arca era fazer um catálogo e chamar a atenção para os produtos que estão desaparecendo", diz Mariana Guimarães Weiler, que representa a América Latina no escritório da Slow Food na Itália.
A entidade criou uma lista com alimentos de 48 países (que só tende a crescer), que leva em conta cinco questões centrais. A primeira é a questão sensorial: o produto tem que ter característica ou sabor muito particular. A segunda, a ligação intrínseca com o território e a memória da população onde é produzido, além de ser diferente também pelo solo e clima regionais. A terceira, ser produzido de modo sustentável. A quarta, ser feito em quantidade limitada, por pequenos produtores, e, por fim, que haja algum risco de extinção.
Qualquer produto pode se tonar candidatado a entrar na Ark of Taste, mas passa pelo crivo de uma comissão formada por cientistas, agrônomos, gastrônomos e jornalistas. Há 13 produtos brasileiros na Arca, e mais oito devem entrar até o meio do segundo semestre. Entre os que já foram escolhidos, estão o palmito juçara, o pirarucu, a castanha de baru e o caranguejo aratu.
Desde seu lançamento, em 1996, a Arca já recebeu mais de 500 produtos – da torta de vitela de Maastricth, na Holanda, aos doces de umbu do Brasil e o pão Kalakukko, da Finlândia. Mas a Slow Food Foundation queria mais. "A Arca não oferecia contato direto com a produção, é apenas um catálogo", afirma Mariana. Assim nasceu o projeto das Fortalezas (Presidia). "Precisávamos fazer algo a mais para apoiar esses produtores de maneira mais efetiva", diz. No Brasil, há nove Fortalezas ativas, que envolvem desde o trabalho de produção até a promoção dos alimentos. "Se o produtor não souber levar o contato (comercial) adiante, todo o nosso trabalho se perde", afirma Mariana. Segundo ela, às vezes a organização precisa até avisar aos produtores que, em feiras, é necessário levar cartão de visita, ter sempre uma caneta à mão, entre outros detalhes básicos. Confira, no mapa abaixo, alguns alimentos que foram salvos pelo trabalho das Fortalezas.
13 produtos brasileiros na Arca:
Berbigão 169
Cagaita 159
Cambuci 174
Licuri 145
Mangaba 166
Ostra de Cananéia 158
Pequi 159
Néctar de Abelhas Nativas 125
Pinhão 578
Aratu 569
Arroz Vermelho 2830
Babaçu 3926
Bergamota Montenegrina 2870
Farinha de Batata Doce Krahô 2609
Marmelada de Santa Luzia 3162
Pirarucu 3878
Umbu 1925
Palmito Juçara 1997
Guaraná Nativo Sateré-Mawé 2052
Feijão Canapu 1986
Castanha de Baru
Fortalezas no Brasil:
Fortaleza do Aratu 1299
Fortaleza do Pinhão da Serra Catarinense 1429
Fortaleza do Arroz Vermelho 3390
Fortaleza do Palmito Juçara 3174
Fortaleza do Guaraná Nativo Sateré-Mawé 3093
Fortaleza do Feijão Canapu 2777
Fortaleza da Castanha de Baru 4315
Fortaleza do Umbu 3822
Fortaleza do Néctar de Abelhas Nativas 2909
Produtos do Brasil na Arca do Gosto ( 21 itens )
http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI86925-15257,00-ALIMENTOS+QUE+CORREM+RISCO+DE+EXTINCAO.html
http://www.slowfoodbrasil.com/content/category/6/19/60/
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